Capítulo 81: Choro de bebê!

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Stela

Eu caminhei de um lado para o outro me sentindo ansiosa, apesar de não conhecer aquelas pessoas direito, eu conseguia imaginar a sua dor...

Ter perdido o Erick foi sem dúvida foi uma das coisas mais dolorosas que podia acontecer comigo.

Passei os últimos anos imaginando que talvez um dia, ele se daria conta de que o Rick era o seu filho e daria pelo menos um abraço apertado no pequeno...

Depois que o meu filho nasceu a maior fantasia da minha vida era que ele fosse um pai presente.

-Eu conversei com o Thomas essa manhã... - A voz do Nick me tirou dos meus devaneios: - Você pode trazer o seu bebê aqui pra casa e ficar aqui.

-Alguma notícia?

-Não. A Kate disse que vai me ligar assim que chegar ao hospital.

-Quanto sofrimento! - Eu passei a mão pelo rosto só de imaginar a agonia que deveriam estar sentindo.

-Quer ir buscar o seu bebê agora?

-Tudo bem.

Eu nunca tinha me sentido fazendo parte de uma família de verdade. Minha mãe estava muito doente e o Pablo se esforçava para cuidar dela, mantendo-a em uma casa de repouso para idosos.

Eu não tinha nenhuma boa memória como filha. Quando pequena minha mãe trabalhava para manter a casa quase o tempo inteiro.

A minha irmã pequena agora estava na casa do pai. Um bom homem por sinal que teve o azar de se envolver com a minha mãe, uma mulher que jamais deixaria a vida de garota de programa para ser uma esposa de família.

Eu e o Pablo havíamos tido bons tempos como irmãos tentando vencer o mundo, mas isso foi praticamente antes da nossa irmã nascer.

Quando me apaixonei pelo Erick ele se revoltou comigo, disse que eu preferia dormir com o inimigo a ter uma vida digna.

Depois nossa relação foi marcada por interesses financeiros e planos de vinganças que nunca nos levaram a lugar nenhum.

E por mais que aquelas pessoas daquela casa, tinham uma história tão conturbada como a minha, eu ainda sentia inveja... Eles pareciam uma família.

-Qual a pegadinha? - Perguntei ao Nick dentro do carro.

-Pegadinha?

-Não faz o menor sentido, tudo isso que está acontecendo comigo e com a Chloe... Agora, estou indo buscar o meu filho para trazer de forma espontânea para essa casa... Estou imaginando o momento em que vão colocar uma arma na minha cabeça e me matar.

- Sempre espera o pior das pessoas? - A pergunta soou um tanto reflexiva e eu me senti incapaz de responder. Analisando o meu histórico, de fato sempre esperei o pior das pessoas.

-A Chloe e o Thomas estão juntos?

-Sim.

-Eu nunca teria trocado o Erick... - Minha frase expressou um pouco do meu rancor por tudo o que aconteceu.

- Talvez você também deva seguir em frente, Stela. É uma muito bonita, sua vida não acabou só porque o seu ex foi embora,

- Eu tenho um filho, Nick.

- E por isso você vai desistir da sua própria vida? Não vai aproveitar nada? Um dia, vai ver o seu filho se casando e seguindo seu próprio caminho... E então vai sentir saudade de ser a mulher que você é hoje.

- E qual é o seu conselho?

-Viva a vida Stela, sei lá... Faça aula de danças, descubra como fotografar pessoas ou simplesmente dance na chuva quando sentir vontade. Existem muitas coisas que uma mulher pode fazer sem precisar de um homem.

-A vida pra você parece tão fácil.

-Sim. É sim. Ou você está vivo ou você está morto. E você está viva- Ele abriu um sorriso e quase me fez sorrir também.

-Você o conhecia?

-Sim, mas não o bastante para chorar a morte dele. Eu sempre fui amigo do Tom, então não tivemos muita aproximação... Sabe, Stela... Eu olho para Chloe e vejo uma mulher que, até poucos dias, não tinha para onde ir, hoje ela tem dinheiro e alguém que a ama, mas, ainda sim... Sofre com questões do passado.

-Talvez seja, porque o Tom, nunca vai ser o Erick. - Eu provoquei com o meu comentário.

-Nossa! Você não conseguiu esquecer mesmo, hein!

-Eu já aceitei que nunca mais vou ser a garota dele outra vez... Mas, não significa que não tenha sido bom enquanto durou.

Ele abriu um sorriso sarcástico como se tivesse pensado em algo cruel, mas se controlou então olhou para a estrada e sorriu.

-E você? Qual a sua história?

-Fui o garoto mais bonito do hospital que eu nasci e desde então tenho arrasado corações por onde passo, exceto das apaixonadas por homens que não vou voltar...

-Seu... - Contive uma crise de riso. - Eu sou mais apaixonada pelo Erick, Narciso.

-Você conhece a lenda do Narciso?

-É claro que sim, eu sei ler... Sua visão sobre mim parece tão limitada.

-Stela, você não sabe qual a minha visão sobre você...

Ele estacionou em frente ao endereço que eu havia entregue para ele.

-Espere aqui. - Pedi para ele.

-Eu vou com você. - Insistiu.


Eu mantinha o meu filho aos cuidados de uma duas irmãs que precisavam do dinheiro para manter parte da faculdade de uma delas. Eram simples, pobres... E moravam em um lugar bem delicado. Mas, eu precisava trabalhar.

Muitas pessoas estão longe de entenderem os desafios para ser mãe solo de uma criança pequena, mas eu sabia da pele que aquela vida era a única que eu podia oferecer para ele.

Batemos algumas vezes na porta e a moça abriu com um sorriso no rosto segurando meu pequeno nos braços.

-Ma mã... - Ele estendeu os bracinhos e eu o peguei no colo segurando em meus braços.

-Imaginei que talvez estivesse trabalhando a noite inteira... - A moça olhou para o Nick e por um minuto tive a impressão de que ela pensou que fosse meu cliente.

- A criança vai passar uns dias conosco...

-Eu ainda preciso acertar... Vou precisar do dinheiro para pagar o boleto na sexta-feira.

O Nick se prontificou: - Por favor... Eu vou acertar com você agora mesmo!

Eu segurei o meu pequeno nos braços e olhei ao redor... Será que ele teria uma vida melhor que a minha?

Dei um beijo no seu rosto e deixei as lágrimas rolarem pela minha face.

-Vamos ir a um supermercado... Quero que você pegue, essas coisas que uma mulher precisa para cuidar do filho. Fralda, leite... Eu não entendo muito bem.

Uma parte dentro de mim estava sentindo uma grande esperança... Mas, ao mesmo tempo, tudo era tão incerto.

Caminhamos pelo corredor do supermercado, vez ou outra o Nick brincava com o meu filho e me dava a impressão de que ele levava jeito com as crianças.

-Vamos parar em algum lugar e comer alguma coisa... - Ele estendeu os braços e pegou o Rick no colo.

-Tudo bem.

-Muito lindo o seu filho, senhor... - O comentário da idosa que passava por nós o congelou, ele não soube como agir e quando a resposta sumiu de sua boca... Ficou em silêncio.

-Me desculpe por isso.

Ele abriu um sorriso. - Você fica bonitinha pedindo desculpas, Stela...

Almoçamos em silêncio. Em parte eu me sentia em dívida com ele. Com todos eles. O Rick não o deixava em paz, bagunçava o cabelo dele toda hora. Era de certa forma divertido de assistir.

O telefone tocou e ele congelou a face ao atender: - Eu sinto muito! - Sussurrou.

Desligou o telefone. Me olhou nos olhos: - Stela, John Walker está morto. 

Aliança PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora