Capítulo 83: Nascente de um rio!

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Thomas

O Nick tinha razão, trazer uma equipe para cuidar da casa, me trouxe uma grande sensação de segurança.

Os dias estavam mórbidos, era estranho lidar com aquela situação. Havíamos conversado sobre a possibilidade de voltar para a mansão, mas seria difícil se adaptar em um lugar com tantas lembranças.

Havíamos sumido da mídia, depois de uma matéria que contava a história da ruína da família Walker e por hora o silêncio era predominante.

A Chloe estava sentada na varanda com um livro nas mãos... O sol batia em seus cabelos castanhos dando uma leve impressão de que eram ainda mais claros...

Eu não sabia o que seria do nosso futuro, mas tinha a impressão de que todos aqueles acontecimentos haviam nos distanciado emocionalmente.

Era estranho pensar sobre a morte de meu pai. A última vez que ele conversou comigo, deixou claro que me considerava um traidor por ter se voltado contra a família e o Erick, eu precisava repensar em tudo de errado que ele havia feito, para não me sentir culpado por ter beijado sua garota.

Eu recebi uma mensagem de que os seguranças ao redor da casa haviam observado um movimento estranho ao redor da casa. Eu desci entre a mata em direção a um velho galpão no meio da mata onde parte dos homens estavam.

-O que vocês viram? - Perguntei para um dos seguranças armados da casa.

-Vocês todos estavam sendo vigiados... Tinha um homem entre a mata, estava atento a tudo... Quando o pegamos disse que era ornitólogo que estava pesquisando um pássaro raro na região, mas me pareceu muito suspeito.

-Onde ele está?

-Preso no galpão. - Ele fez um gesto com a cabeça.

-Bom trabalho.

Eu empurrei a porta velha de madeira e com força e senti o meu coração disparar dentro do peito:

-Érick...

-Irmãozinho... Na verdade, eu esperava um: que bom que você está vivo! - Ele abriu um sorriso.

-Como? Eu não entendo!

-Foi a mamãe... Ela fez de tudo para me tirar de lá. Até mandar incendiar aquele caminhão com os presos para me tirar de lá... Eu consegui um passaporte e tudo para começar uma vida nova.

-O que está fazendo aqui? Se você tem a chance de recomeçar a vida, o que está fazendo aqui? As pessoas estão chorando a sua morte Erick...

-Eu lamento muito pela morte do papai. Eu soube! - Ele abaixou o olhar e mexeu nos grandes cabelos loiros... Estava diferente.

-Você ainda não me respondeu. Ornitólogo? Agora o seu novo fetiche é viajar para a minha casa? Aliás, como soube onde eu estava?

-São muitas perguntas irmãozinho... Vai com calma! Eu fui até a mansão, mexi nas suas coisas e me lembrei dessa casa que havia comprado para morar com a Jussara. Eu vim ver... Antes, esses brutamontes me pegaram e me jogaram aqui. Tá fugindo da polícia?

-Eu temo pela vida das pessoas que eu amo, estou nos protegendo da Agência. - Ele abriu um sorriso sarcástico assim que me ouviu falar.

-A Agência é uma grande mentira criada pelo papai para te manter no lugar. Olha, quando fecharam a agência, o papai ficou com o equipamento e colocou um fim em tudo... Ninguém vai vir atrás de você, para te matar... Encerrou. Inventar que você corria risco de vida, foi a estratégia para garantir que iria te controlar... E veja só, ele conseguiu.

-Como pode saber disso? Você também tinha medo...

-A mamãe me contou tudo. Essa invenção é para te manter preso a uma situação. Você está vivendo uma mentira. Mesmo morto, o John ainda controla você... - Ele me olhou nos olhos. - Tom... A Izabel me enviou uma carta, quer se encontrar comigo em Milão daqui a um mês. Eu não sei onde ela está, nem o que está fazendo. Mas, sei que não é bom. Pra ela conseguir o que quer de mim, vai usar tudo aquilo que eu amo contra mim... A Stela, meu filho... A Chloe.

-Erick...

-Me deixe ficar aqui. Só preciso que me traga comida, um cobertor... Eu vou embora. Eu quero sumir. Mas, não pude imaginar que essas pessoas estariam correndo perigo... Eu não tenho para onde ir.

-O que acha que a Izabel quer?

-Eu não faço ideia. Nossa mãe sempre agiu como uma louca... Ela me tirou tudo. Mas, enquanto meu filho ou a Chloe tiver ao alcance dos olhos dela, vai conseguir o que quiser de mim. E se eu encontrei vocês... Ela também vai. Está puta da vida, de ter feito tudo para conseguir dinheiro e acabou ficando sem nada. Para piorar, os jornais estão destruindo nossa família.

-Eu estou cuidando da Stela, do Rick, Chloe... Da Kate. Você não tem com o que se preocupar.

-É claro que está. Na primeira oportunidade que você teve... Levou a minha garota e até o meu filho. Você levou a minha família... Mas, eu não acho que tenha a capacidade de proteger todos eles.

-Não me provoque seu...

-Como se sente sabendo que eu não estou morto? O alívio foi embora?

-Não diga isso. Você é um filho da puta, mas eu não te quero morto... Quanto tempo quer ficar?

-Eu quero uma comida, um lugar bom pra descansar. Eu tenho um celular descartável, vou tentar falar com a Izabel... Depois, você vai me ajudar a chegar até o aeroporto e eu vou comprar passagem para um lugar onde ninguém possa me encontrar. Por favor!

-Nem pense, em ir até casa... Nem pense em importunar as pessoas que estão lá...

-Tudo bem irmão, eu estou morto!

Eu voltei para trás. Entrei para dentro da casa pela varanda: - Eu terminei o livro. É uma história triste... Onde você estava?

-Os homens encontraram uma nascente de um rio no quintal e eu fui até lá para ver...

-Eu posso ver também?

-Amanhã. Amanhã querida!

Aliança PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora