"Tu não és meu primeiro amor... Outra vez me entreguei, conheço as cicatrizes que ostento. Senti a agonia novamente, conheço a dor que ela traz... E, após jurar que nunca mais me entregaria, eis que te apresentas..."
Capítulo 50
Cozinhar era um de meus hobbys favoritos, apesar de que fazia muito tempo que eu não colocava a mão na massa. Entrei na cozinha e peguei todos os ingredientes que precisava para preparar um bom jantar. Por um minuto me lembrei da última vez que quis impressionar uma garota mostrando minhas habilidades culinárias, e por mais irônico que fosse, havia sido ali dentro daquela casa. Aquela lembrança me fez querer ir embora, sempre que eu podia fugia de meu passado e tentava me esquecer das dores que carregava comigo.
Eu não tinha muita ideia do que a Chloe gostava de comer. Então decidi preparar para ela um de meus pratos favoritos.
Quando a comida ficou pronta, decidi chamá-la para comer. Abri a porta e ela se assustou. Os olhos azuis olharam para mim como se ela estivesse aterrorizada com alguma coisa. E eu me senti péssimo por ter habilidades sociais tão limitadas, quem me dera ter o poder de acalmá-la.
-Eu não queria assustá-la. Vim chamá-la para jantar.
-Eu não quero comer. - Perfeitamente compreensível, ela havia sido sequestrada, mantida em cativeiro, torturada emocionalmente...
-Eu preparei algo para comer. Se sentir fome, é só falar.
Ela abriu um sorriso doce e por um minuto acalmou meu coração, ela ainda a mesma garotinha que eu conhecia: - Thomas Walker cozinhou para mim? Me sinto honrada... E não perderia isso por nada. - Sorriu, se esforçando para levantar da cama. Como podia ser tão fofa.
Ela me seguiu em direção a cozinha em passos curtos. Notei que estar sozinho com ela me causava hesitação, eu não sabia como agir. Não tinha ideia do que falar, muito menos de como tornar o ambiente menos tenso.
-Eu não sei se você gosta de sopa, na verdade eu não gosto muito de sopa. Mas, não queria preparar alguma coisa que pudesse lhe fazer mal, amanhã prometo lhe preparar um almoço adequado. Eu fiz uma sopa chamada Minestrone, é um preparo italiano, espero que goste.
Ela sentou-se na mesa, pegou a colher e levou a sopa à boca: - É perfeito!
Ela deu outra colherada e ficou em silêncio novamente. - Eu não sei como agir. Sinceramente, eu não sei. - Falei um pouco sem pensar, mas confessei o que estava sentindo.
-Já passou por uma situação onde as palavras de alguém ficam ecoando na sua cabeça como se fosse uma bomba que vai explodir e te deixar em pedacinhos? - Perguntou. - Porque eu não sei exatamente qual a pior parte da minha vida agora. Eu não sei exatamente por qual razão eu tenho vontade de chorar... Eu nem sei se consigo chorar. - Ela colocou outra colher de sopa na boca. - Eu perdi os meus pais, Thomas... Eu sonhei tanto por uma família e quando eu consegui eu os perdi.
-Eu não entendo o que é perder os pais, nem como é se sentir sozinha em uma família com costumes diferentes dos seus. Ou o que é ser...
-Sequestrado? - Ela perguntou: - Pensei que essas coisas só aconteciam em filmes... E olha para mim agora? - Ela passou as mãos no cabelo tirando os fios do rosto: - Eu sempre tive a Julie como se fosse minha irmã e ela me disse que eu devo agradecer pelo Erick ter se interessado por mim, porque vocês são muito mais do que eu jamais serei. E isso... Isso me fez pensar que você tinha razão o tempo todo. Eu deveria ter escutado os seus conselhos e ter me afastado disso tudo.
Eu segurei em suas mãos e encarei os seus olhos: - Nunca deixe outra pessoa dizer como você deve viver a sua vida ou outra pessoa dizer qual o seu valor. Eu estava errado. Eu nem sei como lhe pedir para me perdoar.
Ela sorriu. Um sorriso doce... Terminou de tomar a sopa e me olhou... Eu precisei conter um sorriso nos lábios. O que estava acontecendo comigo...
-A Julie tem inveja de você, não por estar noiva do idiota do Erick... Mas, porque você ilumina o ambiente onde está e consegue fazer até um pessimista como eu ter esperança na vida. Não se trata do dinheiro, trata-se de ser o que muitas pessoas podem passar a vida tentando e nunca vou seguir. E eu te admiro por isso. - Outro sorriso surgiu nos seus lábios, enquanto eu vi suas bochechas ficarem rosas.
-Eu acho que viramos amigos... - Ela ponderou.
-Esse é o momento que eu te peço para ir dormir mocinha...
-É. Está tarde.
Ela levantou-se da mesa e me deixou pensativo. Olhei novamente ao redor... Eu podia sentir aquele cheiro diferente, que tanto me aguçava as lembranças do passado. Mas, eu não estava pronto para mergulhar em coisas que queria deixar para trás.
Eu precisava ver se ela estava bem, ou saber se ela precisava de alguma coisa.
Ela estava sentada na cama com os olhos dispersos.
-Thomas... Por que aquelas pessoas fizeram essas coisas comigo? - Eu sabia que ela queria conversar a respeito, ela precisa disso.
-São pessoas ruins Chloe, fazem maldade o tempo todo.
- Mas, eu sei que tem um motivo. Ela me disse muita coisa. O que eu fiz para ela?
Fiquei em silêncio. Não tinha o que responder a ela, por mais que ela merecesse saber, esse não era o momento para jogar nenhuma culpa sobre o homem que ela amava : - Eu não quero ser ingrata... Só não consigo entender... Porque você está comigo? Porque não é o Erick que está aqui? – Eu não tinha as respostas certas para dar a ela.
- Eu não agi da melhor maneira... Porque eu te tirei de lá. E digamos... Que o Erick sempre faz tudo certinho e estava esperando a operação da polícia. - Droga! Eu odiava mentir para ela. - Mas, fique tranquila. Imagino que esteja incomodada em ficar sozinha aqui comigo, não vou lhe fazer mal... Posso pedir a uma amiga para vir ficar contigo e amanhã eu te levo de volta.
Era tudo o que eu podia dizer.
-Thomas.... - Suas mãos pequenas seguraram a minha e ela me olhou com aqueles olhar: - Fique aqui comigo, não vá.
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Aliança Perigosa
RomanceAliança Perigosa "A Noiva do Meu Irmão" Em seus devaneios mais românticos, jamais imaginara que o destino reservaria uma trama tão intrincada. Um amor inocente, tão puro quanto a aurora, agora se desdobra em uma teia de perigos imprevistos. Um noiva...