Capítulo 74: Tragédias que nos perseguem!

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Hoje eu sinto que parte de tudo o que te aconteceu... É culpa minha!


Capítulo 74: Tragédias que nos perseguem

Chloe

Eu olho o meu rosto do reflexo do espelho do banheiro... Me sinto estranha. Eu não sinto nada.

O homem que me fez sofrer acabou de morrer e eu não sinto nada.

-Droga! - Eu solto um xingamento desesperada por algum tipo de emoção.

Escuto algumas batidas na porta. O Tom está perguntando por mim. O irmão está morto e ele está preocupado comigo. Que mundo louco eu estou vivendo?

Por um minuto me ocorre ser a responsável por tê-los afastado.

Nesse momento eu não quero ver ninguém. Eu fecho os olhos buscando alguma emoção dentro de mim... E ela vem...

O Erick está vestido com o paletó azul marinho. Ele abre um sorriso para mim segurando em minha mão. Naquele momento não tenho palavras para descrever minhas emoções. É a primeira vez desde que Jordan e Helena se foram que eu estou sorrindo. Estou sorrindo de verdade... Ele beija a minha mão com delicadeza e seus olhos azuis encontram-se com os meus. Naquele momento sinto a paz e esperança me invadir...

- Eu quero te ter na minha vida, de verdade menina. - Ele sussurra. Sinto meu coração palpitar dentro do peito. - Eu estou apaixonado por você. - A forma como as palavras saem da sua boca o faz parecer tão sublime.

As lágrimas escorrem de meus olhos sem parar. Dou um soco com força no espelho tentando me controlar: "Você não podia ter morrido, seu infeliz." - Soluço. Um pouco sem ar. O sentimento que eu tenho dentro do peito é desesperador. Uma sensação completamente enlouquecedora. Porque estou de luto por ele? Eu o odeio! Deveria estar sorrindo, não deveria?

Naquele momento me pergunto como a Kate deve estar... Seu irmão mais próximo faleceu. Ela deve estar arrasada! Limpo os meus olhos com as mãos. Jogo um pouco de água no rosto e abro a porta. O Tom está do lado de fora esperando por mim, a rigidez de sua face me assusta.

-Ele... Ele morreu Tom. - Sussurro. - Seu irmão está morto! - Aumento um pouco a minha voz.

-Fique calma, querida!

-Você não entende, não é? O Erick morreu! Ele não podia ter morrido agora Tom. Ele tinha que sofrer... Ele tinha que entender que.... Você me entende, não é?

Ele tocou-me o rosto e olhou em meus olhos: - Chloe...

-Você não sente nenhum arrependimento? O seu irmão morreu. E você está aqui com a garota dele. E se formos amaldiçoados? - Pergunto alterando a voz.

O Nick caminhou em nossa direção. - Tom, você precisa ver como a Kate está! Ligue pra ela... Sua irmã precisa de você nesse momento.

O Tom me olhou mais uma vez... Não sabia exatamente como agir. Ele deu um beijo em minha testa: - Quer ir comigo? - Perguntou.

-Eu não quero pisar naquela casa tão cedo.

Ele não diz nada. Parece perturbado e eu o entendo: Seu irmão está morto. Ele vira-se de costas e nos deixa ali... O Nick segurou-me pelo braço, parecia compreender o que eu estava sentindo: - Quero que venha comigo em um lugar...

Eu fico em silêncio. Confio nele. Deixo que ele me guie para dentro do carro... Não existem palavras que possam expressar os meus sentimentos, a minha dor, meus medos... Eu devia estar feliz, porque não estou?

...

Kate

Passei os últimos dois dias escutando meus pais discutirem sobre como tudo iria acontecer... O meu pai agiu com extrema inteligência em passar a casa para a Chloe como um presente, tirando do seu nome parte da fortuna e deixando minha mãe igualmente pobre. Passei os últimos dois dias imaginando como seria a minha vida depois que ela fosse embora para a Europa.

Ela havia ido embora... Havia nos deixado. Agora meu pai bebia até cair dentro de seu escritório e eu lidava com o fato de que o Erick havia morrido, enquanto analisava o teste de grávidez em cima da cama.

A quase duas horas não penso em outra coisa a não ser chorar... Chorar e chorar. Disco o número da única pessoa em que consigo pensar nesse momento:

-Pablo... Eu preciso de você! Eu preciso muito de você... - Praticamente imploro para que ele me escute.

-Fique calma branquinha... - Escuto sua voz do outro lado da linha: - Eu estou indo...

Pela primeira vez na vida me sinto livre para sair da mansão sem me preocupar com tantas regras de proteção. Afinal, quem vai querer sequestrar alguém falido?

Sinto o seu abraço me envolver em um aperto reconfortante. As lágrimas escorrem de meus olhos e eu não consigo me controlar... -Você não está sozinha, estou aqui com você. - Sussurra em meu ouvido, antes de dar-me um beijo no rosto.

-Eu preciso conversar...

Ele abre a porta do carro e se senta no banco do motorista. Eu fico em silêncio vendo ele acelerar pela rua escura... Não tenho para onde ir. Ele é a única pessoa que eu tenho.

-Vai ficar tudo bem, princesa... Eu sinto muito!

-Pablo... - Sussurro: - Eu sei que não é o melhor momento para lhe fazer essa pergunta, mas eu gostaria muito de saber: você ainda tem algum sentimento por mim?

Ele não responde. Os olhos estão focados na estrada. Sinto o cheiro forte de seu perfume me envolver...

-Me responda, por favor.

-Kate, eu nunca te esqueci. - Ele fala! E eu sinto um pouco de emoção em sua voz: - Mesmo que o tempo tenha passado, eu nunca te esqueci. Mesmo com tudo o que o Erick fez com a minha irmã, eu nunca te esqueci.

- Erick já pagou pelos pecados dele. - Limpo uma lágrima dos meus olhos: - Todos se foram... Eu só tenho você...

-Você me dispensou! E agora que não têm mais ninguém quer voltar comigo? - Sinto a irritação em sua voz. Ele está magoado.

-Eu preciso de você, Pablo! - Sussurrou. - Eu preciso muito de você. - Limpo as lágrimas de meus olhos: - Nosso filho precisa de você!

Escuto uma leve gargalhada... Ele parece ter ficado descontrolado com a informação repentina. - Filho? Você não dorme comigo já tem meses...

-Pablo, estou grávida de dois meses. Você foi o único homem que eu tive em toda a minha vida.

Ele acelera. - Está ficando louca! - Grita. - Pensa que vai me enganar? Agora que seu irmão morreu, quer alguém pra te sustentar. Não é?

-Eu juro que...

-Cala a boca! Você deve ter engravidado de outro e agora quer jogar a culpa em cima de mim

-Eu nunca... - Vejo a luz vir em minha direção. O barulho do Impacto e tudo se escurece. Sinto o formigamento em minhas mãos, eu não consigo falar. Minhas vistas se escureceram. Eu sinto frio, muito frio. Ouço a voz do Pablo me chamando, mas não consigo responder. Sinto o seu toque... Ele me pegou em seus braços. Neste momento eu penso em nosso filho. Será que ele está bem? Eu quero falar... Eu preciso falar, que ainda estou viva. Sinto um frio congelante, ouço um grito de desespero. Ouço o barulho do motor do carro se afastando de mim. Será que ele vai me deixar ali, será que ele foi mesmo embora? Sinto muito frio e tudo se apaga.

Aliança PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora