Capítulo 75: Levado pela água!

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Essa vida está muito longe de ser a vida que eu sonhei.

Capítulo 75: Levado pela água!

Chloe

O Nick estaciona no meio do nada. Eu abro a porta do carro e desço... A primeira coisa que sinto é a areia tocar os meus pés e o som do mar. Naquela noite em particular, tudo parecia assustador. O vento forte toca o meu corpo e eu encaro a imensidão. Não entendo o que estamos fazendo ali... Mas, acompanho o Nick em direção a água:

-Quando o meu pai se foi... Eu não pude me despedir. Lembro-me que naquela noite, minha mãe me levou até a praia e disse se eu conversasse com a praia, ele me ouviria... Eu acho que você precisa se despedir. - Ele caminha alguns passos para trás e me deixa ali... Olhando para as ondas no mar.

- Quer que eu converse sozinha com a água? - Pergunto um pouco abismada com aquela possibilidade. - Como isso poderia resolver o meu problema.

-Confia em mim! Você precisa falar... Se soubesse o quão curativo é... Já estaria conversando. Eu vou te esperar ali... - Ele aponta para a estrada...

Eu fico descalça e coloco os pés na areia "O que eu diria ao Erick se tivesse uma última chance?"

-Você não podia ter ido embora... - Grito: - Você tinha que ficar aqui. Porque você me devia uma explicação. Erick, eu amei você... Eu amei tanto você que estava disposta a passar o resto da minha vida com você. Eu não sei se você foi a melhor ou a pior coisa que me aconteceu... - Grito sentindo as lágrimas escorrerem de meus olhos: - Porque você foi tão covarde que me deixou sem uma explicação. E eu odeio, não conseguir te odiar agora... - Sinto como se um peso aliviasse dentro do meu peito. Coloco a minha mão sobre a boca e deixo as lágrimas escorrerem sem parar... Fecho os olhos por um minuto. Tudo para.

Passado:

Era a primeira vez que eu usava o anel de compromisso e escutava o Erick mencionar que me levaria para conhecer sua família. Era a primeira vez que eu me dava conta de que nossos encontros haviam ficado sérios demais. Colhemos algumas flores no jardim perto da estação, era um bom lugar para passar o fim de tarde:

-Quer mesmo fazer isso? Me levar até lá... Me apresentar a sua família. Pode mudar de ideia a qualquer momento. Eu estou falando isso o mês inteiro para você ter saber que é sério.

-Eu quero muito que conheça todos eles... Dar um passo maior na nossa relação.

-Porque? - Eu abri um sorriso para ele.

-Você tem o incrível poder de iluminar tudo ao seu redor. - Respondeu abaixando o olhar.

-E se tudo acabar? E se um dia não existir mais eu e você?

-Acredite, terá outro alguém para te amar loucamente.

-Isso não é motivador. - Respondi.

-Chloe... Não existe um único amor. Você vai amar, quantas vezes for preciso. Digo por experiência própria... O mundo está cheio de pessoas incríveis com grandes talentos. Você só precisa dar a elas a oportunidade perfeita para te conhecer. E se algum dia, não existir mais eu e você... Significa que por alguma razão, foi melhor assim. - Ele me encarou: - Eu não sou a melhor pessoa do mundo, garota... E se algum dia eu partir o seu coração, comece me perdoando. Eu vou precisar mesmo que você me perdoe porque provavelmente será o maior crime que eu já terei cometido.

Eu senti o vento tocar o meu corpo novamente e olhei para o Nick em silêncio: - Eu acho que ele sempre soube que em algum momento partiria o meu coração... Eu acho que não tenho mais que me sentir culpada pelo Thomas ser o meu curativo. Eu preciso deixar tudo isso pra lá... - Limpei os olhos tentando conter todas aquelas lágrimas.

-Chloe, coisas ruins acontecem a pessoas boas. Você acabou sendo vítima dessa história cruel. Você pode lutar contra isso ou simplesmente tornar isso em algo menos doloroso. Não adianta lutar contra a correnteza agora. Você tem se torturado, imaginando as razões pelas quais ele fez o que fez. E uma parte minha acredita que ele tenha de fato sentido alguma coisa por ti. Então tenha tudo o que viveram como realidade, mas chegou ao fim. Se você não fechar esse filme, perderá os capítulos principais da nova história da sua vida.

-Você tem razão... - Eu olhei para a água novamente. - Vou deixá-lo. Vou me libertar dele... - Limpei as lágrimas dos meus olhos: - Vou sofrer o luto de quem perdeu alguém e me apagar a quem está comigo agora.

-O Thomas precisa de você... - Ele me encarou.

-Eu sei... Obrigada por me trazer aqui. Eu entendi o que isso significa. Você tem razão, não posso viver esse martírio para o resto da minha vida.

Ele abriu um curto sorriso, parecia sentir orgulho em me ouvir.

-Nick... Eu quero conhecer o filho dele. A criança não tem culpa e eu acho que eu preciso ajudá-la.

-Chloe... Essa criança é filha da Stela.

-Eu sei que essa mulher me odeia. Mas, eu consigo entender suas razões. Ela passou parte desse tempo todo acreditando que eu estraguei a sua vida e tirei o pai de seu filho. Eu quero que ela entenda que eu não fazia ideia de que eram apaixonados.

-Tenho certeza que ela já se deu conta disso. - Respondeu.

-Me ajude a me encontrar com ela?

Thomas

Eu caminhava pelo corredor da mansão... Aquela lembrança veio em minha mente, como um mel em minha boca.

Lembrei de estar sentado com meus irmãos, jogando videogame. Naquela época não imaginamos as coisas erradas que nossos pais faziam para nos dar tudo o que tínhamos. Eles eram nossos heróis. A voz do Erick só não era mais alta do que a risada da Kate. Enquanto jurávamos que protegermos um outro não importava o que iria acontecer.. Aquele palco de lembranças abala a minha rigidez.

Eu chamo Kate, preciso dar um abraço em minha irmãzinha. Mas, ela não me responde. Eu procuro por ela pela casa enorme, mas eu não a encontro. Onde será que ela está?

Abro a porta do escritório do meu pai e lá está ele... Bêbado. O olhar cruel lhe cai sobre mim:

-Como se sente agora que ele morreu? - Pergunta. - Como se sente sabendo que estava levando a namorada dele para a cama? - Sua pergunta é seguida de uma leve crise de riso.

-Onde a Kate está?

-Eu não sei... Eu não me importo. Acho que ela fez como todos vocês...

-Pai onde está a Kate? - Grito.

-Pai? Eu sempre fui o John pra você... Eu não me importo com ela.

Sinto-me enlouquecido. Pego uma das cadeiras do escritório e parto no chão: - Você destruiu essa família John! Você destruiu a todos nós. A culpa disso é sua.

-Culpe a sua mãe por ser uma vadia. - Ele toma mais um gole da bebida. - A Kate deve ter ido embora.

-Você é tolo demais para perceber que ela jamais iria embora. Se ela não está aqui é porque alguma coisa aconteceu...

-Claro. O irmão dela morreu. - Ele gargalha, bebendo mais gole da bebida.

Eu o deixo ali... Continuo a procurá-la pela casa. Grito seu nome. Chamo por ela. Mas, eu não a encontro. Caminho pelo jardim, não tem nenhum indício de que ele esteja por ali. E se algo aconteceu a ela?

Sento sobre a calçada um pouco atônito. Respiro fundo enquanto sinto as gotas de água caírem sobre mim. Fico em silêncio por alguns minutos desejando que a chuva me consuma completamente. E só então... As lágrimas vem...




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