Capítulo 87: Violino de Pedra

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"A música foi a forma mais sutil de detalhar tudo o que tinha em meu coração."


     Chloe

A casa está silenciosa.

A Kate, Stela e o Nick saíram em um encontro de casal e eu espero de verdade que estejam se divertindo e aproveitando uma tarde tranquila. A sensação de que podemos ter uma vida normal é algo que eu aprecio.

Sobre o Tom, eu não tenho a menor ideia para onde foi, ultimamente tem estado misterioso e eu sei que ele me esconde algo. Isso me preocupa.

Nosso relacionamento tomou proporções diferentes do que eu desejava... Estávamos cada vez mais distantes.

O pequeno Rick dorme em meus braços tranquilamente... Ele é tão lindo! Tão pequeno!

Seus olhos são iguais ao do Erick. Me lembra de uma fotografia que a Izabel me mostrou uma vez.

Eu brinco com ele cantarolando uma música que escutava no orfanato... E fecho os olhos me sentindo abençoada por aquele momento.

Eu nunca soube nada a respeito dos meus pais biológicos, fui deixada logo após o nascimento em uma cesta decorada em frente ao orfanato. Durante muitos anos guardei aquele objeto em meu quarto esperando encontrá-los um dia.

Quando criança desejava com todo o meu coração que alguém me adotasse, cheguei a escrever uma carta para o papai noel uma vez...

Na adolescência conheci o Jordan, um professor de matématica, casado, sem filhos que prestava um serviço voluntário ensinando e aconselhando jovens sobre as decisões de carreira a serem tomadas. Alguns meses depois ele e a esposa entraram com o pedido de adoção. Dois anos depois, eu os perdi também.

Eu não me sentia filha... Mas, era grata pela oportunidade de ter um lar... Quando comecei a me acostumar, tudo acabou.

Eu olho para o bebê e me lembro do Erick... E me pergunto: como teria sido se eu tivesse me casado? Será que teríamos um filho como esse?

Tudo o que eu mais quero é que essa criança tenha uma vida normal, assim como o filho da Kate. Eu me lembro do que é ter uma infância perturbada...

Pensar sobre isso me deixa melancólica.

Coloco o menino no pequeno berço móvel e fui até a varanda da casa...

O Thomas em sua paranóia contratou homens para ficarem o tempo inteiro nos cercando e vigiando tudo o que acontecesse... Eu sempre tive a sensação de que isso nos tirava a privacidade e a pouca chance de ter uma vida normal.

-Ei você... - Gritei para um dos homens parado me olhando... Ele parecia tão apático, sem emoção, triste... Eu até conseguia entender, seu trabalho era vigiar...

Eu desci o pequeno degrau de escada e caminhei rapidamente em direção a ele:

-É você quem controla todos eles? Para ficar o tempo inteiro nos vigiando? Quando o Tom não estiver aqui, você não precisa ficar tão... Sei lá... Quer tomar um café? Comer alguma coisa?

-Não se preocupe senhorita, esse é o meu trabalho...

-Onde fica a nascente?

-Nascente? - Ele me olhou surpreso: - Senhorita aqui não tem nenhuma nascente. São muitos galhos e árvores.

-O que tem lá para baixo?

-Só o galpão, mais nada. Não é um lugar de muitas propriedades.

-Galpão? Eu quero ir até lá...

-Não será possível senhorita....

-Eu vou até lá... - Eu entrei em entre as folhagens e caminhei rapidamente... O galpão. Eu sabia que o Thomas me escondia algo...O que poderia ter dentro de um galpão?

Thomas

Eu caminhei dentro da mansão... O lugar havia sido abandonado. A casa estava silenciosa e suja, não se parecia com o lugar em que eu havia crescido.

Quando criança eu queria crescer e me tornar um herói... Queria fazer coisas incríveis como os personagens dos filmes que eu assistia... E ali estava eu...

Um homem que havia matado pessoas, perdido a própria família e se envolvido com a noiva do irmão... Eu deveria me orgulhar?

Eu abri a porta do quarto do Erick em busca do violino... Era o lugar mais organizado da casa e cheirava um de seus perfumes caros.

Em cima da estante havia uma foto dele abraçado com a Chloe... Estavam sorrindo abraçados em um banco do jardim municipal. Pareciam felizes.

Quando a Chloe entrou na mansão eu quis de todas as formas protegê-la das loucuras daquela casa... Eu duvidei dos sentimentos que haviam um pelo outro.

Mas... Se fosse real? E se por um momento de fato ele a amou? Eu deveria me sentir culpado?

Encontrei o violino dentro do closet...

Me lembrei de uma noite de quando criança que caminhava com o meu pai pelo corredor do anfiteatro:

Precisamos mesmo ir? - Questionei sentindo os braços fortes do meu pai me puxar com força.

Que pergunta é essa Thomas?! Hoje é a primeira apresentação do seu irmão... Somos uma família.

A mamãe também vai?

Ela está lá com a Kate. Você precisa se orgulhar dele, Tom.


Eu o vi no camarim colocando a roupa da apresentação... Ele me olhou: - O papai te obrigou a vir?

-É. Mas, vai ser legal.

-Um dia Tom, eu vou ser um violonista muito famoso e você vai se orgulhar de mim.

O meu celular tocou despertando-me daquela lembrança:

Thomas a mamãe me ligou. Você tinha razão. Ela está na cidade... Vou me encontrar com ele em alguns minutos, vou te enviar o endereço... 

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