Capitulo 38: Alguém precisa fazer alguma coisa

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Ao longo das gerações, o manto do silêncio cobriu os segredos de nossa linhagem, ocultando as manchas indesejadas debaixo do tapete da falsa perfeição. Contudo, como águas turvas buscando seu curso natural, a verdade finalmente emergiu, rompendo as barreiras do disfarce e expondo as sombras que há muito foram mantidas nas sombras. Agora, diante da luz da revelação, as consequências se desdobram diante de nós, como um drama trágico cujo desfecho nos aterra, deixando-nos confrontar não apenas com os pecados do passado, mas com as terríveis ramificações que eles lançam sobre o nosso presente.

Capítulo 38:

Erick

Minha mãe estava sentada na sacada de seu quarto, seus olhos observavam a noite escura enquanto ela degustava uma taça de vinho. Não sei dizer onde perdiam os seus pensamentos, mas ela não me ouviu chegar... Observei alguns minutos a sua postura e a roupa que vestia, ela não parecia ter a idade que tinha, muito menos, toda aquela preocupação que eu sentia...


-Convença-o a pagar o resgate. - Pedi. Ela bebeu mais um gole então virou-se para mim, com aquele olhar que eu já conhecia.

-Vejo uma preocupação em sua voz, meu filho...

Eu aproximei-me dela e sentei na outra poltrona na sacada, servindo-me de uma taça, na esperença de que ele aquele breve momento fosse importante o bastante para vê-la persuadir o meu pai a salvar a vida da minha noiva.

-Você é a única pessoa que consegue influenciar o John a fazer alguma coisa. - Meu comentário a fez sorrir.- Então nesse momento, pense na Chloe como um investimento, o que é um milhão, perto do que você terá no futuro?

-Seu pai irá pagar, mesmo que eu não peça a ele. É a única maneira de impedir que suas imagens cheguem à mídia. - Ela sorriu: - Eu penso em como seria interessante se todos soubessem quem ele é de verdade.

-Está cogitando a ideia de que minha noiva continue sofrendo nas mãos dos sequestradores, para punir o meu pai?

-Esse casamento não será de verdade mesmo. Economizaríamos dinheiro e o seu pai estaria arruinado do mesmo jeito. É claro que... Eu não ficaria com tanto dinheiro, mas ficaria feliz em ver a decadência dele.

-Eu me recuso a acreditar que você está sendo verdadeira em suas palavras. Eu me recuso a acreditar que seria capaz de deixá-la morrer apenas para punir o meu pai.

-Você a ama? - Sob o olhar penetrante da minha mãe, cada confronto era uma armadilha perigosa - Ou ainda pensa na prostituta que teve a criança? Essa dúvida tem me assombrado muito. - Ela deu outro gole no vinho e olhou mais uma vez para aquela vista que mesmo sendo tão bonita, não tinha poesia, devido a preocupação do meu coração.

-Não importa quais sejam os meus sentimentos... Ela não merece passar por isso.

-Você se apaixona fácil demais. Tem tanta carência nesse coração que eu me envergonho de ser uma mãe. - Ela levantou-se da cadeira e se aproximou de mim, passos silenciosos e aquele olhar frio: - Sabe qual é o pior de amar muito alguém como ela? É saber que não importa quanto tempo leve, você sempre irá feri-la. Como um cacto, condenado a ficar só. Você é como eu, sempre irá condenar seus amores...

-Se algo acontecer a Chloe porque você se recusou a opinar a respeito, eu não a perdoarei. - Ela não se deixou abalar pela ameaça, em vez disso, um sorriso travesso adornou seus lábios, como se a provocação fosse apenas mais um capítulo no intricado jogo de gato e rato que compartilhávamos.

-Eu ficaria orgulhosa.



Eu sentei no banco e debrucei sobre a mesa do bar enquanto bebia uma bebida qualquer. Eu olhei ao redor notando o quão solitário era aquele lugar...

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