Só Cala a Boca

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Depois de uma tarde tumultuada a cheia de burocracia tudo o que mais queria era tomar um banho e descansar. Pode parecer que não, mas discutir contrato laboral é algo exaustivo. Sua cabeça latejou na primeira uma hora em que ficou sentado com três advogados discutindo quais as melhores cláusulas a serem inclusas para normatizar o trabalho a ser desenvolvido.

Se antes Billie tinha alguma duvida em relação ao trabalho que irá exercer agora não tinha nenhuma, dois assistentes de John haviam deixado todas as suas funções iniciais esclarecidas.

De inicio ele iria participar de todo os acontecimentos da empresa para observar como as ações fluíam. Participaria de diversas reuniões e seria apresentado a todo o comitê, inclusive ao dono que morava em Londres.

Por mais que tivesse um pouco de experiência em saber como uma gravadora funciona, agora Billie estava do outro lado, era ele o contratante.

A partir da semana que vem era ele o diretor responsável pelas novas contratações. Seria um trabalho bastante difícil, pois teria que ir atrás de bons artistas para firmar contrato, auxiliá-lo nas escolhas da música. Seria praticamente a bábá do novo artista até o CD ser lançado. Por sorte a Universal tinha seus próprios estúdios de gravação, do contrário também estaria responsabilizado por encontrar um.

A mente absorvera diversas informações, clausulas, funções, regras básicas, dicas de um assistente de meia tigela que se sentia o dono. Estava irritadíssimo. Mentalmente exausto.

Olhou o relógio e eram 19:30. Tinha ficado de 15h até as 18:45 só falando de negócios. Tinha receio de que sua rotina focasse somente nisso, não estava preparado psicologicamente para passar tanto tempo em reunião com advogados. Só de pensar pirava.

Billie era artista, criador. Não faz parte do seu perfil ser o cara que dita as regras, que implanta e analisa as cláusulas. Estava ciente de que em algum momento teria que participar de assuntos jurídicos, mas de inicio queria focar em ajudar o futuro contratado a descobrir sua essência, trabalhar sua arte.

Se enrolou na toalha após o banho, a cabeça ainda latejava e a barriga reclamando de fome. Ligou para Carol e chamou para jantar, mas foi curta e grossa em negar o convite, os avós dela tinha chego de viagem e estavam todos prestes a começar a jantar em família.

A voz dela ao telefone parecia amuada, triste. Desde que ouviu o alô dela pensou em perguntar se tinha feito besteira, mas enquanto ela contava sobre seus avós ele repassava em sua cabeça os curtos minutos que ficou ao lado dela durante aquele dia. Não tinha feito nada demais, não havia sido grosseiro, apenas pediu para ela ... Ah sim, ele a deixou sozinha quando ela quis conversar com ele.

- Carol, ta chateada porque eu sai e te deixei falando sozinha? – perguntou a interrompendo. – Sabe que não foi minha intenção, não é? Eu estava atrasado e odeio me atrasar para meus compromissos.

- Não, Billie. Não estou chateada com você.

- Então porque acabou de me chamar de Billie?

- Não é seu nome?

- É meu nome, mas..

- Então pronto! Tenho que desligar, a gente se fala amanhã sem falta. Esta me ouvindo? – desligou o telefone sem ao menos se despedir.

Roía a unha enquanto estava pensativo. Pensava que entendia de mulheres, mas a verdade é que não entendia nada. Por alguns segundos pensou que Carolina seria mais fácil de lidar do que Ammy, mas estava completamente errado. Primeiro porque não tem como comparar duas pessoas diferentes e segundo porque não conhecia as duas tão bem para poder ter tal pensamento.

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