O Amor Aproxima

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Fato é que ao menos uma vez ao mês maioria das mulheres sofrem com as cólicas menstruais. É uma dor infinita, para algumas nem tanto, mas para outras é o inferno em forma de sangue. O corpo fica sensível,  dolorido a cada movimento. Você só quer ficar para e encolhida na cama sem fazer nada, mas o problema é que o mundo lá fora continua, as horas passam, e não se pode deixar uma dorzinha atrasar seus planos.

- ACORDA, CAROLINA!

- Mãe, mas que porra! - ergueu-se no susto.

- Olha a boca!

Encara a mãe assustada, ainda ofegante, mas não se sabe se foi pelo susto ou se foi pelo sonho que estava tendo. A mãe segurava suas roupas recém passadas, o quarto com cheirinho de amaciante que faz lembrar da infância.

- Vai se atrasar para a escola. Já esta melhor do estômago?

- Não, vomitei a noite toda. - os respingos do vomito na sua blusa afirmavam isso. - Posso te perguntar uma coisa, mãe?

- Claro, mas a caminho do chuveiro.

- Como você soube que amava o meu pai?

Margot fitou a filha, os olhos sérios, que em pouco tempo foram ficando molhados. Umedeceu os lábios procurando a resposta, mas as palavras fugiam. Não tinha como explicar como seu amor por John nasceu, um dia, simplesmente, ela acordou e o sentimento estava lá. O carinho que sentia por ele, a amizade, haviam se multiplicado, assim como a imensa vontade de estar ao lado dele.

- Eu não sei, filha. - analisou os olhos grandes da filha que a encaravam atenciosamente. - Você acha que o ama?

- Não, mãe. Claro que não amo o Billie, a gente mal se conhece. - mentiu, já debaixo do chuveiro. - Na escola estamos estudando Romeu e Julieta e acho estranho isso do amor acontecer tão rápido.

- Sempre tive interesse em seu pai, algo em mim sempre gritava por uma parte dele.

- Por que nos deixou então? Por que virou as costas para a sua família, para o homem que você amava, para viver uma aventura com outro?

- Carolina, você nunca entenderia.

- O que eu não entendo é como você teve coragem de me abandonar. - as lágrimas misturavam-se com a água que saía do chuveiro. As duas, dentro do pequeno banheiro em anexo, encaravam-se. Ambas com o coração magoado, machucado, pelo tempo.

A partir do dia em que entendeu o significado de traição e abandono se perguntava todos os dias porquê a mãe cometeu isso contra a própria família. Desde que ficou maior e começou entender melhor as coisas a vontade de questionar a mãe sobre suas decisões aumentavam gradativamente.

Tinha ciência do casamento que os pais levavam, assim como entendia a mancha escura que pairava sobre o passado dos dois. O pai não era o mais carinhoso, não mais, mas mesmo com o seu jeito torto, nos dias bons, tratava a mãe bem. Era visível que John ainda era apaixonado pela esposa, sempre foi, o problema é que ele deixou o rancor entrar em conflito com o grande amor que sentia por Margot.

- Você ainda o ama?

- Sim, Carolina, sempre o amei. - enxugou as lágrimas antes mesmo que rolassem. - Foi por isso que voltei para casa, pois meu amor por vocês era maior do que qualquer sonho. Eu só descobri isso tarde demais.

- Só que ele ainda não perdoou você, na verdade nenhum de nós o fez.

- Por isso estou tentando ser, fazer, o melhor para vocês três. Estou correndo atrás do meu erro.

- Podia ter feito o melhor por mim tirando da cabeça do meu pai a patética ideia de colocar Ryan e eu naquele internato ridículo. - enrolou-se na toalha e saiu do boxe. - Mas acho que naquela época você estava mais interessada em conquistar o papai de volta.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora