Omissão é Traição

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A água fria escorria pelas suas costas, por dentro a cabeça ardia em pensamentos. Tentava respirar debaixo d'água, só se sufocava mais. As mãos espalmadas na parede gélida do banheiro fecharam-se e rapidamente atingiram pesadamente a superfície. Fechou o registro, os cabelos pretos pingavam enquanto o punho ardia, se enrolou na toalha e correu para se jogar na cama.

Olhou para o relógio, já tinha passado dois dias e ainda não conseguia parar de se arrepender de  tê-la deixado para trás. Voltou para pagar a conta do restaurante com a  falsa esperança de a encontrar lá parada em algum lugar com o perfeito vestido preto apertando seu lindo corpo. Pensou nos lábios dela e no quanto gostou de ter os beijado.

Billie estava em uma situação difícil,  em um momento árduo de sua vida onde teve que tomar uma atitude grosseira por estar cansado de só se dar mal na vida. Seu pote de infelicidade estava quase cheio e quando pensou que começaria a esvaziar ele se decepcionou de novo e o pote começou a transbordar.

Ali na sua frente era uma menina de 15 anos, que tinha jeito, corpo, conversa de mulher, por vezes sua postura a entregou, mas Billie nunca percebeu. Estava agarrado demais a possibilidade de ter um recomeço feliz.

Acordou já de manhã com o o celular tocando em algum lugar do quarto. , o sol forte atravessando pela grande janela de vidro acusava que já passará das 10hrs, atravessado na cama se deu conta de sua nudez, a toalha que usara noite passada jogada no chão.

Levantou cambaleando, a vista um pouco embaçada, o corpo bastante mole, um bocejo forte que o fez se tremer todo. Achou o bendito celular que berrava God Save The Queen do Sex Pistols, quando ia apertar para atender o celular parou de tocar, o arremessou na cama enquanto jogava seu corpo para a superfície macia.

Tomou um susto quando voltou a tocar, sentou-se na cama reclamando, passou a mão pelos cabelos e atendeu a chamada.

- Bom dia! - a voz calorosa dela tocou seus ouvidos como melodia, somente ai que ele foi conferir o visor, "Carol" estava escrito. Respirou fundo soltando o ar pelos dentes.

- O que você quer? - disse mal humorado.

- Olha, tudo bem se você não quiser mais falar comigo, mas eu acho que antes de você tomar suas próprias decisões a respeito da minha pessoa você tem que deixar eu me explicar.

- Explicar o que? - caminhou pelo quarto - Que você gosta de brincar com os outros? - a raiva foi tomando conta dele aos poucos.

- Hey, você se divertiu muito comigo que eu sei. - ele a ouviu rir - E eu não consigo parar de pensar em você, sei que acha que eu sou psicopata, deficiente mental ou sei lá mais o que, mas o fato é que se eu me arrisquei, e fiquei de castigo por ter chego em casa tarde e por ter saído sem permissão, foi por ter pensado que valeria a pena estar ao seu lado.

- ..

- Você nem notou que eu sou menor, isso quer dizer alguma coisa. E mesmo que a roupa do balé tivesse acusado, o que acusou e muito, você nem percebeu. Vai ver uma parte sua quer tanto isso quanto eu, mas você simplesmente não quer aceitar, fica sendo turrão.

- Quer tanto isso o que? Nós mal nos conhecemos  - falou mais calmo.

- Justamente, não nos conhecemos. Esta tudo nas suas mãos, você que vai decidir o futuro de nós dois.

- Você tem 15 anos, Carol, está fora de cogitação... eu tenho 25. - a voz fraquejou, engoliu a seco. Era uma decisão complicada, tinha muito em risco.

- Nós nunca vamos ser tão jovens como somos agora.

Billie pesou tudo mentalmente em uma balança imaginária, se aceitasse ouvir o que ela tem a dizer a probabilidade de a perdoar seria enorme, passou dois dias se lamentando por ter partido e a deixado para trás e agora não sabia se decidir se ouviria o que ela tem a dizer ou não.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora