Eu Sinto Sua Falta

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Aos meus olhos ela é perfeita. Linda do jeito que é. Mulher de várias facetas. É bela até quando chora, graciosa quando acorda e abre aquela sorrisão gostoso para mim. M e sinto o cara mais sortudo da face da terra e com razão.

Chego em casa por volta das 13h da tarde e sempre encontro um rastro de bagunça sempre em direção ao quarto, é característica dela ser bagunceira, e por mais que isso vá de conflito com o meu lado ordeiro, eu me sinto em paz quando chego e encontro a desordem. Estava deitada, calcinha e sutiã, no chão do meu quarto bem de frente a janela aberta deixando o sol dourar seu corpo lindo. Estaria lendo um livro para a aula de Literatura Inglesa se não estivesse dormindo. Linda.

Havia se afasto um pouco da empresa, uma pena. Ia lá de vez em quando agora. Passava quase que todas as tardes no meu apartamento. Meu lar passou a ser o lar dela, aquele lugar especial que todo mundo tem e que se sente bem quando esta nele. Por isso faço questão sempre de que não falte as frutas que ela gosta, o suco de laranja e nem o queijo branco.

A vontade de beijar o corpo que esta estirado no chão e embebedado pela luz do sol é enorme, mas me controlo. Fico parado observando ela dormir e lembrando de todo o passado conturbado que eu tive e do quanto meu futuro foi grandioso e me presenteou com uma pessoa fantástica que de verdade me completa até a alma.

Estamos como em uma lua de mel, onde existe muita paixão e carinho, sorrisos cúmplices e beijos roubados. Os problemas ficam dos muros para fora, quando estamos em paz na nossa cama evitamos ao máximo de falar das coisas que nos estressam lá fora, simplesmente nos curtimos, conversamos, ou apenas ficamos encarando um ao outro. Tudo esta caminhando bem, estamos bem, sem desentendimento, brigas ou choros.

Fico feliz de não a ver chorar com tanta frequência, toda vez que ela chora um pedacinho de mim se parte. Talvez Carol ainda não tenha percebido isso, mas nela habita uma carga emocional muito forte. O que o pai, mãe, fizeram a destruiu de uma forma que esta sendo difícil pegar os pedacinhos e remendar. Todas as vezes que estávamos debaixo de nossa coberta, eu a enlaçava e perguntava da vida. Por vezes dava alguns exemplos do meu convívio com o meu pai e era o necessário para ela abrir a boca e começar a relatar todas as vezes em que se sentiu renegada pelo pai ou pela mãe. O que ela tinha era muito mais do que uma depressão que se desencadeou por ter sido jogada a força em um internato, era uma carência que vinha desde os primórdios de sua primeira infância que começou com a ausência da mãe e que piorou pela rejeição do pai.

O que me faz pensar em como os seres humanos são egoístas. Posso muito bem me incluir nisso, pois tenho certeza de que não sou perfeito. Mas o que mais me dói é saber que desejam por tanto tempo colocar um filho ao mundo para depois, sem mais nem menos o virar as costas. Claro que não posso generalizar, nem todos os pais cometem esse erro, mas os que cometem não sabem a dor que estão causando a seus filhos.

- Você chegou tem muito tempo?- a voz estava arrastada, fria, era a preguiça em pessoa.

- Porque dormir nesse sol?

- Eu gosto da sensação do sol na minha pele. - os olhos vermelhos de sono me encaravam. Toda florzinha, tímida, sentou-se no chão que estava um pouco úmido por conta do seu suor.

- Então porque não vamos para a praia?

- Você não tem que voltar para a empresa? - me olhou animada.

- Não mais. Vamos? A gente passa numa loja e tu compra um biquíni, aproveita e já deixa aqui.

Sorriu animada, sorriso que mexe com os lábios e com os olhos que ficam fechadinhos. Ela estava diferente, um diferente bom. Havia amadurecido muito em pouco tempo, começado a analisar bem as opções antes de fazer suas escolhas, ao invés de meter os pés pelas mãos como fazia antes. Acho até que foi por isso que resolveu se afastar um pouquinho da empresa, ela diz que não, mas eu sinto que estou certo. Não que eu queira ter razão em relação a tudo, mas só gostaria que ela confiasse um pouquinho mais em mim para abrir seu coração e me contar seus medos e receios. Isso é uma coisa que ela ainda mantém a sete chaves, só abre o peito e mostra a realidade quando esta prestes a estourar e ai eu já não consigo fazer nada, além de segurar a mão dela.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora