Principalmente Felizes

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É nessas horas que eu percebo o quanto que eu perdi nos últimos meses. Fiquei tão afastado que fui perdendo das mínimas até as máximas coisas. Fiquei ressentido. Ali naquela rua movimentada, com o sol sob nossas cabeças, foi difícil esconder a tristeza. Ana percebeu e logo veio me acalentar com suas mãos em meu ombro.

– Copiei você em todos os e-mails, inclusive concordou com tudo.

– Eu concordei? – questionei forçando minha memória a resgatar a lembrança dos e-mails, porém tudo o que vinha a mente era trabalho e mais trabalho. Ana mostrou-me no celular os nossos e-mails, eu, ela e mais a organizadora. Minhas respostas sempre frias e não duravam mais do que uma linha, quanto que os outros demais participantes daquela troca de emails teceram textos e mais textos. No final as imagens me foram apresentadas, tudo muito colorido, mas não um colorido ruim, e sim algo que é agradável aos olhos. Eram cores perfeitas para comemorar o aniversário de Clara.

Meu irmão ficou nos encarando segurando o riso, mas depois riu debochadamente de mim. Quando Ana virou o aparelho para sua direção Alan mostrou interesse, até trocou umas ideias com ela finalizando o assunto com muitos elogios. E eu continuei sem entender onde minha cabeça estava quando respondi aqueles e-mails? Por sorte, do que vi rapidamente tinha gostado. Até porque não é difícil de gostar do que Ana escolhe, ela tem um ótimo gosto para tudo.

Enfim, após encerrarmos o assunto festa, finalmente apresentei meu irmão e noiva. Trocaram apertos de mão, sorriram o que já haviam sorrido um para o outro. Fiquei instantaneamente feliz por eles terem se dado bem.

– B, me acompanha até aquela loja ali? – requisitou e eu fui a seguindo enquanto jogava beijos para a nossa filha.

O foco da loja era venda de colchões, camas e travesseiros. Fiquei sem entender quando entramos lá, mas então Ana foi direto a um vendedor que já parecia a conhecer, e quando me requisitou o endereço da casa da minha mãe fiquei mais confuso ainda.

– Que porra é essa Ana? – questionei desconfiado.

– Aquele é o colchão super confortável que será entregue na casa da sua mãe – Evitou me olhar nos olhos enquanto apontava para o colchão.

– Um colchão? Por que?

– Amor – segurou em minhas mãos, Clarinha se jogou para mim. – Eu te amo e não quero que você fique chateado comigo, mas a verdade é que eu não quero dormir naquela cama de solteiro e cair de novo e me machucar novamente – sorriu sem graça. – Então, assim que sai do hospital e vim andando por essas ruas e me deparei com essa loja, uma luz veio a minha mente e esse sagaz vendedor em minha direção me oferecer atendimento.

– Péra! Você comprou o colchão, mas esqueceu da cama? – Alan perguntou enquanto sentava-se experimentando a textura.

– Assim ninguém cai da cama – sentou-se ao lado do meu irmão e ficou impulsionando. – Viu? Bem confortável e cabe perfeitamente nós três – abriu os braços para que eu a entregasse Clara. Mas eu estava desconfortável demais para dar minha filha e ficar sem um escudo que cobrisse a minha insatisfação naquele momento. Assenti com a cabeça e me guiei para fora da loja e logo depois os dois foram ao meu encontro.

O silêncio ficou constrangedor, todos sabiam perfeitamente o motivo, e isso acabou me dando raiva. Meus olhares para Aninha carregavam certa raiva. Fiquei bravo, só não bufei, pois sabia que engataríamos em uma discussão e eu não queria aquilo. Não para as férias que serviam para o nosso lazer, para nós aproveitarmos, curtirmos e esquecermos as obrigações que deixamos em casa.

No carro, a primeira coisa que Clara fez foi pedir para mamar. Minha filha já tinha interesse em ir para o colo da mãe a tempos, mas somente no carro que Carol optou por oferecer o seio que estava extremamente cheio.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora