Não queimava, nem ardia

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- Eu não acredito no quanto eu fui estúpido e burro ao mesmo tempo. - soltou o ar entre os dentes levando as mãos aos cabelos.

- Eu posso expli...

- Olha, eu não sei o que você pretendia com isso, mas com certeza foi a coisa mais egoísta que você já fez.  Já parou para pensar nas consequências disso? - disse ríspido.

Somente via raiva através dos olhos dele, a respiração acelerada, as mãos agitadas que não paravam de bagunçar e puxar o cabelo, só ai ela descobriu tatuagens pelos nódulos da mão. Por um momento, enquanto tentava decifrar o significado do resultado sua mente se teletransportou. Ele estava aborrecido, ela sabia disso, sabia que tinha errado, que provavelmente foi a pior decisão da vida dela, mas sabia também que aquele 1% de chance de dar certo era muito, e ela se apoiou totalmente nesses 1%.

Respirou fundo, umedeceu os lábios, o coração palpitando forte, a respiração presa, somente percebeu que estava frente a frente com ele quando seus lábios se tocaram. Foi um beijo frio, não tão caloroso como o do inicio da noite. Ela investiu de novo procurando por qualquer sinal de incitação, porém novamente só recebeu frigidez. Seus lábios se descolaram, Billie a encarava sério, entretanto não mais com raiva e sim com uma feição que demonstrava pena.  A ver ali, com o rosto vermelho marcado por duas fileiras onde suas finas lágrimas escorriam o deixavam com dó. Dó de uma pessoa que nem sabia direito o seu lugar no mundo e que já estava querendo ser adulto, pular algumas fases. Billie só não entendia o porque. Pensava em vários motivos, motivos esses que aos poucos foram amolecendo seu coração. Mas ao perceber que estava deixando seus muros caírem, logo se recompôs, devolveu à sua expressão o olhar vazio e frio.

- Você não tem o direito de chorar! Onde você tava com a sua cabeça? Eu sou um homem, você é uma garota de sei lá.. uns 17, 18 anos?!

- 15.   - Seus olhos de arregalaram, engoliu a seco. Era impossível isso ter acontecido. Como ele não viu? Como não percebeu? A olhou de cima a baixo, corpo de mulher, tinha bunda, peito, coxa, uma boca que o fez sentir tesão da primeira vez que a beijou. O papo não foi um dos melhores, mas ainda estavam crus, caminhando para se conhecerem melhor.

Um estalo veio em sua mente, e de repente tudo fez sentido. A roupa que ela usava na primeira vez que se viram, as mochilas pesadas, o roupa de balé.

- Eu sou um idiota mesmo, né?  Puta que pariu.

- Deixa eu explicar, não leva a mal.

- Você não tem que explicar nada, nem fazer nada, com exceção de chamar um táxi e ir pra casa.

- Espera, B, vamos conversar.

- Meu assunto com você está encerrado. - gritou fazendo as pessoas a volta se assustarem.

Billie saiu em disparada, sem ao menos olhar para trás, sem ao menos se despedir dela, a raiva e a decepção não o deixavam. A deixou ali, sozinha no meio fio, com o coração na mão, as pessoas olhando, o rosto marcado pelas lágrimas.

Talvez tivesse pensado errado, possivelmente o 1% não tinha tantas chances assim, estava tudo de baixo do nariz dela, ela que não quis ver. Preferiu arriscar.  Quis ousar e agora está arrasada. Algo bobo, pode se dizer, mas era essa bobeira que a fez se sentir tão bem e tão mal no mesmo dia.

Após retornar ao restaurante e pagar a conta pendente agradeceu ao garçom no mesmo tempo em que se desculpava, o bom funcionário fez o favor de chamar um táxi que seguia pelo trajeto de sua casa.

O celular tocou várias vezes, mas não atendeu, nenhuma das ligações era dele.

Queria ao menos se explicar, se desculpar. Se fosse para nunca mais se verem que fosse com ele entendendo o lado dela e não pensando sabe-se lá o que. Nem ela sabia se conseguiria se explicar, como dizer para um homem que se está interessada nele quando se tem 15, quase 16, sem ele pensar que está em completo estado de insanidade? Ninguém sabe explicar, é difícil.  Aparece do nada, você gosta e se vê de mãos dadas com uma ideia sem pé nem cabeça, mas de que alguma forma te faz bem. Fez bem sim alimentar um sonho de que estar com ele poderia ser algo possível, fez tão bem que sonhou acordada por diversas vezes. Não sabia o que era aquilo, era doença mental, paixonite aguda? O que sentia por dentro nem Freud conseguiria explicar, é muito mais do que um fogo que arde sem se ver. Não queimava, nem ardia, era uma pequena chama, porém capaz de acender uma parte dela.

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Oi, povo bonito! Hoje o capítulo foi mais curto pois eu resolvi mudar tudo de última hora, eu preferi adiar mais o que eu tinha planejado para não soar como algo tão faz de conta.

Fiquei muito tempo sumida, mas me perdoem, é que eu estava de férias e precisei me desvincular de tudo.

Espero que gostem, pretendo voltar com mais na segunda, ou até mesmo antes. Não esqueçam de deixar a opinião de vocês aqui nos comentários e se gostou dê seu like boladão na estrelinha aqui em baixo.

Super beijo pra ocês < 3





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