Os Seus São Bem Mais Durinhos

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O B quer falar, vamos ouvir? (Ler)

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Mancou em nossa direção com os olhos decepcionados focados no chão.

Os cabelos bagunçados grudados no rosto e pescoço dela, e tudo o que eu mais queria era me aproximar, pentear eles com os dedos e abraçá-la.

Queria que a calma dela viesse através dos meus braços envoltos em sua cintura, através dos meus beijos em sua nuca quente e suada, mas não pude nem me mover do lugar.

Se eu desse dois passos em sua direção os tios e o pai podiam desconfiar, então só fiquei parado onde estava assistindo a derrota no rosto dela.

O tombo não tinha apenas doido no corpo, tinha machucado a alma e era visível enxergar isso através dos olhos tristes que começaram a me encarar.

Ao mesmo tempo em que o olhar dela expressava uma vontade imensa de me abraçar, expressava a raiva que sentia por achar que era culpa minha. Sem sombra de dúvidas ela achava que tinha sido eu o delator.

Sua íris azul estava mais acesa por conta de vermelhidão dos olhos, os lábios tremiam freneticamente fazendo o possível para conter o choro, ela precisava e queria ser forte.

Ficou cara a cara com os pais, começou ouvir sermão antes mesmo de pisar os dois pés no chão de frente a John.

- Filha eu posso.. – Margot cortou o marido.

- Não quero nada de você. – respondeu com a cara arrasada, quase liberando a tempestade que estava instalada em algum lugar dentro dela.

- Mas eu..

- Você pode o que? – perguntou ríspida. – Ir lá, dizer seu nome, ou esperar ser reconhecida, para em seguida pedir outra chance para sua filha? Para eu ficar conhecida como quem só conquistou algo por mérito da mãe?

- Você sabe que dança não da futuro.

- John nunca mais repita uma coisa dessas! – Margot chamou atenção de John parecendo estar bem chateada com as palavras do marido. – Filha volta aqui!

Carolina deu 10 passos e parou de frente a mim, pois eu estava no meio do corredor impossibilitando sua passagem. Eu tentava passar calma e tranquilidade para ela, mas só sabia me olhar de volta com os olhos raivosos.

Aos poucos as lágrimas foram caindo fazendo caminho pela camada fina de maquiagem no seu rosto.

O mais incrível nela é que conseguia ser linda de qualquer jeito. Acordando, enfiando um pedaço de pão na boca, rindo de boca cheia, quando esta chegando lá, quando fica com vergonha ou raiva, e agora chorando.

A nitidez do seu azul ganha mais vida e ilumina o rosto perfeito dela, o rosto vermelho assim como os lábios trazem a ela cor. Pena que as lágrimas são de tristeza, na verdade nunca a vi chorar de alegria.

Os lábios mantinham-se trêmulos segurando um choro que cairia a qualquer hora. Não dizia nada, apenas me encarava e eu ficava em duvida se ela queria que eu a abraçasse ou se queria me bater.

- Por que não deixa sua mãe falar com eles? – tentei acalmá-la.

- Como você se sentiria se tivesse realizado um sonho graças ao mérito de sua mãe? Eu não digo sonho bobo como ganhar um boneco, ou poder ir a um show, eu to falando do sonho da sua vida. Não quero ser a bailarina que deu certo somente por que a mãe é conhecida, eu quero que vejam em mim o talento e capacidade que eu tenho.

Disse cada palavra com uma dificuldade tremenda, o nó na garganta não facilitava as coisas pra ela, as lágrimas escapavam-lhe o olhar e eu só queria encaixar meu corpo no dela e beijar aquela boca, nada mais.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora