Dormir com gosto doce na boca e acordar com gosto amargo. Dormiu pensando nos momentos de felicidade vivenciados e acordar lembrando que eles logo serão extintos. Ao menos não mais ao lado dele. Não como duas pessoas apaixonadas. Não como dois amantes.
Este dia será marcado pela ocasião em que dará adeus ao homem que a fez feliz. Vestirá uma mascara. Interpretara um papel. Disfarçara sua melancolia e tentará seguir com a vida.
- Não seja tão negativa. – Júlia a advertiu. – Ele foi sua primeira paixão, não significa que será sua última. Carol, você é uma menina bonita, inteligente, engraçada. Anda sempre com um sorriso grande no rosto. Sinceramente não sei por que você se fecha tanto para as pessoas que tentam se aproximar de você.
- É difícil, Ju.
- Não, não é. É só tentar. Você não tenta você se fecha. Não sei por qual motivo me deixou participar de sua vida.
- Eu não sei, ta ok? – encarou a amiga. – Simplesmente é difícil. Eu não consigo me abrir para qualquer pessoa e quando tento soa como falso. São poucas as pessoas com quem isso parece ser natural.
- E com ele foi natural?
- Foi.
Dos problemas para se relacionar já sabia que os tinha, o difícil era tentar os combater. Já havia passado por momentos em sua vida que tudo o que mais queria era ter amigos, mas todos a excluíam e ofendiam. Foi doloroso, uma época tão delicada que a levou a tomar atitudes tão preocupante para sua família. Doía da alma até a sola do pé. Mas hoje não doía mais. A alma estava limpa e o sola do pé cicatrizada. Fazia tempo que não doía como antes. As vezes tinha um recaída, mas nada grave.
Seus pais não podiam saber das recaídas, somente Cissa, Ryan e Sophia ficavam cientes de quando Carolina tinha uma reincidência. Eles prometeram entre si manter todas as recaídas em segredo, faziam isso pensando no melhor para Carolina e ela era muito grata por isso.
- Agora é a hora.
- Tem certeza que não quer que eu vá?
- Sim, eu tenho que resolver isso com ele e encarar meus medos.
Entrou no táxi agradecendo pelo ar condicionado estar funcionando. Havia acabado de sair da aula do balé, estava toda suada. Os fios de cabelo pendiam do coque torto caindo por sua testa e pescoço. Deu as instruções para o motorista que seguiu lentamente por uma avenida engarrafada.
No banco de trás de torturava com as lembranças da noite passada. Sentia-se tola por ter revelado seus sentimentos mesmo sabendo que teria que por fim a eles. O coração como sempre palpitava descontroladamente dentro do peito. Seria hoje. Sem sombra de duvida o final do capitulo deles chegaria ao fim.
Dentro de sua cabeça colocava os pensamentos em ordem e escolhia as palavras a serem usadas com cautela. Imagina diversas reações possíveis que Billie teria, e no fundo pedia para que ele fosse capaz de perdoá-la e de aceita-lá como amiga, já que trabalhariam juntos na mesma empresa.
Na porta do prédio que já lhe era tão familiar sentiu as pernas quase cederem. O sol forte não ajudava. A boca seca ansiava por um copo dágua.
Fez o mesmo trajeto dos dois dias anteriores, decidida, assim como das outras vezes, a jogar as cartas na mesa. Ser sincera. Verdadeira.
De frente pra porta ensaiava negar seus beijos e seus abraços calorosos. Não ia querer se perder em nenhum pedaço de pele dele. Recusaria qualquer tipo de distração que colocaria seus planos em risco.
Tocou a campainha. "Nada de beijo, nada de abraço! Nada de beijo, nada de abraço! Nada de beijo, nada de abraço!" pensava enquanto esperava a porta ser aberta.
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O Futuro de Nós Dois
RomanceApós dois meses viajando pela Europa, na tentativa de esquecer um amor do passado, Billie está disposto a se apaixonar de novo quando conhece Carolina, uma jovem simpática que consegue conquistar seus pensamentos. Assim como ele, Carolina é apaixona...