O Futuro de Nós Dois

Um pai melhor

       

Acordou antes do noivo, ou talvez nem tenha dormido. Uma paz tão extensa cresceu dentro de seu peito que não sentia o corpo cansado. Foi gostoso dormir tão agarradinho os três na cama, sentir os pés dele enroscando-se nos seus, poder acariciar os cabelos bagunçados do noivo até os olhos serem vencidos pelo cansaço e se fecharem dando inicio a um sono profundo e pesado. Clara acompanhava o pai, depois que dormiu não acordou mais a noite nem para mamar, simplesmente emendou seu sono até o dia seguinte quase onze horas. A preguiça estava incrustada por todo o seu corpo, até para se espreguiçar fazia movimentos lentos e vagarosos. Sabia o que o dia exigia dela disposição e concentração, mas a única coisa que passava por sua cabeça era como amava a família que tinha entre os braços e de como era bom poder acordar ao lado deles e os contemplar serenos durante o sono.

A febre de Billie havia ido embora, seu semblante estava mais tranqüilo e as roupas que passará a noite molhadas de suor assim como a roupa de cama que o envolvia. Beijou levemente os lábios do noivo, detestava ser a primeira acordar justamente por não ter o que fazer. E por mais que quisesse dialogar, ou até mesmo se aninhar no colo do noivo, mantinha-se quieta para não o acordar. Lembrou-se que Josh dormia na sala. Saiu da cama devagar e foi caminhando dando passos suaves até sua sala onde o sol passava forte através da janela aberta deixando uns filetes iluminados no piso. Aproximou-se do amigo que acordaria com muita dor no corpo por estar dormindo completamente torto no sofá e ficou contemplando seu cenho franzido que habitava o meio de suas sobrancelhas mesmo enquanto dormia.

Fez café, com o cheiro percorrendo os cantos da casa com certeza alguém acordaria. Se não fosse por bem, seria por fome, pois além de café fazia ovos mexidos para comerem com as torradas no café da manhã quase almoço. Terminou de preparar e foi até o quarto onde com um sorriso tímido constatou que seu plano havia funcionado. Deitou-se de volta na cama, mais sorridente do que o normal, sentindo uma saudade imensa de quem nem se quer havia saído do seu lado. Ainda sonolento Billie tentava manter os olhos abertos dando diversas piscadas com os olhos até se acostumar com a claridade e poder retribuir o sorriso para a noiva.

– Bom dia B. – desejou ao noivo sentindo que aquele dia seria perfeito.

– Bom dia Aninha. – retribuiu com a voz pesada e levemente rouca. – Dormiu bem? – recebeu uma confirmação e logo teve seus lábios pressionados pelos dela. Nada de beijo cauteloso, ou singelo, era beijo que começava lento, mas que logo mostrava para o que veio. Era beijo de quem queria matar saudade, beijo repleto de segundas intenções e desejo que sensibilizava a pele.

– Pensei que eu ia acordar ouvindo um grande sermão. – brincou acariciando os cabelos da amada. – Cadê toda aquela raiva de ontem?

– Sumiu. – esclareceu não desfocando por nada os olhos dos dele. – O que me deixa muito puta, porque eu queria soltar os cachorros em você. Eu queria gritar e talvez jogar objetos na sua direção.

– Então eu fico feliz de você ter acordado de bom humor. – brincou antes de a entregar um beijo.

– Eu acordar de bom humor não significa que eu não vá dizer umas coisinhas para o senhor. – empurrou o ombro de Billie antes de voltar para os eu lugar na cama ajeitando Clara para perto do seu corpo. – Nunca mais na sua vida falhe naquele tom, como se eu não tivesse direito a ela, como se fosse apenas a pessoa que cuida dela. Eu sou mais do que isso. – dizia com a voz serena. – Não sou somente a mulher que tem o leite, eu sou quem cuida, quem ama, quem protege, quem coloca pra dormir e sou sempre o primeiro rosto que ela vê ao acordar. Sou eu quem dá banho, que sano os choros. Sou eu e não você.

– Carolina você sabe que em momento algum eu quis dizer isso. Você sabe melhor do que ninguém o quanto eu te perturbo para você assumir ela como sua. – Billie acertou sua postura sentando-se e mantendo o tronco ereto, falava sério. – Não podia concordar mais com tudo isso o que você disse você é muito mais do que quem exerce tarefas, ela é sua filha.