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- Filha, ta tudo bem? – Carolina acordou no susto, estava deitada na sua cama ainda com a roupa da escola, os sapatos jogados em um canto do quarto, o cabelo longo todo embaraçado. – Filha? – Carolina bocejou e deu um leve sorriso.

- Oi, pai, acho que eu peguei no sono. – bocejou novamente, sentou-se na cama e se alongou. Seu pai sentou ao seu lado e tentava arrumar seus cabelos.

- Pelo visto você vai ter um desafio, desembaraçar esses fios. – riu enquanto sua filha se lamentava.

- Eu tenho que cortar esse cabelo! De amanhã não passa. – levantou da cama, tirou o casaco com cuidado para não agarrar no seu cordão e o jogou em cima dos sapatos.

- Pensei que você iria pra empresa hoje, fiquei te esperando, te liguei no celular e só dava caixa postal, até que liguei pra casa e fui informado de que a senhorita estava no décimo quinto sono. – Carolina que agora estava na porta do banheiro anexo ao seu quarto sorriu par seu pai.

- Eu ia, só que eu não tinha almoçado porque se não ia chegar atrasada na consulta, ai assim que terminou lá eu vim em casa comer alguma coisa. – escovava seus cabelos com força e fazia caras e bocas em relação a dor que sentia em seu couro cabeludo.

- Vai com calma, menina! Assim você fica careca – ele foi até Carolina e tirou a escova da mão – Aqui, me deixa te ajudar, você tem que fazer isso com mais calma – e levemente foi passando a escova no cabelo da filha que não sentia mais dor nenhuma.

- Cadê minha mãe? Cheguei em casa e ela não tava.

- Não sei onde ela foi, mas sei que ela já chegou, está lá em baixo nos aguardando pro jantar.

- O que?! Jantar? Que horas são? – o seu pai ria, levantou seu pulso e consultou ao seu relógio rolex, - Já são 20:37, meu amor. Você dormiu bastante. – Pronto! Ta desembaraçado. Viu? Sem força nenhuma. Tem que ter mais paciência.

- Eu tenho, pai – eles riram seu pai deixou sua escova em cima da cômoda.

- Vamos descer? Estou faminto. – seu pai caminhou em direção a porta.

- Vai descendo que eu só vou colocar o celular pra carregar e vou.

- Ok, só não demora muito ou vamos começar sem você. Hoje vai ser almôndegas e você sabe que e o prato favorito de seu irmão. – ele parou e deu meia volta – E como foi na sua consulta?

- O mesmo de sempre – Carolina abriu um sorriso – e graças aos céus eu estou livre daquela prisão. – seu pai a encarava sério.

- Depois do jantar vamos conversar sobre isso – Carolina engoliu seco e respondeu que sim, seu pai se foi deixando a porta aberta. Ficou triste pois sabia que o desejo dele era que ela continuasse se tratando. O que a deixava furiosa era o fato do pai não a ouvir, ela estava bem e não tinha problema nenhum e ela teria que provar isso a ele ,e o único jeito seria fazendo mais amizades. Estava decidida, amanhã na escola ela iria tentar puxar mais assunto, ou talvez simplesmente responder as pessoas com mais interesse, assim elas iriam querer conversar mais. Só que isso soava tão falso, ela via em seu dia-a-dia as pessoas forçando para se enturmarem e detestava isso. O problema era que em sua escola grande parte das pessoas era assim, fazendo amizade apenas por interesse. Ela estudava em uma das instituições mais caras de sua cidade, a maioria dos alunos eram filhos de famosos e se não, eram pessoas querendo se enturmar com os filhos famosos para conseguirem ganhar alguma coisa.

Carolina não era famosa, seus pais também não, eram apenas donos de uma empresa bem reconhecida em seu país, que fazia parte de uma das industrias que mais gera dinheiro. Ela nunca entrou em detalhes sobre como os pais bancam a escola, o pouco que sabem da vida dela é que sua família tem ótimas condições.

Agora com os cabelos desembaraçados ela fazia um coque no topo de sua cabeça e o prendia fez o mesmo com a sua franja. Tirou seu casaco da GAP e o jogou em cima da cama. Quando desceu todos já estavam sentados a mesa, e como seu pai disse seu irmão estava se deliciando com o prato favorito dele pedindo para que ninguém repetisse ou então que apenas comessem o macarrão.

- Boa noite família linda! – Carolina adorava entradas escandalosas, fazia questão de ser barulhenta ainda mais por saber que sua mãe não gostava de muito barulho.

- Poxa, filha. Na hora da refeição não! – sua mãe a repreendeu.

- É que eu to de bom humor mãe.

- Viu o passarinho verde, é ? – seu irmão do meio riu com os lábios um pouco sujos do molho das almôndegas e isso a fez rir. Apontava para seu irmão o local sujo e ele com a língua tentava alcançar, porém sem conseguir.

- Desiste! É melhor você usar o guardanapo, porque esse sua tentativa com a língua esta mais sujando do que limpando. – agora quem falava era sua irmã mais velha enquanto tentava segurar a gargalhada.

Carolina se serviu e fez questão de encher o preto de almôndegas para alfinetar seu irmão que, toda vez que a pegava desprevenida ou entretida com a conversa com os pais, roubava um pedaço de seu prato. Depois que terminaram de jantar todos foram pra sala, com exceção de Carolina que queria evitar a conversa sobre o psicólogo. Sem ninguém ver subiu as largas escadas da sua casa, que graças ao longo tapete que cobria os degraus, subia rápido sem fazer barulho algum.

Já no seu quarto e de porta fechada se despiu jogando a calça azul marinho e a blusa branca com o emblema da escola em cima da mesma pilha que havia feito anteriormente. Entrou no banho e aproveitou a água quente que a relaxa e aos poucos seus pensamentos foram sendo levados para o charmoso cara de preto que conheceu, lembrou que havia esquecido de por o seu celular para carregar e se indagou se Billie teria a enviado alguma outra mensagem.

Saiu do banho, já enxuta vestiu uma calcinha de algodão estilo cueca e um top que usava para se exercitar, pegou seu celular dentro da bolsa e o plugou a tomada do lado da sua cama. Depois que o celular já estava com bateria o suficiente ela o ligou, e enquanto o slogan da Apple sumia, ela pedia silenciosamente para que o ícone de mensagem aparecesse com o número 1 , porém isso não ocorreu. Ficou um pouco triste, pensou em escrever algo e o fez, porém por duas vezes apagou a mensagem toda e por fim preferiu não enviar nada. Desligou a luz de seu abajur e fechou seus olhos, ela não iria conseguir pegar no sono tão cedo, ainda mais depois de passar a tarde toda dormindo, porém gostava de ouvir o barulho da chuva batendo na janela de seu quarto. Ficou ali, deitada e de olhos fechados, sem pensar em nada ou ao menos tentando.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora