O Futuro de Nós Dois

Virada de página

Embarcamos em uma nova aventura que muito mais do que lazer, significava uma virada de página em nossas vidas. Não sabia se seria um recomeço, pois não tínhamos como recomeçar a vida na Itália, ao menos não tínhamos conversado sobre aquela probabilidade. Então estávamos apenas nos afastando da cidade que sufocava a minha noiva a causando muita revolta.

Depois de quase seis anos ao lado de Ana, não imaginei que eu conheceria a casa e a cidade onde ela nasceu por conta de uma grande confusão. Antes da bomba estourar irmos à Itália era algo comum em nossas conversas, mas não certo, nem planejado, apenas um rascunho sem previsão para ser passado a limpo. Diante isso meus sentimentos tornaram-se confusos, fiquei receoso, pois Ana mantinha-se em silêncio muito mais do que o normal mesmo a gente tendo se entendido.

Nosso avião particular já estava em território italiano, em poucos minutos alcançaríamos o chão e aí sim a aventura começaria. Pela janela do avião ela apreciava, encantada, a vista de cima. Estávamos muito longe ainda da cidade natal dela, aterrissaríamos em Milão, uma das cidades mais conhecidas do mundo. Antes de seguirmos para a província de Lecce, localizado na região de Puglia. E essa conversa de província e região criou um grande nó na minha cabeça até eu simplesmente entender que se trata praticamente de cidade e estado, ao menos assim faz mais sentido pra mim.

Minha noiva ficou mais emocionada do que eu previa, e chorou completamente em choque e imagino a sensação de estar de volta ao lar que aquela imagem trazia.

Encontraríamos com a família dela em alguns dias na cidade deles e teríamos o tempo todo para nós na cidade. O roteiro era conhecer Milão, Veneza, e de lá iríamos para Florença e terminaríamos o tour em Roma. Clara estava ansiosa para conhecer Roma e dizia que era o seu lugar favorito no mundo todo mesmo nunca tendo colocado os pezinhos lá.

– Mama, falta muito? Minha barriga ta estranha de novo – falou tonha manhosa no colo da mãe enquanto brincava com os fios longos de Ana, que me olhou um pouco em pânico, por que Clara já tinha enjoado e vomitado duas vezes.

– Não sei mais o que ela pode vomitar, amor.

– Eu também não sei B – deu de ombros ajeitando a menina no colo. Sentou clara de frente à ela para que deitasse contra o peito da mãe com os pés nas laterais do corpo. – Filha, respira fundo com a mamãe, tá? Falta pouco agora.

O lado bom daquela viagem de avião, se é que posso dizer isso, é que Ana que normalmente enjoa tanto quanto, não enjoou daquela vez e conseguiu ficar o vôo toda bem tranquila. Ficou o tempo todo de chamego com Clara, fazendo a menina esquecer que estávamos alto no céu. E dei graças a Deus que ela não estava sozinha comigo, pois quando íamos de Londres para a casa dos país dela eu sofria sozinho e o meu colo não parecia ser o suficiente, diferente do colo da mãe. Confesso que nessas horas o ciúme aperta forte dentro do peito. Sei que ela ama nós dois, mas a forma como a relação dela e da Ana acontece, ainda mais depois que ela voltou a organizar melhor seu tempo para dar melhor atenção à menina, é de causar inveja. Eu queria ta nesse grudezinho com ela nem que por apenas cinco minutos. Cinco minutos daquele carinho e seria o suficiente.

Ser pai sem sombra de dúvidas é a experiência mais incrível do mundo inteiro. Posso não ser o melhor, há outras coisas em que eu sou ótimo, mas ser pai é o que eu mais amo ser e me dedico para ser bom o suficiente para ela. O amor que eu sinto por Clara consegue ser maior do que qualquer coisa que eu já senti na vida e não consigo me ver sem ela, só de pensar eu sofro.

– O que foi? – Ana perguntou.

– Quando a gente vai poder entrar no assunto "irmãozinho"? – perguntei ciente de que levaria um fora ou até mesmo que seria ignorado. Minha noiva quase engasgou com a própria saliva, suas bochechas ficaram vermelhas igual um tomate.