Ela É Um Perigo

110 10 4
                                    

Bom era sentir-se leve. Caminhar sem o peso no coração. Respirar o mais contaminado ar, mas mesmo assim sentir ser o mais límpido, pois era isso que a calmaria da felicidade trazia para ele.

Coração leve, cheio e transbordando, pode isso? Alma leve também, tão leve que nem entendia o espaço que ocupava no mundo. Tentava, apenas, digerir toda a serenidade que de uma hora para outra entrou em sua vida.

Fazia um bom tempo que não se sentia assim, destemido. Sem medo de nada nem de ninguém. Confiança sempre em primeiro lugar, indo com calma que um dia chegaria lá, onde tanto desejava.

Sorrindo bobo sempre lá, sempre presente. Se expandia mais ainda quando olhava para o lado e conectava seus olhos no dela, que devolvia o mesmo sorriso, se não maior.

A música que tocava na rádio era o único som dentro do carro. Estavam ocupados demais sentindo a paz interna para conversarem. Estava bom daquele jeito, no silêncio de seus corpos.

Carolina não tinha mais culpa, conversará com a avó por alguns minutos no telefone, até chorará, pediu desculpas por não estar ao lado dela, mas ficou bem mais tranqüila quando soube que tinha sido apenas um mal estar, nada de preocupante.

- Eu te avisei. – Billie disse, debochado, quando desligou o telefone.

Seguiam para a casa dele, onde tinham planos de passar o final de semana todo juntos. Uma mochila grande com as coisas dela ocupava o banco de trás do carro, assim como um pote grande cheio até a boca com o bolo de chocolate da Cissa.

- Você se arrepende de alguma coisa que tenha feito, B?

- Sim.- respondeu abaixando o volume do rádio.

- E qual seria esse arrependimento? – indagou curiosa.

- De verdade? Nesse momento só consigo pensar em uma coisa. E isso vem me atormentando por um tempo. Tirar sua virgindade, não querendo soar machista, se é que pode ser interpretado assim, é um grande arrependimento meu.

A bolha de amor na qual Carolina estava inserida foi rapidamente estourada. A expressão de surpresa mesclada com frustração ilustrava sua leve desilusão.

- Antes que você fique imaginando quinhentas mil coisas nessa tua cabeça maluca, deixe-me explicar. – parou o carro no sinal vermelho. – Eu digo isso, pois fui muito bruto com você. Eu sinceramente não esperava que você fosse virgem.

- Eu tenho 15 anos, quem nessa idade não é mais virgem? – indagou espantada.

- Garota do céu. – ria incansavelmente. – Em que mundo você vive? Tem menina de 14 já tendo filho, Carolina. Acorda um pouco para a vida, meu bem.

- Então agora eu sou puta?

- Puta? Por Deus, quem disse isso? – virou-se exaurido para ela, antes de avançar com o carro.

- Estou apenas tentando entender o motivo de ter se arrependido. O que me faz pensar que se realmente tivesse se arrependido, porque ainda transamos, hein?

- Eu não disse que me arrependi de transar com você, falei que me arrependi de ter tirado sua virgindade. – disse já se arrependendo de ter comentado sobre o arrependimento em questão.

- Billie, cala a boca que você já ta se enrolando todo. Monte de merda que tu ta falando já.

- É , tenho que concordar, mas o fato é que eu só me arrependi porque senti que fui muito bruto, tenho certeza que te machuquei e você sabe disso, escreveu isso na carta.

- Foi por isso que daquela vez você disse que seria diferente, como nossa primeira vez deveria ser?

Emocionado com as lembranças daquela tarde, onde passaram sob a cama dele, Billie apenas concordou com a cabeça, se deliciando com os momentos que ilustravam sua mente.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora