Nem Em Um Milhão de Anos

52 7 5
                                    

Acordar no dia seguinte foi difícil. Levantar da cama só confirmaria os fatos da última noite e era a última coisa em que eu queria pensar. Nunca quis que minha história de final feliz se invertesse e terminasse triste, mas terminou.

Levantei de uma cama que não me pertencia, nua e com o corpo dolorido. Tony parecia dormir um sono tão calmo que dava pena de acordá-lo e o tirar dos lençóis macios e quentinhos que contornavam seu corpo.

Vomitei de novo, e o gosto amargo da bile veio com mais potencia do que na noite anterior. Meu corpo já não era o meu, não era como antes e a cada pisada eu sentia minha cabeça dar quinhentas voltas. Só quis voltar para a cama, fingir que nada havia acontecido e permanecer dentro do lençol pelo resto do dia, me encaixar numa conchinha quentinha e confortável e permitir que meu corpo relaxasse ao máximo, mas nada é assim tão fácil.

Eu ainda não havia chorado desde que Sophia me confirmou sobre os dois, eu não havia derramado uma misera lágrima, nem gritado, nem extravasado de qualquer outra maneira, ao invés disso eu transei com o meu primo. Fui procurar nos braços dele o que faltava dentro de mim. E eu achei, pensei que seria algo momentâneo de efeito passageiro que logo abandonaria meu corpo e me deixaria à mercê,mas não.

Ele, com seu charme italiano e com todo o romantismo que corre por nossas veias desde que nascemos, soube liderar nossa valsa, me mostrou onde pisar a cada instante fazendo com que eu me sentisse segura. Eu estava bem. E estar bem era o estranho para mim. Não sentir diversas emoções indo as alturas era um território antes nunca visitado por mim, levando em consideração a atual situação. Completamente anormal, desconhecido, mas que me causava um paz interior maravilhosa, era disso que eu precisava.

Sai do quarto do Tony em direção ao meu, manhã de quinta-feira ensolarada, até que meu dia estava começando bem. Cissa me aguardava ao pé da minha cama com o rosto nada alegre que não combinava com a manhã tão linda que se estendia do lado de fora.

– Vai me explicar que circo foi aquele ontem? – estava mais séria do que nunca, a voz grossa e rude.

– Qual parte do Billie voltou com a esposa ninguém entendeu? – não ia facilitar as coisas para ela apenas por Cissa se sentir no direito de ter uma explicação.

– Isso todos nós entendemos, até os convidados do seu pai que não tinham nada haver com a discussão de vocês.

– Então porque do interrogatório a essa hora da manhã? – o relógio na parede marcava 8 horas em ponto.

– Por que eu te conheço, menina. Mais do que você conhece a si mesma.

– Isso deveria significar alguma coisa? – entrei no banheiro para tomar banho e Cissa me seguiu.

– Que você, agora mais do que nunca, deve se preservar mais, você sabe disso tanto quanto eu.

– Um coração quebrado nunca foi de invalidar alguém, e não será comigo a primeira vez que isso vai acontecer.

– Você dormir com Tony? – Cissa levou as mãos à cabeça, tentando me mostrar à loucura que eu estava cometendo. – É o passo mais prematuro que você pode ter nesse momento.

Eu não tive como revidar aquilo, também não tinha entendido como eu fui à frente com uma decisão dessas. Ele é meu primo, eu estou quebrada por dentro, ele gosta de mim, e o que eu sinto por ele? Tinha conhecimento apenas do quanto eu me sentia especial ao seu lado e do quanto eu gostava de passar horas e horas madrugada a fora conversando com ele na cama. Desde Londres muita coisa mudou, ele me mostrou uma cidade diferente, me fez vivenciar novas experiências, me mostrou um lado dele que me derretia por dentro. Me mostrou uma nova forma de fazer amor, jeito especial dele de colar corpos.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora