[ATUALIZADO - FINAL QUE FALTAVA] To Frustrado

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Depois que nos amamos na mesa do escritório, esbarrando na tela do computador e deixando o porta lápis cair no chão esparramando todo o conteúdo, em silêncio sem dizer nada nos direcionamos para a casa dele. No carro não havia som algum, para falar a verdade não era possível nem ouvir o barulho que vinha do lado de fora. Já era noite, as pessoas retornando para suas casas depois de um dia no trabalho, outras na rua rindo segurando seus copos de chá gelado em frente a uma cafeteria e outras simplesmente passavam por ali e vai se saber qual era o rumo delas.

Eu pensava em tudo, a cabeça um turbilhão, mas meu corpo estava sereno, meu semblante relaxado e o coração num compasso mais que perfeito. B também aparentava estar calmo, a expressão tão suave quanto a minha, e a cabeça pensativa tanto quanto eu.

Ainda em silêncio subimos pelo o elevador, não conseguimos aguentar até chegar ao apartamento dele, no elevador as caricias começaram e nossos corpos se acenderam.

Nos amamos sem pressa, numa lentidão que me deixava mais derretida do que cera de vela acesa, um ato sem trocas de palavras que foi juntando os nossos corpos em um ritual magnífico bem no chão da sala. O coração foi enchendo a cada beijo, cada apertão e investida, a cada ação eu me apaixonada mais, me doava mais e meu coração enchia. Foi enchendo e enchendo até que eu não aguentei mais segurar em meus braços tanto amor que transbordei, vazei tanto que nem me dei ao trabalho de tentar impedir com a mão, simplesmente deixei o que não cabia mais em mim escorrer através do meu corpo e nisso de deixar o coração falar eu me declarei. Com todas as letras, com o coração leve e com toda certeza de que era o certo a ser feito eu me declarei, mandei um eu te amo baixinho, bem no pé da orelha quando o gozo atingiu meu corpo. Depois disso por alguns segundos não existi, meu corpo sucumbiu ao prazer e eu fui só gemidos que expressavam a saudade que eu sentia do corpo dele, da sensação que a pele, o cheiro, a boca.

Depois fiquei a mercê, esperando pela reciprocidade que nunca veio, o gozo dele veio, mas o amor não chegou até a mim e isso me fragilizou. Me senti um pontinho minúsculo no mundo que não merecia estar em meio ao abraço dele e nem sentir os lábios beijando minha nuca e muito menos receber caricias pela extensão da coxa.

Ele levantou atrás do telefone que tocava, eu assistia a TV tentando disfarçar a frustração que não passava de forma alguma, antes dele entrar no banho sozinho, pois disse que queria pensar, eu fiquei sentada de frente ao forno, calcinha e sutiã, vendo os biscoitos com gotas de chocolate crescer.

Enquanto ele tomava banho pensando se ainda me amava, eu na cozinha me debulhava em choro pensando no que eu faria com o amor que me restou.

Ele tomava banho, limpava o corpo e aproveitava para lavar a alma enquanto em frangalhos eu assistia aos biscoitos crescerem. Tomava banho enquanto decidia se me amava ou não. Lavava o corpo enquanto a aflição atingia meu corpo e me fazia desperdiçar lágrimas pensando no meu futuro ao lado dele.

Se o B descobre que não me ama, que meteu os pés pelas mãos e que confundiu paixonite, fogo no pinto, com amor, o que eu faço com o amor que habita em mim? O que vai ser de mim se ele decidir que não me ama? O que será de nós?

Desisti se assistir os biscoitos crescerem, me movi para a sala e afundei meu corpo no sofá permitindo-me cair no sono ali mesmo, com o corpo todo suado e com os nossos fluidos.

Enquanto minha mente caminhava em direção ao sono profundo uma sensação de alívio por não ter que dormir ao lado dele ia aos poucos dominando o meu corpo. Se me deitasse com ele não aguentaria dar apenas o boa noite.

Mas logo despertei do meu breve sono e quando acordei o cheiro dos biscoitos que estavam postos em cima da mesa tomavam conta da sala. Dois copos de leite gelados e ele de cabelos molhadas colocando achocolatado no meu. Sorriu-me torto, me chamou com a cabeça e quando me sentei à mesa encaixou os lábios na minha testa e os deixou ali por longos segundos.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora