Ana Banana

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- Carolina. – o pai segurava o riso entre os dedos. – Modos, temos visita.

Somente ai notou sentado no sofá com suas roupas pretas e olhos sérios o homem pelo qual era apaixonada. Pensou que desmaiaria, mas seus músculos apenas se enrijeceram. O rosto congelou em estado de choque. Os olhos arregalados e as sobrancelhas arqueadas entregavam seu desespero interno.

Seu pai os apresentou. Billie estava chateado demais para lhe oferecer um sorriso, quem dizer lhe estender a mão. Só conseguia ver a raiva de irradiava do olhar dele em sua direção.

Assim que o pai saiu da sala tentou se manifestar.

- B.. – queria se explicar, ajoelhar e pedir seu perdão. A primeira coluna havia desabado.

- Cala a boca, Carolina. Só cala a boca– sua voz era puro ódio, atirou as palavras em cima dela como quem sentia nojo por dirigir-lhe a palavra.

Tomou um susto com tamanha grosseria e não era a primeira vez que o via irritado, assim como não era a primeira vez que o motivo dele estar irritado era ela.

Mas ela tentou. Por três dias seguintes enterrou seus sentimentos e foi atrás dele para lhe oferecer a verdade. Para deixá-lo ciente do que tanto a atormentava. Para lhe explicar o motivo de sua insônia e cansaço. Cansaço físico e emocional. A mente não tinha parado de trabalhar por um segundo.

- Não!– avançou um passo. Billie a impediu de chegar perto.

- Eu não acredito no quanto fui estúpido e burro ao mesmo tempo! – usou as mesmas palavras de quando descobriu a idade dela, mas o sentimento que conduzia a frase não era o mesmo, agora através da fala ela sentia o desprezo mascarando a tristeza.

Carol mordeu os lábios para não falar besteira. Se ele estava zangado com a situação, como pensava que ela se sentia por dentro? Não era possível que ele ainda não tenha visto o desespero em seus olhos, o medo de perder quem se quer bem e próximo. Ele a ouviu no telefone quando disse que era urgente o assunto, no quanto se sentia mal por estar escondendo isso dele. Ele sabia. Billie esteve lá em todas as vezes que tentou dizer, mas o único papel que quis exercer foi o de sedutor. E ela boba deixou-se seduzir.

- Não venha dar show aqui. – respondeu ríspida. Era tola por pensar que ele entenderia.

- Eu.. Dar show? Você que fez da minha vida essas últimas semanas uma farsa.

- Que farsa, Billie? Me diz? Eu tentei te contar! . – levou a mão aos cílios limpando os olhos úmidos. – Você sabe disso.

- Ah claro, claro que você tentou. Tentou tanto que hoje eu te peguei na tua mentira.

- Que porra de mentira, Billie? – avançou até ele ficando nas pontas dos pés para seus rostos ficarem frente a frente. – Quando você vai entender que eu tentei te contar? Poxa vida, será que eu sou tão megera assim? – o empurrou de leve e caminhou até a porta. Virou-se para ele. – Eu tentei segunda, tentei terça, tentei ontem e hoje.

- Não foi o suficiente.

- Não foi o suficiente? B, você tem idéia do que disse? Sendo que você mesmo veio pra cima de mim com "cada coisa no seu tempo", "você ainda não esta pronta pra falar".

- Eu nunca que ia pensar que seria uma coisa dessas, Carol. – levou a mão ao rosto. – Pensei que era mais um dos teus casos de família, problema teu com seu pai, mas nunca ia imaginar que seria isso. Você não vê a grande merda que isso pode dar?

- A culpa não é minha se você tem tesão enrustido por garotas de uniforme escolar e por minha bunda e coxas. – disse séria, mas logo bobeou e riu com o que acabou de dizer.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora