O Futuro de Nós Dois

To Com Fome de Você

BILLIE AQUI!

Voltar para a casa no domingo foi difícil. Difícil para caralho, mais difícil do que tocar guitarra de dois braços. E só foi piorando conforme nos aproximávamos da casa dela.

Os sorrisos haviam ido embora dando espaço para a inexpressão em seu rosto e um silêncio extremamente incomodo. A vontade de explicar as coisas tomava conta de mim, mas o receio de ser mal interpretado era agonizante. Estavamos em um momento delicado, onde todas as palavras ditas tinham que ser revisadas antes de serem lançadas no ar, pena que eu, idiota como sou, só fui me dar conta depois de já ter lançado a merda no ventilador.

Entendia a raiva dela, se é que era isso que ela sentia, mas não entendia como poderíamos continuar juntos como ela pensou.

- Você finge bem. - disse quando voltavamos ao acampamento depois de termos transado no carro.

- O que? Fingir? B, eu nunca fingi orgasmo com você, eu até que pensei que na primeira vez eu não gozaria, mas eu gozei sim.

- Carol! – falei em tom de alarde.

Eu fiquei a encarando, me olhava com aqueles olhos gigantes e de alguma forma ela me derretia por dentro. Seria impossível eu não perceber caso ela não gozasse, sempre que alcançava seu ápice o corpo dela entrava em uma convulsão tão deliciosa, era como se o corpo dela me chamasse para uma dança, e eu com toda certeza sempre aceitava.

– Não to falando de sexo, eu saberia se você estivesse fingindo ou não. – ela corou em dois instantes e abriu um sorriso tão lindo que me deu vontade de agarrar ela e tascar um beijo, mas me controlei, tínhamos um assunto sério a tratar. – Eu to falando sobre a depressão. Nunca na vida que eu pensaria que você sofre disso.

O sorriso desmanchou e o olhar dela focou em alguma raiz de árvore.

- Tem dias que eu finjo tanto que eu não sei o que é verdade e o que não é.

- Eu sou de verdade?

- Como assim? – interrompeu a caminhada.

- Você esta no meio de uma crise, eu não sei quando começou, mas tenho uma idéia, e se eu estiver certo quero saber se os seus sentimentos por mim são de verdade, se você realmente é apaixonada por mim.

- Com toda certeza, B. – aproximou-se e me beijou de leve. – Eu passei tantas noites em claro na minha vida, a cabeça sempre a mil, o coração apertado e a alma doente. Mas ai eu te conheci e ter você na minha vida foi como um entorpecente. Eu fui capaz de dormir, de comer por sentir vontade e não por receio da Cissa descobrir, de sorrir de verdade, de sentir o coração palpitando de ansiedade, mas uma ansiedade boa, sabe? Não aquela que vem na calada da noite e me tira o juízo. Eu gosto sim de você, B.

Eu pensava que as palavras que ela tinha acabado de dizer me trariam alivio, pensei que ao compreender que os sentimentos dela por mim eram reais a aflição que eu já sentia no meu peito há um tempo iria embora, mas não, só piorou, pois do que adiantaria o sentimento ser recíproco se não poderíamos dar continuidade ao nosso romance?

- Me da um último beijo? – segurei o rosto dela descendo até os fios que eu adorava. – Eu vou sentir muito a sua falta.

E com toda certeza não seria pouca. Eu tenho uma parede azul no meu quarto que faria eu me lembrar dela todos os dias. Deitar na minha cama não seria a mesma coisa, nem aquela mesa da sala que eu nunca uso para nada, a não ser para transar com ela. Eu sinto uma paixão avassaladora por ela, me amarrou pelo saco sim.