Tentativa || Parte 1

142 7 2
                                    


Acorda no susto, com o despertador tocando e o coração no peito pesando. Toma banho, se ensaboa enquanto sente os batimentos desgovernados. O estresse emocional é tão grande que não consegue pensar em nada mais além de resolver seu problema.

Assim que Billie dormiu ouviu Sophia abriu um pouco a porta, com a mão espalmada na frente dos olhos, e chamou por Carolina. O deixar sozinho na cama a partia o coração, mas com o pai em casa não podia arriscar muito.

- Tem certeza que ele não vai se importar de pegarmos o carro dele?

- Tenho. Do jeito que ele bebeu só deve acordar amanhã ou meio dia.

Seguiram em silêncio para casa, era quase duas da manhã quando estacionaram o carro do lado de fora dos portões do condomínio e seguiram andando até seu lar.

- O que você vai fazer?

- Contar a verdade a ele.

- Vai ser uma barra bem difícil.

- Não vai não. – mentiu. – A gente se conhece a pouco tempo, eu não to apaixonada por ele.

- Carolina, não minta para si mesma.

- Eu não estou fazendo isso. Billie é o primeiro cara com quem me envolvo. Meu primeiro beijo, meu primeiro tudo. Eu vou superar isso.

- Mas o que você não percebe é que ele é diferente. Billie não é um adolescente qualquer da sua escola que fica jogando o cabelo de lado e mascando chiclete. – trocou as sandálias que carregava de mão. – O que eu to querendo dizer é que as exigências dele são diferentes.

- O B não me exige nada, Sophia. – "somente a verdade" pensou.

- Não to dizendo exigência de exigir algo de você, me expressei mal. O que eu quis dizer é que por ele ser um cara mais velho acabou que você viveu coisas além da sua faxeitária, entende?

- A gente não faz nada demais, só nos beijamos, saímos para comer, pintamos a parede do apartamento dele e transamos. Só isso. – Sophia riu quando Carolina terminou de falar.

- Sim, mas emocionalmente o que vocês têm é algo muito forte, entendeu? Isso é visível. E é por isso que eu digo que vai ser difícil superar isso.

- Você tem razão. – respondeu a irmã enquanto erguia a cabeça fitando o céu escuro.

Gostava de pensar nas possibilidades de darem certo, de o pai os aceitar, de Billie aceitar mesmo depois de tanta coisa. Sophia estava certa, era uma grande carga emocional que eles carregavam. Percebeu isso depois que Billie a decifrará tão bem.

Sentada na mesa observava a cena em que estava presente. John parecia outra pessoa, dando atenção a esposa e principalmente aos filhos. Se fosse um mês atrás Carolina estaria com a cadeira colada a do pai e com os olhos brilhando enquanto ele contava sobre como resolverá os problemas de filial de Londres, mas agora não. Encarava o pai e tentava decifrar ele, assim como Billie fez com ela, pra tentar descobrir o que era mentira e o que era verdade. Não em relação a viagem, mas sim sobre a vida.

Será que quando pediu perdão na tarde passada tinha o feito de coração? Será que realmente a amava ou tudo só passava de um simples teatro para que futuramente ele conseguisse o que tanto queria?

Não conseguia o ler, era tão neutro, parecia tão natural quando acariciava o dorso da mão de sua mãe. Talvez no fundo o pai tenha mudado e começado a dar mais valor para a família.

Bebia do suco em silêncio, já comera dois sanduíches feito por Cissa e um fatia de bolo. Os ponteiros do relógio se demoravam a mudar de posição. O peso que sentia no coração continuava lá se apossando de seu corpo e alastrando-se por suas veias. Nunca tinha sentido tamanha aflição.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora