Meu amor é grande e cabe nós dois

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Quando ela acordou já estávamos a caminho do hospital. Corri tão rápido com ela no colo para o carro que creio eu que fiquei o trajeto sem respirar. Foram poucos segundos, mas os segundos mais miseráveis da minha vida.

Quando desmaiou já estava dentro dos meus braços antes mesmo do corpo envergar, eu sempre iria pegar ela. Tudo aconteceu tão rápido que minha cabeça ainda esta processando os últimos momentos, estou tentando compreender a grande confusão que esta prestes a nos alcançar.

Ela desmaiou, entrou na minha frente para me proteger do que, provavelmente, seria um problema enorme para o meu rosto.

- Eu morri? - foi à primeira pergunta que fez, quis trazer humor para o ambiente tenso dentro do carro.

- Ainda não querida. - estava no colo da mãe. Margot desde que entrou no meu carro acariciava os cabelos da filha delicadamente com receio de que o movimento fosse capaz de machuca- lá.

- Para onde nós estamos indo? - tentou se levantar, um rugido de dor saiu de sua garganta e não conseguiu realizar a ação pretendida.

- Estamos indo ao hospital. - respondi pisando no acelerador, até que para um sábado a tarde onde as pessoas deveriam estar em casa curtindo suas famílias estava um trânsito caótico.

- Porque? O que aconteceu?

- Você passou mal e desmaiou, não lembra? - olhava o retrovisor toda hora tentando enxergar o rosto dela, mas não era possível. Nunca quis tanto ver seu rosto, fitar seus grandes olhos e me assegurar de que estava tudo bem.

- Ah, sim, claro. Mas não é necessário me levar ao hospital. Vamos para casa, tudo bem? Eu só estou com fome, vomitei tudo o que tinha comido e depois fui para a piscina sem comer nada depois, o que eu tive foi no mínimo queda de pressão. Preciso de algo doce. - mal terminou a palavra e levantou exasperadamente abrindo a porta do carro e vomitando um liquido amarelado.

Não agüentei olhar a cena por muito tempo, a ver passando mal me machucava profundamente. Eu estava muito atordoando por tudo o que tinha acontecido, muita coisa para pouco tempo. Quando me dei conta já estava parando o carro de frente a uma farmácia, ignorei a placa de "proibido estacionar" e sai exaurido do carro. Quando entrei no estabelecimento o segurança me olhou de cima a baixo, joguei diferentes tamanhos de curativo na cesta, joguei anticépticos, uns três tipos de remédio para estomago. Peguei as balas mais açucaradas que tinham disponíveis do display, assim como também umas barrinhas de cereais e muita água.

Eu não sei o que dizer me permito apenas sentir as ondas de desgosto pela vida, de raiva por me sentir incapaz, de amor que é o que eu sinto por ela.

Eram breves os momentos em que minha imaginação me deixava pensar que a reação de John seria tão drástica, sempre pensei positivamente, sempre imaginei que de inicio ele ficaria chateado, mas não agressivo, e que aceitaria a gente, pois veria que eu sou uma boa pessoa até porque ele convive comigo diariamente e sabe qual é o meu jeito de ser.

Creio que estava tão cego de amor, estava tão apaixonado, que não deixei a negatividade criar espaço na minha tese, tinha que dar certo. Era para ter dado certo, eu amo ela.

E eu não sou capaz de nada, estava de mãos atadas na fila de uma farmácia ficando a cada instante mais irritado pela atendente que me encarava de cara feia.

Quando chegou a minha vez joguei a cesta no balcão, fez um estrondo enorme, mas eu sinceramente estava pouco me fodendo. Ela disse o valor e me encarou. Repara minha testa suja de sangue, meus olhos vermelhos, minha pele suada e roupas levemente molhadas. Entreguei meu cartão platinum e me deparei com a cara surpresa dela que indagava como um cara sujo como eu tinha um cartão do tipo.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora