O Amor Não Escolhe Idade

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Poderia só fugir, esquecer do mundo em que vive e cair de cabeça em um novo e desconhecido. Trocar sua maneira de viver, começar a apreciar as coisas singelas que a vida fornece e absorver coisas boas. De pouco em pouco aprender a viver sozinha e ser feliz assim, só ela bastaria.

Suas cordas ainda eram presas a família, seu coração preso a um homem, e sua cabeça presa aos sonhos que quer conquistar. Não queria ser a melhor, mas gostaria de viver daquilo e para aquilo.

A dança a fascinava, era fácil ficar horas e horas em frente a TV prestando atenção aos movimentos delicados que os bailarinos encenavam na tela. Toda a paixão, ao amor, a felicidade, alegria, raiva, inveja, dor. Todos os sentimentos podem ser expostos através da dança.

Não precisa ter uma vida ligada as artes, nem saber das técnicas e nome dos passos, você precisa apenas deixar seu coração ser guiado pelos movimentos e melodia. Pega um momento de sua vida e tente encaixar no que esta sendo apresentado no palco, aos poucos você vai entendendo o que é a dança.

Por isso era especial, pois a cada festival ou apresentação podia expor um sentimento seu, mostrar conforme seus movimentos o quanto aquilo a deixava feliz ou triste.

Nunca foi de falar sobre o que sentia, nunca expôs muito seus sentimentos e suas feridas, sempre as guardava na alma, para si. Quando transbordava é por não ter aguentado segurar mais, por nem sempre ser forte como queria.

Assistiu Tony sair do prédio carregando sua pequena mala de mão e abrir a porta do táxi.

- Demorei muito?

- Nenhum pouco.

O taxista continuou, agora para um destino mais esperado por Carolina. Conforme o taxímetro ia aumentando seu coração ia acelerando e a ansiedade tomando conta de seus pensamentos.

A perna doía um pouco, mas nada que muito analgésico para amenizar por hora. O carro estacionou na entrada, onde muitas meninas e meninos subiam a extensa escadaria segurando suas bolsas e sonhos.

Somente quando colocou seus pés dentro do amplo salão refrigerado e seus olhos fitaram as diversas meninas em seus collants e meias calças sua ficha caiu. A respiração ficou presa em algum lugar de sua garganta, a calmaria e felicidade que sentia antes deu lugar ao nervosismo e a um terrível medo que gelava a alma.

Todas as outras candidatas pareciam seguras de si, os olhos aniquiladores queimava quem ousasse olhar em sua direção.

Uma vigiando o alongamento da outra, fazendo comparações silenciosas e pedindo mentalmente que alguém se dê mal na primeira etapa.

O ambiente cheirava a competitividade, as pessoas presentes estavam prontas para fazer o que quisessem por uma vaga, e isso inclui a até esconder as sapatilhas de ponta de uma concorrente.

- Vá se trocar. - Tony a lembrou estendendo sua pequena mala.

Primeiro começou com o cabelo que estava muito embaraçado, lembrou-se da mãe que a advertindo.

- Carolina, se continuar com a cabeça na janela que nem um cachorro vai demorar 7 dias para desembaraçar todos os nós.

Agora sentia na pele, ou melhor no coro cabeludo, o que a mãe quis dizer. Foi penoso, mas finalmente conseguiu ver-se livre de todos os fios emaranhados e rapidamente preparou um coque no topo de sua cabeça o prendendo com grampos dourados, a franja ficou presa lateralmente, não queria que nada desviasse sua atenção.

Encaixou-se na meia calça, colocou o collant e enlaçou a cintura com uma saia de tecido fino que arqueava levemente quando rodava. Encarou os pés que encontravam-se repletos de bolhas, já previa a dor que sentiria ao encaixá-los nas sapatilhas. Enfaixou os dedos com esparadrapo e calçou o pé, enlaçou a fita bem firme em torno do tornozelo.

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