Como se fosse uma prece

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Boa noite, meus amores!
Tá atrasado, mas saiu e espero que curtam o capítulo. Desculpa se tiver algo errado ou algumas palavras trocadas, ainda não deu pra eu revisar.

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O amor recíproco e intenso, aquele que é sentido além das aparências, resiste e persiste sempre.
- Marcel Camargo

Não estava em meus planos que a conversa fosse daquele jeito. Não tinha premeditado que dentro de seu coração havia tanto rancor acumulado. Eu contei a minha verdade, fui sincera e confessei os meus pecados diante a ele. Tomei o peso da culpa quase que todo pra mim, se não todo, mesmo sentindo que não me sinto completamente culpada. Ciência de que a minha parcela é maior eu tenho, mas não consigo tirar de mim a chateação que eu sinto toda vez que penso que de alguma forma Billie foi quem permitiu que as coisas seguissem o rumo que tomaram. Eu apenas percorri o caminho que a decisão dele promoveu sobre minha vida. Então eu assumi a culpa, coloquei todo o peso nos meus ombros e pedi por seu perdão, pois no fundo eu ainda o amo e não acreditava que um dia eu seria capaz de esquecer esse amor. Mas quando eu pedi por desculpa e vi seu olhar sem expressão eu fiquei decepcionada e quando o vi dizer que eu havia partido seu coração isso fez com que eu me sentisse mal. E os meus sentimentos? E o meu coração que também foi partido? Para ele a culpa é minha, eu o trai, mas ele esquece que permitiu que eu pensasse que havia me abandonado e que isso foi o grande responsável pela minha perdição.

O relógio faz um tiquetaquear que me irrita, nos últimos dias tenho estado em silêncio profundo no meu quarto. Evito conversar com todos e me isolo cada vez mais. Desde que Tony foi embora minha vida ficou um pouco sem nexo. Mesmo eu e Billie tendo conversado, as coisas continuavam meio frias entre nós, nos beijamos e confessamos, mais uma vez, nosso amor ao outro, mas as feridas ainda estavam abertas e cada um precisou de seu tempo.

Quando cheguei em casa o temporal ainda caia do lado de fora. As malas de Tony e de seus pais estavam postas ao pé da escada e a família reunida na sala degustando de um bom vinho durante a noite fria. Eram 21hrs quando eu entrei e todos fizeram silêncio querendo saber como havia sido minha conversa com o B, respondi o que todos queriam ouvir e me mantive quieta até que meu tio encarou o relógio e anunciou que era hora deles partirem, haviam escolhido viajar de madrugada.

Eu nunca fui boa com despedidas, ainda mais quando se trata das pessoas que eu gosto. Eu tenho essa rixa com o abandono e todo o tchau que eu dou me remete a tempos que eu não quero lembrar. Dessa vez não é diferente, abraço meus tios não tão demoradamente para poder me demorar nos braços de Tony. Ele beijou minha cabeça e senti minhas lágrimas quentes escorrerem. Eu sentia que um pedaço de mim estava sendo arrancado.

– Você esta bem? – ele me pergunta limpando as lágrimas que insistem em cair.

– Nem em um milhão de anos, não com você indo embora. – Tony volta a depositar um beijo em minha testa e minhas lágrimas também.

– Não é um adeus e sim um até logo.

– Vai valer a pena! – finjo um sorriso. Encaro Tony e vejo seus olhos tristes e cansados e me dói saber que a culpa é minha, me dói não querer que ele vá embora mesmo sabendo que é o melhor para ele. Mesmo sabendo que por mais que eu cultive um sentimento grandioso por ele dentro de mim, meu coração bate mais rápido por outra pessoa. Vejo-me egoísta, não apenas com ele, mas com Billie também. O que se passou em minha cabeça ao querer manter Tony por perto? Não seria fácil, enquanto eu e Billie teríamos uma criança ele estaria vendo tudo de fora e simplesmente não seria justo o manter por perto somente por um capricho meu, somente por eu não querer sentir sua falta. Pensei que já havia superado isso, que já tinha entendido que o melhor para ele era ir atrás de seu sonho, mas naquele momento o vendo ir embora que a ficha caiu e eu pude sentir uma enorme saudade antes mesmo de vê-lo partir.

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