Eu Te Amo Em Alemão

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Assim que Carolina deixou a sala sua cabeça deu várias voltas e um calafrio percorreu seu corpo inteiro seguido de uma sensação de queimação no meio do peito. A taquicardia era certa, assim como o nervosismo que, aos poucos, ia se esvaindo e permitindo a calmaria entrar e deixá-lo pensar com mais precisão.

Não queria meter os pés pelas mãos, e sim pensar bastante antes de falar qualquer coisa. Tinha feito um acordo de manter o relacionamento mais sincero e calmo possível e seguiria o plano a risca. Porém o fato de ter dito que a amava e não ter recebido nenhuma reação de volta o atormentava. A tormenta aumentou mais ainda quando ela pediu para que ele não dissesse nada. Sentiu seus sentimentos serem renegados, sua voz calada.

– Preciso de sua opinião. – disse assim que o amigo do outro lado da linha atendeu. – Disse que a amava, agora não sei se não ouviu, pois o pai entrou na hora estragando tudo, ou se ouviu e fingiu que não.

– Sempre achei que ela diria primeiro. – Mike mencionou seu palpite.

– Ela escreveu que me amava em seis línguas, descobri até agora três.

– Não creio que seja do feitio dela fazer isso, renegar teus sentimentos. Logo ela, doida de pedra, que fez de tudo para que ficassem juntos desde o início. Ela que se sensibilizou por sua história, que até se meteu no meio na tua birra com o Tree. Carol é confusa, sentimental, mas não cruel a esse ponto.

– Como você sabe dessas coisas?

– Eu sempre ouço você falando a respeito dela, eu concluí a partir das informações que você me deu.

– O que eu faço?

– Tenta de novo.

E tentaria, tentaria até conseguir, por fim, declarar-se, revelar seus reais sentimentos a garota que amava.

Carolina era confusão pura, como pode esquecer tal característica tão marcante da namorada? Agora mais calmo conseguia raciocinar, pensar melhor e de cabeça limpa. Conseguia interligar os pontos, pensar em motivos para a explosão dela, não estava feliz com a situação da empresa.

Desde o primeiro dia como Diretor pode enxergar a seriedade com que ela lida com o trabalho, a responsabilidade que tem com as exigências mirabolantes do pai. A frustração que ela sente por ter cada autoria sua renegada.

Lembrou-se de quando soube que Otto quem à ajudava a levar suas autorias ao pai, lembrou-se também de a ter ajudado apenas uma vez em relação a isso e sentiu um certo peso cair sobre seu coração. Um arrependimento instantâneo que roubou todos seus pensamentos e que o fez querer ter mais atenção as necessidades dela, e já tinha ideias de como ajudá-la.

Mas por hora, cancelou uma reunião que tinha com o gerente do Marketing. Estava a quase 3 MESES na empresa e ainda sentia-se perdido, por diversas vezes indagava se aquilo é realmente o que almejava para sua vida. Billie, que nunca foi um homem de usar sempre terno e gravata, que odeia acordar cedo e muito menos a falsidade dos gerentes que querem mais do que tudo provar competência, sentia falta dos dias que investia seu tempo total as coisas das quais ele realmente gostava. Quanto tempo não tocava? Quanto tempo não compunha nenhuma canção? Nem fazer lista de mercado fazia, por conta do pouco tempo que o sobrava.

Agora investia o tempo somente no cargo de diretor, na namorada, esquecendo de todo o resto, das coisas simples da vida que o faziam feliz antes da reviravolta tomar conta de sua vida.

– Você já está indo? – Eric, que não tinha intimidade com Billie, indagava.

– Desde quando eu tenho que te dar satisfação do que eu faço ou deixo de fazer? – respondeu fazendo questão de ser grosseiro. O cara de rosto e mãos pequenas não o descia por nada.

O Futuro de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora