Acabei acordando atrasada. "Esse homem está colocando minha vida de pernas para o ar". "Em que enrascada eu fui me meter".
Chegando a frente ao prédio que eu trabalho, vejo uma BMW i8. "Uau, que sonho!" Sou louca por motos e carros velozes, na verdade me apaixono por tudo que me cause adrenalina e, nesse momento, é Raul que está me causando isso. Até o nome dele faz meu sangue bombear mais rápido. A porta do carrão se abriu, me tirando do devaneio. Raul desceu do carro e fiquei paralisada. Não entendo o que ele viu em mim, o que ele quer comigo, mas já entendi que ele não aceita um NÃO tão fácil assim. Nunca gostei desse tipo de homem que se acha o melhor em tudo, mas não sei o que ele tem de diferente, porque apesar da minha recusa, queria muito senti-lo entre minhas pernas. O que me resta agora é tentar me livrar dele de novo, afinal, não posso ser tão fácil assim e está sendo muito difícil resistir a esse homem.
- O que está fazendo aqui?
- Eu disse que você era minha. Vim para avisar que ao meio-dia meu motorista vem te buscar para podermos almoçar. E não adianta recusar, já te disse que não desisto fácil.
- Eu almoço com você. – Vi um sorriso vitorioso se formar no canto do lábio. – Mas só para deixar claro que não vai acontecer nada entre nós.
- Seu corpo não te pertence mais, portanto, isso sou eu que decido.
- Como assim meu corpo não me pertence mais? Nada aconteceu entre nós e nem vai acontecer. Você é realmente louco, se precisar, tenho contatos de ótimos psiquiatras que podem tratar esse seu autoritarismo e compulsividade.
- Já avisei seu chefe que iremos almoçar para conversarmos alguns detalhes que faltaram.
- Eu já disse que não vou assumir sua conta.
- Bom, eu informei o Sr. Ramirez que só aceito negócio se for com você, então realmente não há como fugir.
- Almoço com você e nada, além disso, vai acontecer. Agora com licença que preciso trabalhar ou vou acabar com uma advertência. E será sua culpa.
- Meu motorista estará aqui ao meio-dia em ponto, não esqueça. - Saí sem responder.
Queria muito falar com a Bárbara, mas seu celular está desligado desde sábado.
Foi difícil me concentrar no trabalho durante a manhã, fiquei ansiosa, imaginando como seria e o que eu faria para evitar as investidas dele. "Será que eu iria resistir?" Nem conheço o cara e ele é o único homem até hoje que despertou meu corpo. Tenho que ser forte, se eu me entregar, ele pode destruir meu coração e acabar com a carreira pela qual lutei tanto. E também não sei se ele é o homem certo, eu ainda espero por um amor e não só sexo, mas ele provoca em mim sensações que nunca senti antes.
Chegando perto do horário, eu estava suando, agitada, sem saber o que fazer. Pensei em desistir, não aparecer e deixar o motorista esperando, mas não tive coragem de ser tão rude.
Conforme o combinado, meio-dia o motorista estava me aguardando. Peguei minha bolsa e saí para enfrentar a fera. O carro luxuoso reluzia ao Sol, fiquei vidrada. O motorista se apresentou como Carlos. Entrei e meus ouvidos foram preenchidos com uma música relaxante. Não consegui pensar no que falar quando encontrasse o Raul, então achei que seria ideal se só conversássemos sobre trabalho. Ainda confusa e indecisa, desci do carro quando Carlos abriu a porta. E lá estava ele, perfeito em todo o seu conjunto.
Com o olhar fixado em mim, a sensação é que eu estava sendo sugada para um mundo diferente. Não sei por quanto tempo fiquei parada, quase hipnotizada. Então ele estendeu a mão.
- Vamos?
Eu o acompanhei.
Entramos em um prédio luxuoso com o letreiro de Construtora e Incorporadora Garra. O segui até o elevador e, ao entrar, torci para que mais pessoas viessem juntas, mas depois que lotou, desejei o contrário, porque acabei ficando muito próxima dele e isso não era bom. Fiquei tensa e senti que ele também respirava entrecortado. Raul estava muito calado e sério, não tentou me tocar em nenhum momento. Fiquei aliviada e confusa. Tentava entender porque esse homem mexia tanto comigo e só a sua proximidade me fazia sentir coisas que jamais havia provado. Para aliviar a tensão, perguntei:
- Achei que íamos a um restaurante.
Ele continuou calado. Fiquei sem graça, me senti uma boba falando sozinha, mas percebi que ele não tirava os olhos de mim. Quando o elevador ficou vazio próximo do último andar, ele falou:
- Preferi um lugar mais reservado onde ninguém nos atrapalhasse.
- Mas o que temos para conversar não precisa de privacidade.
- Nisso é que você se engana, garota.
O elevador abriu as portas, Raul segurou na minha mão e me puxou para fora. Com o toque de sua pele fiquei super excitada.
- Eu não sou uma garota, Raul.
- Eu também não sou moleque Cecília, por isso temos que parar com essa brincadeira de gato e rato e irmos aos fatos.
Seguimos para sua sala e ele disse para a secretária, uma loira de cair o queixo, que não queria ser interrompido. Raul me indicou a cadeira e sentou-se ao meu lado, não na sua do outro lado da mesa. Isso me fez ficar mais nervosa. O almoço estava disposto sobre a mesa e ele me serviu em silêncio, depois se serviu e comeu sem nem me olhar. O silêncio e a ansiedade estavam me matando. "Que diabos ele queria conversar que não podia ser em um restaurante?" A cada minuto a tensão aumentava entre nós. Terminamos e ele interfonou para a secretária vir retirar os pratos. Quando voltamos a ficar a sós ele me olhou seriamente.
- Tenho uma proposta para você.
- E qual seria essa proposta?
- Se trata de nós dois. Ou melhor, sobre o prazer que ambos podemos nos proporcionar. Eu quero que você seja minha e quero te possuir de todas as formas. Não consigo esperar mais nenhum minuto para te provar, estar dentro dessa bucetinha molhada e sei que você também sente essa atração. Não tem como negar.
"Ele é louco! É verdade que fiquei tentada, mas sou virgem e não sei como poderia contar isso pra ele! Iria rir, com toda a certeza. Além do mais, não penso em ceder e me entregar. Ele acha que vai ter tudo o que quer? Pois eu não vou dar nada a ele".
Sinto os dedos de Raul sobre as minhas pernas, ele se aproxima e eu começo a suar. "Ai meu Deus, o que eu faço?" Ouso olhar para ele e seus lábios estão perto demais. Raul hesita. Fecho meus olhos e ele novamente têm seus lábios sobre os meus, sua língua me invadindo, me acariciando, me possuindo.
"O que eu estou fazendo? Não posso!" - Empurro ele para que se afaste, e me levanto, mas ele me segura.
- Hoje você não vai fugir.
- Me solte ou vou gritar. - Ele coloca a mão na minha bunda e, quando vou gritar, ele puxa meu celular do bolso de trás e disca seu número. Entrega meu telefone e se levanta.
- Agora pode ir. Já tenho o número do seu celular. Às 18 horas estarei na porta da empresa e vamos jantar.
Ele se afasta e eu sinto um vazio. Tenho a impressão que essa sensação só vai passar quando eu o sentir por completo e isso me assusta.
Ainda estou tentando digerir tudo o que aconteceu nesses últimos minutos. Nunca senti nada assim. Esse beijo me deixou extremamente excitada e agora que ele se afastou me sinto frustrada. Tento me recompor, mas minhas pernas estão moles, minha respiração acelerada. Pego minha bolsa e vou em direção à porta sem falar nada. Olho para trás e não o vejo.
Sozinha no elevador, penso: "O que tenho a perder? Tenho 30 anos e sou virgem, que patética! Fico à espera do príncipe encantado e, até agora, Raul é o mais próximo de um, com seu cavalo branco de quatro rodas, um castelo com seu próprio nome e um corpo de ator de cinema". "Só que eu queria mais que a aparência, queria me apaixonar, e isso que estou sentindo não sei ainda identificar".
Horas mais tarde, depois de uma tarde de trabalho maçante, decido: "Não tenho nada a perder. Só a virgindade!" Dou uma risada alta, ainda bem que não tem ninguém por perto. Vai ser o início de uma nova fase da minha vida.
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Amor Tardio
RomanceMinha vida era pacata, trabalho de rotina, amigos de sempre. Virgem aos 30 anos, já tinha entendido que balada não é lugar de amor e, que para um homem me possuir, teria que ser muito diferente dos outros. A expectativa era de mais uma noite igual...