Mudança

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Tento dirigir devagar, não consigo parar de chorar. Quando chego em casa e fecho a porta consigo ver Raul em toda parte. No meu sofá, na cozinha, no banheiro, na minha cama. Volto a chorar, dessa vez com desespero. O que vou fazer da vida? Nunca imaginei isso, vou para o sofá e deito. Nunca pensei passar por isso, engravidar e terminar como terminei com Raul. Uma coisa é certa, nunca vou apagar essa mensagem que ele me mandou para eu nunca esquecer que com homens não se brinca. São todos iguais: safados traidores. Fico me martirizando com as palavras que Raul me disse. Desconheço o homem que me apresentou a sua família e o que conheceu meus pais. Nunca foi verdade, nunca teve amor, pelo menos não da parte dele. Não consigo comer nada, vou pra cama, talvez dormindo me esqueço tudo isso.

Acordo me sentindo péssima, mas preciso ir trabalhar. Assim levanto, vou ao banheiro e tomo banho. Olho-me no espelho e passo a mão na minha barriga, ainda não acredito que vou ser mãe. Imaginei isso várias vezes, mas nunca pensei que aconteceria. Só a lembrança de saber que a única coisa que restou de mim e Raul está aqui dentro me deixa abatida. Sempre pensei que seria o momento mais feliz da minha vida, mas isso não aconteceu. Empurro esse pensamento para o fundo da minha mente. Agora tenho que ser forte, por mim e pelo meu bebê. Não vou fraquejar, vou dedicar cada minuto da minha vida a essa criança. Saio do banheiro e começo a me arrumar. Tento pensar que irei rever Pedro e que ele deve estar com saudades de mim. Penso em ligar para a Bah mais tarde. Não quero ficar em casa sozinha remoendo o abandono do Raul. A primeira coisa que vou fazer é me concentrar em trabalhar minhas decisões futuras. Acho que seria uma boa passar uma temporada na filial em São Paulo. É isso mesmo! Vou pedir ao Sr. Ramirez transferência para a filial.

Chegando à empresa subo e já sou recebida pelo largo sorriso encantador do Pedro.

- Oi viajante, famosa e popular! Tudo bem? – Ele é tão fofo comigo, já sinto vontade de chorar.

- Quem dera fosse isso tudo meu querido. Trabalho é trabalho em qualquer lugar. – Respondo abraçando-o é tão bom ter meu amigo de volta.

- Mas me conta como foi tudo? Fiquei sabendo que passou mal no domingo? Vai falando.

- OK, senhor investigador. Na hora do nosso almoço conversamos e te conto tudo. - Ao menos tudo que posso, penso eu.

- Está bem. Só vou deixar passar por que o Sr. Ramirez disse que assim que você chegasse era para ir direto para a sala dele. Então vai, porque a cara não estava boa. – Não entendo o motivo, estava tudo bem sábado, o que pode ter acontecido?

- Droga! Nem cheguei direito e já vou levar bronca? Isso não é justo. – Tento brincar.

Passo na minha sala. Deixo a bolsa e o casaco e me encaminho para a sala do Sr. Ramirez. Bato na porta e uma voz que identifico como a da secretária, diz que posso entrar.

- Olá, bom dia. O Sr. Ramirez não está aqui na sala?

- Bom dia. Está sim. Vim somente deixar o café dele aqui.

- Como não me viu aqui Cecília? –Sr. Ramirez fala.

- Bom dia Sr. Ramirez, o senhor estava atrás da porta e quer que eu o veja? – Brinco com ele, afinal, temos esta liberdade.

- Claro que deveria, quase bateu a porta em mim.

- Desculpe-me. Não o vi realmente. Mas então, o que queria comigo?

- Obrigado Rebeca, por enquanto é somente isso. – Ele agradece a secretária.

- Então Cecília, gostaria primeiramente de agradecer pela sua imensa ajuda na filial em São Paulo e sua prontidão em aceitar o trabalho. Saiu-se muito bem mesmo! Sabia que poderia confiar em você.

Amor TardioOnde histórias criam vida. Descubra agora