Recomeço

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Quando chego em casa me lembro que ainda não falei nada com meus pais, então resolvo adiantar algumas coisinhas por telefone. Enquanto preparo um lanche, ligo para casa deles e coloco no viva voz. No segundo toque, meu pai atende.

- Alô.

- Oi pai. Sou eu, sua filha, Cecília.

- Meu amor, eu ainda não tenho outra filha. – Meu pai ri.

- Que bom que você está com um bom humor, pai. Mamãe está por ai?

- Sim, por quê?

- Vou falar. Chama ela e coloca no viva voz.

- Querida, Cecília quer falar conosco.

- Já vou logo adiantando que está tudo bem!

- Olá filhota.

- Oi mãe.

- Está tudo bem?

- Sim. Acabei de falar isso com papai.

- Então está bom.

- Mãe, pai, eu decidi pedir transferência para a filial da empresa que abriu aí em São Paulo. Além de eu ter gostado muito da empresa, vou ficar mais próxima de vocês e também foi necessário.

- Minha filha, amei essa notícia. - Fala meu pai.

- Mas qual foi a necessidade disso? - Minha mãe sempre mais perceptiva.

- Mãe, nada demais. Por enquanto fiquem sabendo que estou indo. E já é semana que vem. Quando eu chegar, aviso. Já está tudo quase pronto. Somente tenho que acertar o aluguel do apartamento.

- Está bem minha filha.

- Querida, você vem no final de semana?

- Provável que sim pai, mas não sei se vai dar para passar aí porque já começo a trabalhar na terça-feira. Olha, vou desligar. Tenho que começar a embalar as coisas. Beijos meus amores.

- Beijos filha.

- Tchau querida!

Despeço-me dos meus pais e começo a embalar a minha mudança. Tento não pensar em todos os momentos felizes que passei nesta casa, principalmente com Raul ao meu lado. Isso é ser cruel comigo e não quero e nem posso ser assim. Tenho que focar na minha vida daqui para frente e nela não há espaço para o Raul. Começo com algumas louças que eu não uso. Em seguida, vou para o meu mini escritório montado aqui em casa. Encaixoto alguns livros, alguns CD's e DVD's. Estou me sentindo um pouco cansada e decido parar e continuar amanhã. Vou para o chuveiro, ligo a água e algumas lembranças serpenteiam a minha mente. Como era bom tomar banho ao lado do Raul, sempre era uma aventura emocionante. Mas da mesma forma que estes pensamentos vêm eles vão embora, afinal, não consigo esquecer de tudo o que o Raul disse em nosso último encontro. E não pretendo esquecer nunca. Decido terminar o meu banho, visto meu pijama e me deito na cama. Fico imaginando como será o rostinho do meu bebê. Sim, nisso é que devo me concentrar. Às vezes penso em ter um menino, mas em outras vezes vejo as roupinhas lindas de meninas e penso que queria uma.

Tenho que me preparar para enfrentar a reação dos meus pais. Não faz muito tempo que eu levei o Raul a minha casa e apresentei a eles. Eles não vão entender o porquê de não estarmos mais juntos, mas tenho que ser cautelosa. Não quero que eles saibam de toda a verdade e tomem as minhas dores.

Limpo meus pensamentos e decido dormir. Amanhã será um novo dia e tenho diversas coisas para fazer.

Acordo pela manhã e, por incrível que pareça, sem enjoo. Não tenho fome, mas me forço a comer, pois meu bebê está em primeiro lugar. Faço um café e pego algumas torradas, estou com vontade de comer creme de avelã, então encho a torrada e como. Nunca achei tão delicioso assim. Acho que é minha comida preferida agora. Tomo meu café quente.

Amor TardioOnde histórias criam vida. Descubra agora