Amor Tardio

Nem tudo são flores

Acordo mais cedo que o normal. Não quero ver Raul hoje. Tomo um banho rápido, me visto e saio na ponta dos pés. Passo na porta do quarto e vejo Raul deitado. Sinto vontade de ir até ele e pedir para ele se abrir. Percebo uma luta entre a razão e o que sinto por ele. Resolvo ir embora. Pego minha bolsa no balcão e desço. Sinto meus olhos salpicarem. Será que eu fiz certo? E se realmente foi engano, mas se foi, por que ele não quis vir atrás de mim e me contar?

Chego à portaria do prédio do Raul e peço ao porteiro para chamar um táxi. Aguardo do lado de fora, a brisa da manhã me faz relaxar. O táxi chega. Luto internamente para entrar de novo e ir atrás dele. Sem perceber meus pés me põem dentro do carro, falo o endereço da empresa, encosto no banco e deixo os pensamentos me levarem.

Chego mais cedo que de costume na empresa e pego firme no serviço. Não quero nada acumulado ainda mais faltando praticamente uma semana para eu viajar.

- Ei linda, deu formiga na sua cama? - Pedro está parado na porta olhando para mim.

- Bom dia! – Falo, ele entra e senta na cadeira a minha frente.

- Dia difícil?

- Noite difícil.

Ele já me conhece. Pedro foi meu presente particular na empresa, não sei como seria sem ele. Nem lembro como era antes.

- Quer falar disso?

- Prefiro tomar um café forte e gostoso, para me animar. O que acha? - Ele levanta e estende a mão.

- Me acompanha?

Sorrio para ele.

- Claro! - Pego a mão dele e vamos para a copa.

- Então gata, almoço hoje? - Pegamos nosso café e sentamo-nos à mesa.

- Hoje tenho que almoçar com o Rodrigo, quer ir?

- Não, vou deixar você ir sozinha dessa vez.

- Preparado para sair com a Bah? - Ele sorri lindamente.

- Ansioso. Conversamos pelo WhatsApp. Acho que ela é muito interessante.

- O que quer dizer com isso?

- Ela não é só um corpo fenomenal, ela é super inteligente e sei lá, ela é diferente.

- Quero que vocês se deem bem. - Pego a mão dele e falo - Tanto ela como você, são meus melhores amigos. Seria ótimo vocês se darem bem.

- Tomara que sim. Conto com isso.

Me levanto e digo:

- Vamos apaixonado, temos muito que fazer.

Voltamos para minha sala e vejo meu celular em cima da minha mesa onde coloquei. Assim que cheguei à empresa, coloquei no silencioso. Lembro-me de Raul e fico triste novamente.

Quando vou por celular de volta na mesa ele vibra. Vejo de quem é a mensagem. É do Raul.

*Senti sua falta na cama, já não sei dormir sem você nos meus braços. Desculpe por ontem à noite. Sei que prometemos que não poderíamos mentir um para o outro, mas às vezes é melhor deixar para lá e não falar. Você é importante para mim. Estou triste sem você. Tenho uma reunião agora, ligo para você depois. Beijos do seu Raul.*

Minha manhã de trabalho ficou chata e cansativa. Estar brigada com o Raul me faz mal e as horas se arrastam. Espero que ele possa me explicar o que significa aquela jaqueta, porque eu estou muitíssimo chateada.