Vazio

3.8K 316 13
                                    



RAUL

Estou correndo há um bom tempo mas não ligo, não tenho que ir ao escritório hoje e considero sábado um dia perdido para mim, já que acordei praticamente de madrugada, por ainda não conseguir dormir direito. Inferno! Meu sono nunca mais foi o mesmo. Vim para a academia, pois sabia que não iria conseguir dormir novamente, fiz tudo que podia. E agora estou correndo a um tempo muito maior do que poderia, nem me importo mais, só quero ter algo para fazer. Poderia até ir ao escritório se quisesse, mas não tenho nada para fazer lá. Todo o serviço que estava acumulado resolvi durante a semana e ainda adiantei muita coisa. Hoje é o almoço na minha mãe, saindo daqui vou me arrumar e vou direto para lá. Sei que vou ter que falar sobre a Cecília, o que não me agrada. Mas uma hora isso vai acontecer. Então que seja agora e depois nunca mais falarei dela.

Chega!

Corro em direção a meu apartamento, seguindo em modo automático.

Direita, esquerda, sobe, desce, direita, esquerda, prédio! Porteiro, elevador, não...escadas.

Chego em casa e me jogo no sofá, quero só ficar aqui, sem nada para fazer. Ligo a TV para ter algum barulho. Estou há um tempo assim quando meu celular toca. Olho para ver quem é. Minha mãe, então resolvo atender.

- Oi mãe!

- Oi meu filho! Estou ligando para te lembrar do almoço. Está confirmado?

- Claro mãe, daqui a pouco chego aí. Estou no meu apartamento e é o tempo de tomar banho e ir.

- Então se apressa estou com saudades de você.

N, ,bbbbbbbbbbbbbbb

- Também estou com saudades mãe! Então até daqui a pouco!

- Beijos meu filho!

- Beijos mãe. - Desligo o telefone.

Meu coração se aperta um pouco. Nem quero pensar nisso, nem nela, em nada. Levanto-me e vou para o banho. O estranho é que a pior parte da minha própria casa está sendo meu quarto e meu banheiro. Assim que entro vejo na pia os produtos de Cecília. Ainda não tive coragem de mexer em nada, isso me dá ilusão que ela estará aqui a qualquer momento. Viro-me e entro na ducha. Deixo a água bater em mim até resolver me ensaboar. É aí que vejo seus produtos de cabelo. Que inferno. Tudo tem o toque dela aqui e esse ambiente parece mais dela do que meu. Termino o mais rápido que posso e saio do banho direto para o quarto. Mas é claro que, abrindo meu guarda-roupa, suas malditas coisas estão lá sorrindo para mim. Merda. Tenho que dar um jeito nisso, vou queimar tudo. Melhor, vou doar para pessoas carentes. Não, isso seria muita dor de cotovelo. Vou recolher tudo e devolver para ela. Maldita hora que pedi para ela trazer as coisas para cá, como sou burro ou louco.

Arrumo- me rapidamente e sigo até o elevador. Dessa vez estou calmo e com uma cara melhor, por minha mãe. Ligo o carro e sigo na direção do meu almoço.

Chego à casa da minha mãe antes do horário combinado, de certa forma é bom não estar na minha própria casa. Mamãe me recebe com um abraço.

- Que saudade meu filho! Venha, entre! Cadê a Cecília? Ela não pôde vir? - Pronto já começou bem.

- Não mãe ela não veio comigo. - Sentamos no sofá.

- Por que meu filho? Aconteceu alguma coisa com ela?

- Aconteceu conosco, não estamos mais juntos. - Minha mãe me olha sem entender.

- Meu filho, não sei o que aconteceu, mas sei que vocês se gostam. Você tem certeza disso? Amor como o de vocês não se encontra assim, fácil e também não deve perder-se sem luta. - Não quero entrar em detalhes, mas ela é minha mãe e vai sugar informação.

Amor TardioOnde histórias criam vida. Descubra agora