Resistência

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Assim que saio do prédio ainda estou agitada, cheia de pensamentos sobre o que fazer, estou tão confusa, o que ele vai pensar e fazer a respeito dessa situação de eu ser virgem, e se ele desistir? O melhor que posso fazer agora é me focar no meu trabalho e esquecer essa situação que me meti, ainda tenho algumas horas de trabalho e um tempo para pensar se realmente vou fazer isso.

Preciso conversar com alguém sobre isso. Nada melhor que falar com a Bárbara, ela sempre tem algo a dizer sobre tudo. Ligo para ela contando o que aconteceu desde o dia da boate. Ela achou o máximo toda história e falou pra eu aproveitar, afinal não estou casando com ninguém. Disse que eu devo pensar nisso como uma diversão passageira. Queria que fosse tão fácil. Mas depois de conversar com a Bah resolvo que vou sim sair com ele, sem culpa.

O resto da tarde, trabalho focada tentando esquecer, mas Raul não sai da minha cabeça, seus beijos, seu corpo, sua intensidade. Com todos esses sentimentos, me sinto cada vez mais diferente e necessitada dele. Ligo para a minha manicure e marco um horário, tenho que ficar apresentável, nunca saí com um homem com tanta certeza de que ele repararia em tudo. Agradeci aos céus por estar depilada então precisaria apenas de uma bela roupa, unhas bem feita e maquiagem. Se fosse pra impressionar, queria estar preparada.

Pedi ao meu chefe para sair mais cedo, ele concordou. Como Raul havia deixado seu número no me celular, resolvi mandar uma mensagem de texto avisando que preferia encontrá-lo no restaurante. A resposta veio de imediato: "Te pego em casa às 18:00."

Decidi não responder, pois sabia que não adiantava questionar. Como ele sabe onde eu moro? Será que devo me preocupar com isso? Ele pode ser algum louco? Ri do meu próprio nervosismo.

Depois de sair do salão com as unhas feitas e o cabelo arrumado, fui pra casa, hidratei meu corpo, coloquei uma calcinha fio dental, apenas pra não marcar, e meu vestido preto de um ombro só. Fiquei pronta rápido, então esperei ele chegar.

Quando o carro chegou, passei meu perfume e desci ansiosa. Minhas pernas tremiam, não sei por que ele mexe tanto com minha cabeça. Assim que o motorista, Carlos, abriu a porta, olhei pra dentro e vi que o moreno não estava lá. Fiquei perdida. Por que ele não estava junto?

Carlos, muito atento, esperou que eu entrasse e fechou a porta. Assim que entrei meu telefone tocou, era minha mãe, pensei se atendia ou não, mas resolvi ignorar porque certamente essa conversa iria demorar. Enfrentamos o trânsito da hora do rush e percebi que estávamos voltando para a empresa dele. Paramos em frente e, quando a porta se abriu, estava ele lá, lindo, como no almoço, com exceção da gravata que havia tirado. Respirei fundo. Raul me ajudou a sair e fomos andando até o estacionamento. Num silêncio bem-vindo, nos aproximamos de uma Mercedes branca. Puxa, outro carrão! Um movimento me tirou do transe e, antes que eu pudesse reagir, sua boca estava na minha. Um fino sabor de hortelã e Raul, reunidos num lábio macio e molhado. Senti que eu estava úmida. Com a mesma intensidade que ele começou o beijo, parou. Beijou-me na bochecha. "Você está linda! Vamos logo, esta noite ainda nem começou."

Então entramos no seu carro e fiquei observando sua atenção ao volante. Ele era impressionante, tudo nele chama minha atenção, seu olhar concentrado, suas mãos decididas, seu corpo perfeitamente encaixado no terno. Ele não falava muito, então passei a olhar para fora da janela, querendo saber para onde iríamos.

"Desculpe por não ter ido te pegar em casa. Tive uma reunião de última hora, mas agora eu sou todo seu, vamos ter uma noite muito agradável."

Olhei para ele e só afirmei com a cabeça.

Chegamos ao restaurante, não reconheci a fachada, nunca ouvi sobre esse lugar. Ele deu a volta, abriu minha porta e estendeu a mão.

"Fique tranquila, você vai gostar."

Amor TardioOnde histórias criam vida. Descubra agora