Amor Tardio

Caos

Bom dia mundo, bom dia vida! Que segunda-feira linda. Ontem depois que comi e escovei os dentes, apaguei, nem me lembro de ter puxado as cobertas. Vamos embora, Rio de Janeiro, Raul e meu trabalho me esperam! Como as malas já estavam prontas por causa da viagem de ontem, então somente tenho o trabalho de pegar minha bolsa e me ajeitar para um voo rápido. Ligo para a recepção e peço um táxi. Quando desço, o táxi já está a minha espera. Entro, digo o destino e a primeira coisa que eu faço é ligar o meu celular.

Assim que ele liga sou bombardeada de mensagens. Algumas delas da Bárbara, mamãe e outras do Raul. Passo rapidamente pelas da Bah e da mamãe. Respondo a elas avisando que já estou bem. E abro as do Raul, que vieram com multimídia. Assim que vejo a primeira foto meu coração já dispara, começo a suar frio e meus olhos se enchem de lágrimas. Não por emoção e sim por ódio, raiva e desequilíbrio total.

Uma imagem de uma ruiva sentada no colo de um Raul sorridente com a seguinte mensagem:

*Achou que eu iria ficar sofrendo pelos seus falsos sentimento Cecília? Está enganada! Fique sabendo que estou bem e feliz aqui!*

Puta que pariu! Que merda é essa de falsos sentimentos? Quem é a vagabunda? Onde e quando foi isso? Ainda tenho que pegar um avião para chegar até o Raul? Que ódio! Quero ele aqui e agora! Quero gritar, xingar, bater... vou explodir! Nunca me senti assim tão triste, com raiva e acima de tudo humilhada! O que será que aconteceu para ele fazer isso comigo? Não entendo. Não entendo. Falsos sentimentos? Eu estava louca para chegar em casa e poder me encontrar com ele, poder beijar, abraçar e satisfazer nossos desejos. E como sou recompensada por sentir e querer fazer isso? Com uma traição! Que porra! E nessa hora que minhas lágrimas não querem parar de rolar chego ao aeroporto. Retiro meu óculos da bolsa, o coloco e entro com minha mala. Vou para o primeiro guichê e solicito uma passagem para o Rio Janeiro, o horário mais próximo!

- Hoje é seu dia de sorte senhorita tem um voo saindo daqui uma hora e temos vaga. É somente uma?

- Dia de sorte eu não sei, mas sim, é somente uma passagem. - Essa atendente que não sabe o que está acontecendo, se não ela até iria querer ir comigo para o Rio. Nada de sorte nesse dia de merda!

Entro no voo e minhas lágrimas mais uma vez começam a descer pelo meu rosto. Nem tento conter mais o choro. Não tenho mais forças e choro calada. A senhora ao meu lado se preocupa.

- Minha filha você está bem? Quer alguma coisa? - Olho pra ela.

- Estou sim. Não é nada demais, só um momento triste. - Ela faz que sim com a cabeça. Viro meu rosto para a janela. E fico quieta. As lágrimas ainda escorrem, mas em silêncio. Acho que chorar vai me ajudar. De alguma forma tenho que tirar essa dor de mim.

Preciso pensar agora, o que vou fazer? Vou direto ao escritório de Raul tirar satisfação? Ligo ou mando mensagem o mandando ir à merda? Evito-o e nunca mais apareço? Meu Deus o que vou fazer? Dói tanto isso. Nunca pensei que iria acontecer o mesmo que aconteceu com minha mãe. Mas não sou minha mãe, eu não vou aceitar nada disso. Não quero viver infeliz esperando Raul me ver como deve. Isso já está decidido. Não tenho mais nada com ele. Só tenho que vê-lo e conseguir dizer isso.

Chego em casa muito cansada, parece que viajei o dia todo. Desfaço minhas malas, não quero ficar parada para não pensar bobeira. Faço tudo lentamente. Quando termino, ponho algumas roupas na máquina para lavar, tento arrumar minha casa, mas está tudo organizado, pois nunca fui desleixada. Faço um sanduíche e tento comer com um suco. Não tenho nenhuma fome, mas tenho que me cuidar. Lembro do médico falando comigo, preciso ser responsável sobre minha saúde. Lavo as vasilhas que sujei e resolvo descansar um pouco, estou esgotada fisicamente e emocionalmente. Tento não pensar, mas Raul não sai do meu pensamento. Aquela foto está martelando em minha cabeça deve ser por isso que dói. Vou tentar dormir pra tentar me acalmar e conseguir falar tudo que estou pensando para o Raul sem perder o foco.