Jimin POV:
Era terça-feira, à tarde, mas eu não tinha certeza do horário. Eu não saía do quarto desde o dia anterior. Surpreendentemente, as verdades que eu ouvi sobre a minha mãe me afetaram mais do que eu podia imaginar, e eu não conseguia evitar de me sentir um lixo.
As palavras que Namjoon e Jungkook despejaram sobre mim na manhã anterior não paravam de martelar na minha cabeça compulsivamente como uma tortura. Sei lá, é como se toda a minha vida tivesse sido uma mentira mesmo que eu nunca tenha sido enganado; eu sei que é difícil de entender, e eu não conseguiria explicar melhor do que isso.
Jungkook não saiu de perto de mim em nenhum momento, mesmo quando nem eu mesmo me aguentava mais, a paciência dele permaneceu ali, fazendo-o suportar a minha insuportável crise existencial.
Eu sentia vergonha de parecer tão fraco na frente dele, mas quem disse que eu era capaz de impedir as lágrimas de caírem? Eu estava literalmente em cacos.
– Uljima~ – resmungou Jungkook quando repentinamente meu choro se intensificou.
– Desculpa. – tentei ser firme, mas minha voz saiu em forma de sussurro.
Sem forças para me recompor, apenas respirei fundo e me virei para o outro lado.
– Se eu te peço pra não chorar, é porque eu não quero te ver triste. – ouvi sua voz doce no meu ouvido enquanto sentia sua mão macia no meu cabelo e na minha nuca.
A campainha tocou. Me virei com o cenho franzido, estranhando o fato de Jungkook ter corrido para atender a porta sem nenhuma hesitação.
– É o Tae-hyung. – me informou antes de deixar o quarto.
Suspirei e me virei de volta. A última coisa que eu ia querer na minha vida era que o chato do Tae me visse naquele estado.
~*~
Eu não conseguia dormir, minha cabeça continuava a mil. Me revirei tanto na cama que já estava começando a ficar com calor, por isso me levantei.
Mas não dava para ir até a cozinha sem que Taehyung me visse.
Inquieto demais pra ficar no quarto, resolvi me esconder atrás da parede que dividia a sala do corredor do quarto e do banheiro, e ouvir o que tanto aqueles dois tinham pra conversar.
Observei os dois sentados no chão da sala, de frente um para o outro, falando baixo como se dividissem segredos. Confesso que senti certo ciúmes ao perceber os amigos tão íntimos, como se já se conhecessem há anos, mas essa sensação foi embora imediatamente ao prestar atenção no que os dois falavam.
– Eu daria qualquer coisa pra poder trocar de lugar com ele agora e sentir a dor que ele está sentindo ao invés dele. – dizia Jungkook.
– Poxa, você ama mesmo o Jimin, né? – o loiro questionou, pensativo.
– Eu amo com todo o meu coração! – sorri com o jeito fofo como ele afirmou isso sem hesitar – Jimin me ensinou o que é amar de verdade. Sem medo, sem dor… Só o mais puro e verdadeiro amor.
Ouvir aquilo foi como se eu tivesse tomado uma injeção ânimo e de sentido, de repente, toda a minha vida voltou a fazer sentido.
– É… Maior do que o que você sentia pelo Suga?
“Qual é a sua intenção, hein seu loiro enxerido?” – pensei, começando a me irritar.
– Nem se compara! – meu namorado esnobou a ideia de imediato – Eu me sentia um bonequinho, um objeto pro Yoongi. Mas para o Jimin não, pra ele eu me sinto alguém importante. De um jeito que eu nunca me senti pra ninguém.