V POV:
À noite, saí do banho e encontrei Jin deitado na minha cama com o olhar perdido, uma expressão desolada, abraçando meu travesseiro. Puro drama, é claro, mas mesmo assim não pude deixar de sentir uma dózinha do meu irmão.
Vesti uma calça de moletom que estava jogada sobre a poltrona e me deitei ao seu lado, o encarando.
– Está frustrado, né? – adivinhei, tirando a franja da frente de seus olhos.
– O que será que há de errado comigo, hein? – choramingou dramaticamente.
– Não há nada de errado, hyung…
– Como não? – me interrompeu, aflito, pondo-se sentado – Pode até ser normal um estabelecimento ou outro, uma empresa ou outra “não estar precisando de funcionários no momento”. – fez as aspas com os dedos de forma exasperada – Mas ninguém em Seul inteira querer me contratar? Só pode ter algo de muito errado comigo!
– Você não achou mesmo que encontraria emprego no primeiro dia procurando, né hyung? – questionei da forma mais delicada possível, me sentando de frente pra ele – Nada nessa vida é fácil.
– Aish, eu estou percebendo isso. – bufou, fazendo um biquinho – E não estou gostando nada.
Imitei seu biquinho, voltando a acariciar seu cabelo.
– Não se preocupe tanto. Logo logo você vai conseguir o que quer.
– Depois de hoje, eu já não tenho certeza de mais nada. – encarou um ponto fixo à sua frente e suspirou pesadamente – Perdi a confiança no meu potencial.
Dessa vez não consegui segurar a risada. É impressionante como meu irmão nunca entrou no guiness book como a pessoa mais dramática do mundo!
– Que exagero, hyung!
– Eu não sou capaz de arranjar um emprego, como qualquer outro ser humano normal. – me encarou, como se tentasse provar que não estava realmente exagerando – Não consigo nem sequer entrar pra faculdade!
– Será que você não está apenas focando no objetivo errado?
– Do que você está falando?
– Simples! Se você não tem nenhum interesse em engenharia civil e nunca foi bom nas matérias exigidas para seguir esse ramo… Então, esse não é o seu ramo.
– Taehyungi~ Não aja como se vivêssemos num conto de fadas. Não existe essa história de “o meu ramo”, e sim “meu pai determinou que eu seguisse essa profissão, e é isso o que eu tenho que fazer”!
– Você realmente pensa desse jeito? – não fiz questão alguma de disfarçar a minha decepção.
No fundo eu sei que ele até se sente um pouco envergonhado por agir dessa forma, mas meu irmão sempre foi muito apegado às tradições do nosso país, e enxerga nosso pai como se fosse.. Sei lá, o presidente! O que quer que o velho diga, ele segue como lei.
Antes que pudéssemos dar continuidade à nossa conversa, o tablet dele, que estava sobre a minha escrivaninha, notificou um e-mail. Ele correu animado, provavelmente já sabendo do que se tratava.
– É da universidade! – exclamou, empolgado, mexendo no objeto.
– E aí? – me empolguei em reflexo – O que diz?
De repente, toda a alegria foi embora de seu rosto. O brilho em seus olhos desaparecia enquanto lia a mensagem, imediatamente dando lugar a uma expressão de desesperança. Não demorei a entender que se tratava de uma resposta negativa, por isso não perguntei mais nada.