41- Trauma

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V POV:

Uma claridade excessiva me incomodou, me despertando do sono pesado e logo senti uma onda na cama, como um peso no colchão perto dos meus pés. Antes que conseguisse, de fato, abrir os olhos, os cerrei devido a dor na minha cabeça. Resmunguei com a voz mais rouca do que o normal, e ao me mover de leve, bati o pé em algo que parecia ser outro pé, e não era o meu.

Com o cenho franzido, abri um olho enquanto coçava o outro, e logo cerrei os dois novamente em um bocejo dolorido.

– Aish. – suspirei, segurando a cabeça antes de finalmente abrir os olhos de vez.

Conforme a minha visão foi se focando, me preocupei ao ver Hoseok sentado com as pernas cruzadas na beirada da minha cama, segurando uma caneca da qual saía fumaça. Ele estava claramente angustiado, e assim que me viu acordado, corou como um tomate.

– Hobi? – murmurei ainda rouco, franzindo o cenho outra vez.

– Me perdoa? – pediu num sussurro, abaixando a cabeça, envergonhado.

– Pelo quê? – me levantei devagar, tentando não me desesperar.

– Era seu aniversário. – choramingou – O primeiro que a gente passou juntos como um casal. Era pra ser inesquecível, não traumático.

Suspirei aliviado, pois não era algo grave como eu havia pensado, e revirei os olhos logo em seguida ao perceber que ainda estava com a mesma roupa que fui no show. De repente, todas as imagens da noite anterior me atingiram como um raio, a confusão, os gritos as brigas, e bufei me lembrando do motivo da dor no meu peito.

“Aquele segurança desgraçado” – pensei, acariciando o local atingido.

– Desculpa, vai? – concluiu sussurrando outra vez.

Soltei uma risada, achando seu jeitinho adorável demais para que eu pudesse ficar com raiva.

– Está brincando? – exclamei, sorrindo com a intenção de fazê-lo se sentir melhor – Já parou pra pensar que nós vamos ter uma ótima história pra contar pelos próximos anos? Nós fomos expulsos do show do Big Bang!

Ele pareceu ficar mais tranquilo com a minha gargalhada, e acabou caindo na risada junto comigo. Mas a alegria não durou muito, o pouco barulho que fizemos já me incomodou, me fazendo fechar os olhos e reclamar, coçando a cabeça que latejava.

– Ah, toma esse café que eu fiz. – Hoseok me entregou a caneca que esteve até agora em suas mãos – Deve ajudar com a dor de cabeça.

Fiz uma caretinha, levemente arrependido.

– Eu bebi muito, né? – mordi o lábio inferior.

Ele assentiu, sorrindo como uma criança sapeca ao tentar segurar o riso, e logo começamos a rir outra vez como dois bobos.

– E você não se aproveitou da minha inocência não, né? – brinquei, empurrando seu ombro de leve.

– Eu fui um bom menino, juro. – levantou a mão, fazendo uma carinha adorável.

“Como você consegue ser tão lindo?” – meu eu interior se perguntava repetidas vezes, e quando me dei conta, ele me encarava com curiosidade ao que eu o encarava, provavelmente parecendo um retardado.

Ao sair do transe, disfarcei com um pigarro, e me afoguei no café logo em seguida. Me senti mal ao perceber que seu rosto voltara a ficar vermelho e sua expressão preocupada.

– Eu fiz tudo errado, né? – passou a fitar as próprias mãos como se fossem a coisa mais interessante do mundo.

Suspirei, largando a caneca no criado mudo, e me aproximei dele, segurando suas mãos para que ele me olhasse.

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