♠ Capítulo 30: Depois...♠

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~ Malu ON~

~para os curiosos que estavam:''o que aconteceu com Malu scrr'' Obrigada a todos que chegaram até aqui e que estão acompanhando essa história~

Silêncio, apenas minha respiração e um quarto escuro. Não queria ser vista por ninguém mas mesmo assim minha família fez questão de trazer um pastor para minha casa e mesmo com os gritos, as batidas incessantes na porta, eu não abri. Não se tratava de demônios que haviam se apossado do meu corpo e sim da minha vida em ruínas. Não restara nada e eu não sei se posso e nem quero reconstruir.

Ficar sozinha por dias, sem nem conseguir dormir ou ler ou fazer qualquer coisa me fez pensar muito, é só isso que consigo fazer, afinal não depende de minha vontade, as lembranças, os pensamentos apenas vem sem pedir licença. Decidi que talvez não tenha mesmo nascido para ser feliz. Sim, posso ser ingrata pensando nisso, até porque nasci em uma família de classe média, tenho uma casa, uma família, comida e nunca passei necessidades. O problema é que por que logo eu sou a ovelha negra da família? Minha irmã, por exemplo, é a imagem de filha perfeita para meus pais e é até estranho como ela sempre faz tudo certo, tudo para agradá-los. Enquanto eu... ligo de madrugada acordando-os e depois chego em casa destruída.

Esse era o antes...

Só para constar, meus cabelos longos, castanhos e saudáveis não existem mais. Não sabia que tinha despertado tanto ódio em Drew mas ele me transformou em um monstro e parte física não é o que me machuca mais, por incrível que pareça. Foi tudo, a violência, o jeito com que fui tratada. Nunca pensei que defender um amigo acabaria dessa forma. O que carimba minha ficha como louca em potencial é que faria tudo de novo, por Luke e Sebastian, passaria por tudo outra vez para defendé-los. E agora Chadwick e seu grupinho conseguiram fazer o que mais me machuca no mundo. Me bater? Me xingar? Cortar meus cabelos? Não, isso não é nada comparado a perder meus dois amigos, não vê-los mais todos os dias, não comer todas as refeições ao lado deles. Sim, estou acabada, definitivamente.

Meus pais não me querem em casa, quer dizer, meu pai disse que o melhor para mim é ficar aqui e estudar em uma escola perto. Mas minha mãe diz que não sou a mesma, que ficar aqui só pioraria tudo. Ela não se importa que eu fique vinte e quatro horas dentro de um quarto, para ela é até melhor que nenhuma das suas amigas beatas não me veja assim. Com certeza achariam que eu sou uma usuária de drogas, depravada e perdida. Para minha querida mãe, a imagem conta muito e digamos que não estou nem um pouco apresentável.

Beatrice veio me chamar para almoçar mais uma vez. Já disse que não vou. O ruim é que meus pais tem essa regra de todos se sentarem à mesa, orarem e comerem. Gostava disso quando era mais nova, porque apesar de não conversamos na mesa, me sentia próxima a eles. O que não sabia é que conforme ia crescendo mais e mais distante eu ficava de meus pais.

Embaixo da minha cama tem metade de um doritos e uma garrafa de suco de amora que peguei da geladeira ontem. Estou com fome mas não sinto tanta vontade de comer. Olho para a mochila improvisada que a moça da cantina fez para mim antes de vir para casa, tem somente algumas peças de roupa, alguns livros, todo o resto ficara lá no internato me esperando. Como se eu fosse realmente voltar para aquele inferno um dia. Minha mãe pode me internar em um outro hospício porque para aquele eu não volto nunca mais.

Não sei para onde vou ou o que vai ser da minha vida. A verdade é que não me conheço o bastante para dizer a mim mesma: '' Malu você vai ficar bem, sei que está difícil mesmo tudo o que está passando mas vai superar. Vai voltar a estudar, ser uma médica ou uma advogada ou uma professora'' Não posso dizer isso a mim mesma porque não sei quem sou ou o que quero ser. Sou somente um poço de dúvidas infinito. Sem final com três pontos de interrogação em cada frase.

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