♠ Capítulo 33: Fraqueza ♠

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~ Angel ON~

Eu estava esquisita por dentro. Um desejo incessante que nunca pensei que teria, coisas melosas passaram pela minha cabeça, passeios no parque de mãos dadas, ver o pôr do sol ou quem sabe olhar as estrelas. Tive nojo de mim mesma porque isso, esses pensamentos não são e não podem ser meus, não tem nada a ver comigo. Mas sim eu os tive. E só conseguia enxergar uma pessoa ao meu lado. Justo uma pessoa que provavelmente e com todos os motivos me odiava. Não tinha volta. Theo nunca iria gostar de mim como eu... Sinto que gosto dele.

Não consegui aceitar que é real, que o que eu sinto é amor ou paixão ou sei lá o que. Só acordo todos os dias esperançosa de levantar, ir tomar café da manhã, cruzar com aquele otário e não sentir absolutamente nada. Isso nunca aconteceu e parece que está longe de ocorrer. Para minha desgraça.

Ninguém pode sonhar que isso existe, apesar de eu ter vacilado e dado provas de que tinha algo rolando. Afinal eu o beijei. E outro beijo aconteceu porém sem dúvidas foi apagado junto com a cura da ressaca.

Comi os biscoitos que Evans me deu. E ele não apareceu para eu dar minha recompensa. Óbvio, está mais do que na cara de que ele é certinho, e usar drogas ou beber não é sua praia.

É a minha. Foi um jeito que encontrei de sair desse inferno de lugar mesmo sem mover nem alguns centímetros para longe. Eu vou para a Lua e volto sem ter que cruzar os portões.

As férias estavam apenas começando e eu já sentia todo o vazio. Um vazio que era agradável e ao mesmo tempo perturbador. Pensamentos negativos visitavam minha mente e como sempre minhas noites eram cansativas e dolorosas.

Certo dia estava na minha janela olhando para a lua cheia que preenchia o céu, não era um hábito meu fazer isso, mas como não conseguia dormir, decidi fazer isso dessa vez, já que visivelmente não apareceria nenhum inspetor para gritar e perguntar o que eu estava fazendo acordada às três da manhã.

Então o vi. Ele estava com seus cabelos úmidos, deduzi que voltava da piscina. Naquela hora. Naquele sereno. Se ele pegasse um resfriado? Me soquei internamente por me preocupar com alguém que eu lutava a cada minuto para esquecer. Eu era um fracasso. Percebi isso quando impulsivamente assobiei, ganhando sua atenção com aquele par de olhos castanhos olhando para mim.

Theo cerrou os olhos e acho que deve ter parado por uns trinta segundos antes de caminhar para mais perto da minha janela.

- Por que não está dormindo? Por acaso está me vigiando? - o jeito que ele falou, era tão rude. Queria socar a cara dele.

- Você está louco seu estúpido? Por que eu faria isso? - eu respondi mais grosseira que ele.

- Não sei, talvez porque você seja uma louca, uma assas...- meus olhos se arregalaram. Minha circulação deve ter parado. Me senti fraca. Senti meu estômago revirar.

Assassina... Ele ia me chamar de assassina e o jeito que ele falou. Fechei meus olhos e acho que foi o momento que mais tive que ser forte de verdade em muito tempo. Fechei minhas mãos em punho.

- Vai fazer o que? Me matar? - Disse debochado. Foi o bastante.

Pulei minha janela com rapidez. Perdi os sentidos, como nos inúmeros acessos de raiva que tive na minha vida. Quando dei por mim já estava com minhas mãos agarradas naqueles cabelos, eu empurrava e jogava a cabeça dele contra o chão. Ele gritava insultos e eu nem me importava em escuta-los. Só queria descarregar toda a dor que ele estava me fazendo sentir.

- Eu sei de tudo. - ele gritava e eu continuava sem controle- Você matou uma pessoa. Sua assassina. - eu comecei a enforca-lo mas ele segurava minhas mãos com força- Por isso que sua família te mandou para cá, quem você matou? Seu irmão, não foi?

Em determinado momento não pude mais. Foi como me jogar em uma vala comum. Quem era aquela garotinha? Com os sentimentos feridos? Quase chorando na frente de alguém? Não podia ser eu. Mas infelizmente era. Joguei meu corpo para o lado caindo sobre o chão frio, senti frio, afinal só estava com um moletom e meu shortinho.

Abracei minhas pernas e então já não sabia o que diabos era aquilo que já tinha invadido todo meu corpo. Era uma dor. Uma dor que incomodava minha garganta e então eu comecei a chorar... Só tive tempo de erguer meu corpo e correr o mais rápido que pude até encontrar um lugar em que somente depositei meu corpo.

Chorei de verdade. Como a tantos e tantos anos não tinha feito. Eu fazia até barulho e não conseguia evitar, foi como uma avalanche de acontecimentos vindo a tona, tudo o que eu não chorei em anos vindo e justo na frente do garoto que eu secretamente gostava...

Não podia ser pior. Na verdade, poderia. E ficou, assim que senti suas mãos geladas tocarem meu ombro. Se eu tivesse forças provavelmente acabaria com a sua vida naquele momento. Mas não deu. Somente fiz um gesto que deixava claro que eu o queria longe.

Com a cabeça entre meus joelhos e somente lágrimas desciam. Sentia a presença de Theo ali e isso me destruía. Eu só queria que ele me deixasse em paz, por que ele conseguia me machucar tanto? Por que meus pulmões ardiam desse jeito?

- Sai daqui! Sai agora - falei e me arrependi na hora, minha voz embarcada deixando claro meu momento de fraqueza.

Eu devia ter amassado os miolos dele por falar aquilo para mim, mas instantaneamente reagi com muito mais tristeza do que raiva. De repente, eu nem tinha mais tanta força para machucá-lo assim como ele me machucou. Só queria me livrar desse sentimento. Queria sumir.

Não conseguia olhar diretamente para Theo. Depois de um tempo, levantei e comecei a andar de volta para meu dormitório.

Ele ainda estava ali. Por que? Eu não era uma assassina? Será que não tinha medo de morrer?

- Não se aproxime de mim outra vez. - Disse com a voz grossa. Por mais que isso fosse algo que não queria mesmo dizer, eu disse.

Theo ficou parado no mesmo lugar.

Não consegui pregar os olhos durante a noite. E foi então que decidi. Precisava sair de Wolverhampton. Eu precisava resolver tantas coisas. Precisava ter liberdade. Precisava ficar longe de Theo Evans.

Continua....

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Eu já tinha escrito esse capítulo, mas decidi fazer algumas mudanças pelo bem da história, por isso demorei um pouco mais.

Daqui a pouco sai um Malu On

ALL THE LOVE

Drica

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