Capitulo Três.

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"Estava bem com a minha dor. Eu estava bem com a desesperança."

Sofia Montserrat.

Não existia a noção de quanto tempo estava debruçada em baixo da árvore que brincava quando criança. Contudo, restavam poucas forças para continuar seguindo em frente. Eu estava cansada das humilhações regulares que sofria, estava cansada por ser ingênua, e tola ao ponto de não alimentar nenhum sentimento de ódio dentro de mim. Metade de mim estava cansada por ser eu.

"Como eu gostaria de desaparecer para sempre do orfanato Santa Bárbara."

O vento gelado entorpeceu o meu rosto, indicando que uma tempestade aproximava-se. Permaneci com as pálpebras fechadas e imaginava uma casa confortável e simples, e todas as noites recebendo beijos antes de dormir da mulher que conjuguei ser a minha mãe, ou talvez abraçando o meu pai, um homem robusto e com bigode engraçado. Eu estava perdida em meio a minha imaginação que não havia percebido quando algumas gotas de chuva caíram sobre o meu rosto.

Quando tive forças o suficiente para abrir meus olhos, observei a tempestade desabando do céu. Levantei-me com dificuldades devido às dores que sentia pelo corpo, e corri desesperada até a porta dos fundos da cozinha. Batia na porta com intensidade e gritava o nome da Felipa, contudo, quem abriu a porta foi à gestora Aguilar. Considerando o susto que levei, tropecei em uma poça d água, e cair de joelhos sobre o cimento molhado.

—Sofia, o que significa toda essa barulheira? —Perguntou irritada.

Quando inclinei meu rosto, observei a expressão fria da gestora Aguilar. Reparei que ela segurava uma lanterna prateada em uma das mãos.

—Está chovendo forte gestora Aguilar. Por favor, deixe-me entrar. —Supliquei de joelhos aos seus pés.

—Terminou de arrumar o jardim? —Perguntou friamente, colocando a luz da lanterna sobre o meu rosto.

—Não, senhora. — Sussurrei desconfortável pela luz forte da lanterna que incomodava os meus olhos. —Está chovendo forte e muito escuro também, não conseguirei terminar. — Expliquei a ela.

—Não me interessa se está escuro e chovendo! Eu dei uma ordem e quero que termine o jardim. —Falou zangada. —Não quero ver nenhuma folha sobre a terra. Quero tudo impecável!.

—Não conseguirei arrumar o jardim por causa da tempestade. —Insistir trêmula. — Me deixe entrar, estou cansada e com fome, o meu corpo não vai aguentar por mais tempo.

—Não quero ouvir mais nenhuma reclamação! Termine de arrumar o jardim, e quando estiver terminado me avise. — Sorria olhando para o meu rosto em lágrimas. — Você é muito ingrata Gata Borralheira, se não fosse por mim estaria dormindo em qualquer lugar na rua cercado por ratos gigantes e baratas horrendas, e quem sabe não estaria se prostituindo em troca de um prato de comida.

—Eu não sou ingrata, a única diferença daqui é que não preciso me deitar com homem nenhum, mas pensando bem até que a senhora seria capaz de me fazer deitar com qualquer homem para ter uma vantagem para si própria. —Respondi cheia de coragem.

—Sua ingrata não deveria responder para mim! Sua moleza vai acabar, pois daqui em diante você irá dormir no chão da cozinha com as baratas, e vai comer somente um pedaço de pão por dia. —Declarou com ódio. —Isso será um castigo para você aprender a não responder e ficar quieta.

—Eu... Não pretendia desrespeita-la gestora Aguilar. —Balbuciei trêmula. — Não me puna dessa forma tão cruel, eu não fiz nada de mal a não ser me defender.

—Essa conversa termina aqui!. Faça suas tarefas, e somente saia daqui quando tudo estiver pronto. —Ordenou friamente.

Sem alternativa concordei com a cabeça, e levantei do cimento molhado, sentindo meus olhos transbordarem em lágrimas. A gestora Aguilar, havia me dado às costas e fechou a porta da cozinha quase de imediato passando a chave em seguida.

(Proibida Pra Mim)Onde histórias criam vida. Descubra agora