Capítulo 27

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POV Isabela
Chego em casa e Claudia vem logo preocupada em minha direção devido ao meu estado, a dispenso e subo diretamente pro meu quarto, onde posso chorar em paz. Como ele foi capaz de fazer isso, comigo?
Acho que dormi cerca de três horas, pois quando acordei e desci até a cozinha, ele estava lá, sentado na sala. Da mesma forma que sempre fica quando está nervoso. Com as mãos na cabeça e as pernas balançando. Quando ele me vê, vem rapidamente em minha direção.

- Meu amor, você tá bem? Será que a gente pode conversar?
- Eu vou voltar para o quarto - fui passar por ele, mas me impediu - Por favor, me solta!
- Só quero falar com você! Por favor, me escuta!
- Não quero escutar nada de você.
-Você nem sabe o que eu vou falar.
- Claro que eu sei... É sobre aquela cena maravilhosa que eu vi em seu escritório mais cedo...
- Por que não me deixa explicar?
- EXPLICAR O QUE? Que você estava com muito trabalho e a Leila queria te ajudar a relaxar? Que você sempre me traia com ela pelos cantos, enquanto a idiota aqui ficava esperando você voltar das suas viagens? Que vocês devem rir da minha cara pelas costas? Eu sou muito burra de não perceber que você é um IDIOTA!!! - digo sentindo algumas lágrimas descerem por meu rosto, mas as limpo rapidamente.
- Isso não é verdade!! Eu nunca te trai! Se você me deixasse explicar e confiasse em mim entenderia!
- Acha mesmo que eu vou acreditar na sua mentira depois do que eu vi? Eu não vou ser mais burra na sua mão! NÃO MAIS!
- Se você deixasse seu orgulho de lado, entenderia!
- Orgulho? Me poupe, Lucas! Você me trai, quando eu ia te fazer uma surpresa naquela droga de empresa e eu que sou orgulhosa por não acreditar nas suas mentiras? Me poupe! - bufei - Me diga, por favor! Desde quando? Desde quando você me fazia de idiota?
- Ah você quer saber ? - bufou - Desde sempre ! - arregalei os olhos - Em todos os momentos que você não estava comigo, eu te trai! Com todas as mulheres que passavam por mim, eu te traia...
- SEU IDIOTA - lhe dou um tapa no rosto - EU TE ODEIO! - subi as escadas em direção ao quarto correndo.
- ISABELA! - saiu correndo atrás de mim, quando eu ia fechar a porta do quarto, ele entra- Você não vai fugir de mim!
- Eu não quero que você se aproxime de mim, nunca mais! - eu digo
- Não diz isso, meu amor... - ele sussurra, caindo algumas lágrimas de seus olhos.
- NÃO ME CHAMA DE MEU AMOR! - soluço- EU TE ODEIO! SAI DA MINHA CASA E DA MINHA VIDA, AGORA! - grito apontando para a porta do quarto, ele suspira e sai, de cabeça baixa.

E eu deito, em minha cama, novamente caindo aos prantos.

POV Dudu
Na semana que foi se seguindo ao aniversário do Gabriel, eu fui me aproximando cada vez mais do meu filho. Eu já sentia que ele nutria algo tão especial por mim, como eu tinha por ele. Eu sempre ia vê-lo e saíamos juntos. Ele não falava muito ainda, mas já era o suficiente para me encantar. Isadora nunca ia até a sala quando eu ia visita-lo. Decidi pensar que era tudo consciência pesada.

Hoje, estava na porta da casa dela esperando a empregada abrir a porta, para que eu pudesse levar Gabriel para mais um passeio.

- O que você tá fazendo aqui? - Isadora pergunta ao abrir a porta, me surpreendendo não só pelo fato de não ser a empregada, como pela sua aparência... triste? Cansada?
- Eu vim pegar Gabriel para poder levá-lo ao parque. Já havia combinado com seu marido. - eu disse
- Entra - ela diz  me dando espaço para entrar - José foi viajar ontem cedo, então deve ter esquecido de me avisar. Hoje eu dispensei os empregados, pois queria mais privacidade, então o Gabriel não está pronto...
- Não tem problema. Eu espero. - ela assente e vai em direção às escadas quando se vira.
- Não quer ir comigo? - Franzo a testa - Trocá-lo?
- Pode ser - eu digo e a sigo em direção ao quarto do meu filho - Ele está dormindo - digo
- Ele dormiu tem meia hora, mas vou acorda-lo para poder levá-lo - ela disse indo pegar ele, quando a impeço.
- Não! - seguro sua mão e quando percebo, me afasto - Eu espero ele acordar... É pecado acordar ele de um sono tão bom...
- Tudo bem - abaixa a cabeça - Ele dorme igual a você... Ele é todo igual à você na verdade!
- Na verdade, eu acho que ele tem o formato dos olhos e o jeito muito parecido com você... - ela sorri tímida - Acho que precisamos conversar, não acha?
- Sim. Vamos sair daqui - ela me chama e entro num quarto que provavelmente era o do casal - Por onde começamos?
- Acho que pedindo desculpas - Eu abaixo a cabeça - Sei que agi errado em relação a você, não devia ter te falado todas aquelas coisas... eu não vou tirar ele de você! Você tem todo o direito como eu.
- Muito obrigada! - ela diz - Não sabe o quanto fico feliz de ouvir essas palavras de você! E você também, me perdoe por ter te escondido tudo isso por tanto tempo.
- Agora já foi. Está tudo bem - ela suspira - Um abraço? - pergunto
- Claro - ela me abraça fortemente e quando vamos nos separar nossos olhares se cruzam e eu não resisto ao sentimento que ainda se faz presente em mim e a beijo.

O beijo que era de saudade, vai ficando afoito e cheio de paixão e desejo. Nós caímos na cama, comigo por cima e a beijo por todos os cantos. Quando eu vou tirar sua blusinha, a babá eletrônica toca, anunciando um chorinho fino com um "mamãe" quase inaudível.

- Droga - sussurro frustrado, me separando dela.
- Vou lá pega-lo enquanto você se acalma - diz apontando constrangida para meu amiguinho e saindo em seguida.

POV Miguel
Eu havia acabado de realizar um dos meus sonhos: comprar uma moto! Isso representava um pouco da liberdade que eu ainda tinha, com toda a carreira de jogador de futebol. Cheguei empolgado em casa, louco para mostrar para Carol o que eu tinha adquirido.

- Amor, cheguei! - gritei entrando em casa e acelerei a moto.
- Que barulho é esse, Miguel? - ela diz vindo de dentro da casa - De quem é essa moto?
- Minha, amor. Gostou? - eu disse feliz, acelerando.
- Por que você comprou?  Eu não acho uma boa ideia você andar de moto por aí...
- Eu sempre quis ter uma, não tem nada demais...
- Não sei não, Miguel! Não to achando uma boa ideia.
- Que isso, amor? Você sempre gostou de moto, por que isso, agora?
- Não sei, mas eu to com um pressentimento ruim, não sei ... - diz pondo a mão no peito, angustiada.
- Calma, amor ! Não deve ser nada! Logo passa! - a abracei - Agora vem! Eu quero te mostrar cada detalhe dela! - a puxei e fui mostrando o meu novo orgulho para ela. Tentando, aos poucos, acalma-lá.

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