h e r o í n a

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4 dias depois...

_Como funciona essa coisa? - indaguei.

_Primeiro você usa a água como solvente para a heroína, então você mistura e aplica na veia. - Yago respondeu como se aquela fosse a coisa mais natural do mundo enquanto demonstrava na prática todo o processo.

Ele me encarou e sorriu.

Apesar da escuridão eu conseguia ver os seus olhos azuis bilhar em maldade.

_Quer experimentar?

Seu sorriso estava ainda mais malicioso.

Eu permaneci inexpressiva olhando para a seringa em sua mão.

Naquele momento eu não pensava em nada, apenas que talvez pudesse ser divertido já que estávamos em uma festa rave e pessoas loucas quando estão em lugares assim geralmente buscam ir ao seu extremo.

Eu mordi o lábio com a resposta na ponta da língua.

_Não! - a voz grave bem atrás de mim me arrepiou completamente. - Yago, não ofereça essas porcarias para a Hazel e você não aceite caso alguém mais te ofereça, ok?

Yago levantou as mãos em rendição

Me virei de lado para olhar para Pierre intrigada.

_Qual o seu problema? - perguntei baixo olhando através dos cílios postiços que pesavam em meus olhos.

_Nenhum. Apenas não quero ver você se matando assim. - respondeu como se fosse óbvio.

_Você já usou heroína? - minha voz estava ainda mais baixa.

_Sim.

_Então quem você pensa que é para me impedir? - cruzei o braços e travei o maxilar.

Pierre se perdeu no meu olhar por um instante, mas se recuperou em seguida.

_Um cara que não quer ver uma garota como você se destruindo desta maneira.

_Ótimo, então diga isso por você! - eu passei por Pierre irritada indo em direção a Yago que tinha um sorrisinho sádico nos lábios.

_Nem pense nisso. - Pierre advertiu pausadamente logo atrás de mim sem necessariamente ter que me tocar para me prender no lugar.

Eu sentia a vibração das ondas sonoras contra a parede. A música estava tão alta e o mundo girando tão devagar.

Olhei por cima dos ombros controlando a respiração.

_Senão o quê? - minha voz também soou sombria, mas me senti uma criança indefesa perto dele.

_Senão eu juro que soco a cara desse filho da puta até você ficar consciente. E acredite, Hazel, eu nunca falei tão sério em toda a minha vida. Não-faça-isso. - proferiu a última parte pausadamente para que eu entendesse bem.

Um arrepio me cortou a espinha.

Encarei os olhos de Yago.

_Sim, ele está falando sério. - deu os ombros como se não se importasse. - E nem fodendo eu iria dar isso para você sem receber algo em troca. - me olhou de cima a baixo com um sorriso patético no rosto. Não estava me seduzindo, estava me provocando divertidamente. Mas eu não achava graça nenhuma e Pierre menos ainda.

_Se ponha no seu lugar, Yago. Francamente - Pierre passou a mão pelo cabelo e sorriu -, tem garotas melhores na festa. Vai atrás de uma para você.

_Cara, por favor... - Yago balançou a cabeça negativamente, não gostando do comentário do amigo.

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