t r a n s f o r m a ç ã o

1.3K 196 61
                                    



Eu não me sentia destruída. Pelo contrário, eu me sentia mais forte do que nunca.

Não era como se eu tivesse merecido aquilo por que passei, mas eu sentia que aquilo era necessário, que aquilo explicaria o que vinha a seguir, que aquilo me transformaria.

Eu já conseguia sentir os efeitos daquela mudança. Era exatamente como imaginei.

A bondade estava morrendo enquanto a maldade que brotava lá do fundo da minha alma crescia livre e selvagem coberta por um manto sagrado de ódio.

Eu não estava presa em uma caixinha de sapatos. Eu estava livre.

O sangue que escorria era o que havia de ser jogado fora e a dor que estava remoendo minha carne na verdade era minhas sombras dançando.

Eu tinha um olhar sombrio de quem sabe exatamente o que está fazendo. Eu tinha um espírito selvagem. Eu não queria agradar. Eu não queria esperar. Eu queria apenas sentir aquilo como se para sobreviver aos meus piores dias aquela sensação fosse necessária.

Eu odiava Sabine com todas as minhas forças. Mas não era isso que me mantinha, era justamente o fato de que eu me recuperaria e a faria sentir aquilo dez vezes mais.

Eu me vingaria.

E eu a destruiria sem piedade.

Eu passaria por cima dela com meus saltos agulha e explodiria seu cérebro.

Eu deixaria seu sangue escorrer por entre meus dedos e só então olharia bem no fundo dos seus olhos e diria calmamente com um pequeno sorriso nos lábios:

"Prepare um refresco para mim no inferno, querida. É para lá onde você vai."

Porque não era mais Hazel Jenner que falava. Era A Hazel Jenner que falava.

E essa mulher não seria mais açoitada. Pelo contrário, ela quem mostraria as melhores práticas de tortura.

Lentamente, onda após onda, onde quer que Sabine estivesse, eu a perseguiria e eu a mataria quantas vezes fossem necessárias.

Porque se havia um significado especial de vingança, este era o meu nome.

Hazel.

E tudo o que eu queria era ser livre como naquele segundo de loucura e insanidade. Tudo o que eu queria era mostrar ao mundo para que nasci.

Cada célula do meu corpo incendiava. Cada átomo que compunha meu ser brilhava. Cada pedaço de mim nascia novamente.

Parei a três metros dele e estreitei os olhos.

Sua costa larga naquele terno azul marinho estava virada para mim de forma com que eu não pudesse ver seu rosto. Mas aquilo bastava. A sensação de estar dividindo o mesmo ar que ele era o suficiente para me regenerar.

Eu via seu corpo e me via do lado de fora. Não éramos humanos, éramos sombras em contraste com a luz. E nós brilhavamos na escuridão porque éramos a razão da sua existência.

_Eu te esperei todos esses dias. - a sua voz grave e rouca explodiu o silêncio que nos envolvia.

Eu não disse nada. Apenas mantive a frieza familiar da minha personalidade.

Não era como se eu não tivesse o que dizer. Havia muitas coisas que eu queria falar e jogar para fora de mim, mas eu simplesmente não conseguia pronunciar sequer uma palavra porque aquelas palavras eram barulhentas demais para serem ditas assim tão de repente.

_Eu sabia que você voltaria, baby. - e se virou para mim revelando o seu olhar indiferente.

Eu olhei bem no fundo dos olhos de Damon e ele bem no fundo da minha alma condenada.

FLY Onde histórias criam vida. Descubra agora