e s c o n d e r i j o

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Após se encontrar com Pierre...

Damon abriu um sorriso sacana ao me ver, desgrudou do balcão e com seu copo de uísque em mãos caminhou majestosamente em minha direção. Ele estava deslumbrante com o terno chique preto e os olhos brilhantes repleto de maldade. Cabelo negro penteado para trás, cavanhaque feito e coração de gelo. Ele estava blindado contra a chuva de balas que caiam sobre nós, porque para onde ele olhasse haviam mulheres sensuais nos fuzilando lentamente a medida em que ele se aproximava.

_Minha querida Hazel Jenner, é sempre um prazer imenso receber você. - ele comunicou em alto e bom tom.

Meu olhar recaiu sobre a sua bebida e notando isso Damon me ofereceu um drink porque ele era o único dos meus amigos que não se importava se eu bebia ou não.

_Me acompanhe. - ele sussurrou em meu ouvido, segurou em minha cintura, deixou seu copo no balcão e me conduziu ao elevador.

Dentro do elevador eu conseguia ouvir as batidas abafadas da música. E no silêncio entrecortado por nossas respirações, finalmente pude perceber que não havia dito sequer uma palavra desde que havia chegado ali.

Olhava para frente esperando as barras de aço se descolar, mas isso nunca acontecia. Os segundos demoravam uma eternidade para passar e enquanto isso acontecia eu me afogava lentamente sem ter que engolir ou respirar sequer uma gota d'água.

Mas foi naquele momento, no exato momento, em que as barras de aço foram abertas que eu me desmoronei.

Minhas pernas perderam a força, eu parei de respirar, perdi o chão. Pedi por socorro silenciosamente, ninguém me ouviu. Queimei, ninguém apagou. Naquele momento senti o calor do amor incendiar minha alma e embora fosse cedo ou tarde demais para nomear tal sentimento, eu já não tinha mais forças vitais.

Amar sempre foi arriscado. Mas quando se trata de sentimentos, não há outro destino se não a morte.

Eu morri por dentro e ninguém jamais soube disso porque guardei tudo para mim como de costume. Mas porra, daquela vez nem eu mesmo aguentei o peso da culpa em meus braços.

Arrependimento era o que me movia porque apesar de no momento eu ter sentido que o certo era me afastar, longe eu finalmente percebi que não tinha para onde fugir porque os corações de duas pessoas apaixonadas nunca se separam.

_Damon... - eu sussurrei no chão abraçando meus joelhos. Calmamente ele se abaixou e me encarou prestativo. - Eu estou apaixonada e não sei o que fazer. - sussurrei encarando o nada.

_Eu te entendo. - Damon pôs minha franja vermelha que caía encima dos olhos atrás da orelha e sorriu entristecido quando olhei em seu rosto. - Eu também estou.

O elevador aberto dava para o segundo andar e aquela luz azulada que vinha lá de fora refletia em nossos rostos. Naquele momento a música era outra totalmente diferente da que tocava lá embaixo. Era uma melodia lenta e de batidas fortes que tocavam no fundo do coração e que definiam exatamente aquela sensação que nós estávamos sentindo no momento. O último andar da boate River era o cantinho secreto de Damon, ele certamente levava as suas acompanhantes para lá todas as vezes que desejava fode-las.

Mas eu não me importava com o ambiente em que estávamos desde que ele continuasse a me encarar daquela maneira silenciosa e traiçoeira, porque no fundo eu sabia que ele também desejava algo de mim.

_Você já percebeu?

_O quê? - indaguei baixinho.

_Que todas as vezes que algo de ruim te acontece você corre de volta para mim? - franziu as sobrancelhas.

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