O diagnóstico foi curto e grosso: hepatite alcoólica. Uma inflamação no fígado por conta do consumo intenso de substâncias alcoólicas.Era óbvio que eu não poderia esperar por menos e se eu não estivesse grávida eu não daria a mínima para isso. Mas acontece que minha saúde era importante ou ao menos deveria ser já que de uma vez por todas eu não estava mais sozinha.
Pierre perguntou ao médico qual seria o tratamento ideal para a minha doença. Ele parecia entender muito sobre medicina e eu não imaginava que ele tinha tanto conhecimento da área assim. Não era segredo o fato dele nunca ter se importado com a faculdade; que apenas escolheu um dos cursos mais caros para que seus pais pagassem independente de ter condições ou não.
O médico prescreveu algumas medicações fortes e garantiu que elas não fariam mal ao bebê, disse entretanto, que a gravidez seria de risco, pois eu estava doente e aquilo de forma alguma era saudável para nós. Suspendeu o consumo de drogas até segunda ordem tanto para Pierre quanto para mim. Recomendou até que Yago não fumasse na minha frente, pois isso faria mal ao meu filho e principalmente a mim, uma dependente fodida em abstinência.
Logo que entrei naquele hospital eu soube que não seria fácil sair dali. E eu teria de fato ficar mais alguns dias até que minhas condições fossem estáveis para que eu pudesse voltar para casa.
Eu não poderia sequer reclamar, pois me sentia muito mais segura no hospital do que em qualquer outro lugar. Ali pelo menos eu poderia ficar longe das drogas e dos meus vícios, enquanto Yago ia adaptando o apartamento para mim quando eu tivesse alta.
Eu estava preocupada com a criança e como ela se desenvolveria dentro de mim. Eu acreditava não ser digna dela, mas Pierre e Yago insistiam em dizer que eu era ideal. Eu já estava causando mal antes mesmo do bebê nascer. Eu estava podre por dentro. Eu sentia tristeza por ele, porque no fundo eu sabia que ele merecia alguém melhor.
Já deveria passar das sete horas da noite quando Yago entrou pela porta do quarto onde eu estava hospedada todo sorridente. Ele tinha um brilho nos olhos tão intenso que chegava a ser doloroso para uma aura tão escura quanto a minha.
_E aí, madame. Como você está se sentindo agora? - ele chegou caminhando plenamente.
_Melhor, pois as dores passaram. - forcei um sorriso ao vê-lo se sentando na beirada da maca. Yago esticou o tronco em minha direção e depositou um beijo doce na minha testa, em seguida colocou o meu cabelo atrás da orelha e sorriu. - Pierre foi em casa buscar algumas coisas para você.
_O quê? - perguntei forçando uma curiosidade que sequer existia.
Yago fez careta.
_Sabonetes, roupas íntimas e shampoo para esse seu cabelo. Ele está horrível! - Yago praticamente gritou a última parte e bagunçou minhas madeixas sem piedade, o que me fez rir fraco.
_Muito obrigada pela ajuda, amigo. Minha autoestima está totalmente renovada. - disse com um sorrisinho no rosto enquanto tentava tirar os fios da face.
_Opa, não tem de quê. - piscou para mim e eu rolei os olhos. - Escute, gatinha, esses filhos da puta não me deixaram ficar com vocês dois hoje. Vou ter que ir para casa daqui a pouco assim que o Pierre chegar.
_Está tudo bem, Yago. Não se preocupe! Você precisa mesmo descansar, pois está com uma cara muito abatida. - analisei sua expressão de cansaço. Embaixo de seus olhos haviam olheiras profundamente escuras.
_Obrigada pelo tapa na alto estima, sua palhaça! - Yago apertou meu nariz e eu ri.
_Não tem de que, Bozo. - respondi sorrindo.
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FLY
RomanceLIVRO COMPLETO NO HINOVEL, DISPONÍVEL PARA ANDROID E IOS. Hazel Jenner assinou a sua própria sentença de morte ao se apaixonar por Pierre. Ele era problemático. Tudo naquele homem brilhava e queimava. Hazel acreditou que poderia salvá-lo, mas cada...