r e v a n c h e

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Assim que passei pela porta, senti uma energia sobrenatural tomar conta de mim e lá estava eu fritando naquela batida eletrônica tão alta que chegava a ser perturbadora.

Havia muita gente. O lugar era escuro como o inferno, mas raios de néon fuzilavam a multidão loucamente. Era incrível e assustador.

Dei um gole na bebida sentindo o gosto amargo por toda a superfície da minha língua e logo após queimando a garganta. Ser álcoolotra era uma merda, mas aquilo era tudo o que eu era. Fumei o meu cigarro e me misturei em meio as outras pessoas gritando e dançando loucamente. O DJ encima de uma superfície metálica no segundo andar agitava a festa.

Senti algo tocar minha cintura e me virei na defensiva. Embora estivesse em meio a tanta gente, podia sentir a diferença de esbarrão e um toque proposital.

Meus olhos então cruzaram os de Yago e uma sensação de alívio se espalhou por todo o meu corpo.

Ele estava sem camisa, e suas pupilas estavam dilatadas ao extremo. Embora estivéssemos nadando em um noite sombria, todas as vezes que os raios de néon encontravam seu corpo eu enxergava sua alma.

_ONDE ESTÁ O PIERRE? - Yago gritou no meu ouvido para que eu pudesse ouvir em meio a tanto barulho.

_Eu não sei... - gritei de volta, confusa.

_Preciso encontrar ele agora! - olhou em meus olhos inquieto, quase desesperado.

_Por quê? O que está acontecendo? - eu começava a me preocupar.

_O cara que nos fornece drogas está atrás da gente nesse exato momento. E merda, ele não está sozinho... - olhou em volta, preocupado.

_Mas o que isso tem a ver? Por que ele está atrás de vocês? - minha cabeça dava voltas e aquela música tão alta me enlouquecia.

_Pierre comeu a mulher dele, Hazel. E agora o filho da puta deve tá jogado por aí com outra vadia sem se dar conta da merda que fez. - Yago tinha os músculos tensos e as palavras embaralhadas. Estava falando freneticamente e olhando para os lados a todo instante desconfiado. Não sabia se aquilo era efeito da heroína ou do nervosismo que estava sentido.

Senti a garganta fechar.

Pierre havia se envolvido com a mulher de um traficante logo depois de sair do banheiro. Ele realmente não tinha um pingo de respeito por mim. Engano meu achar que seria diferente comigo.

Meus olhos naquele instante ganharam um brilho amargo.

_Hazel, vá embora daqui, por favor. Não quero te envolver nessa merda - Yago segurou na minha cintura e eu assenti, sem dizer nada. - Cuidado.

Olhou bem no fundo dos meus olhos e eu no fundo dos seus.

_Por favor, não demore para chegar em casa. - eu disse devolvendo o afeto.

_Eu vou ficar bem. Agora só preciso encontrar aquele filho da puta e dar o fora daqui. - ele soava frio e tinha um olhar assustado.

_Se cuida. - me estiquei para dar-lhe um abraço. Eu gostava de Yago. Ele era diferente do que eu imaginava no começo.

_Você também. - sussurrou em meu ouvido e logo em seguida se afastou. Olhou para mim mais uma vez e saiu em meio a multidão, desaparecendo em seguida.

Eu tirei o cabelo dos olhos.

Merda, eu tinha que ir embora. Pierre e Yago certamente se resolveriam com os traficantes.

Sai andando em meio a multidão gritante e quando finalmente cheguei lá fora suspirei aliviada, mas não tanto.

A saída dava para uma rua escura e deserta no subúrbio da cidade. Eu conhecia aquele lugar, já tinha estado ali outras vezes, inclusive na noite em que eu finalmente me dei por conta de que amava Pierre.

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