r e n e g a d o s

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Dias depois...

_Finalmente livre! - exclamei ao me sentar no banco traseiro do carro de Pierre. - Eu já não aguentava mais comer aquela bosta de comida. - e coloquei o cinto de segurança.

_Eu já nem sei o que é dormir em uma cama. Estou todo quebrado. - Pierre fez careta e me olhando de relance pelo retrovisor.

_Você não é o único, cara. - Yago sorriu ao seu lado no banco do passageiro e ligou o rádio em uma estação aleatória. - Oh, porra! Eu amo essa música! - gritou ele, aumentando o volume no mesmo instante em que Pierre pisava no acelerador e avançava em direção às saída do estacionamento do hospital.

_Vai se foder, cara! "Renegades" é a minha música favorita. - Pierre berrou de volta e os dois se entreolharam sorrindo antes de começar cantar em alto e bom som a música.

"Long live the pioneers
Rebels and mutineers
Go forth and have no fear
Come close and lend an ear"

(Vida longa aos pioneiros
Rebeldes e revoltosos
Vá adiante e não tenha medo
Chegue perto e preste atenção)

Eles era tão desafinados que chegava a inflamar os tímpanos, mas era tão engraçado vê-los cantando que foi impossível ficar de boca fechada.

Eu conhecia a letra da música, e particularmente gostava muito dela, então não deu outra: lá íamos nós em alta velocidade pela cidade cantando loucamente como verdadeiros renegados.

"It's our time to make a move
It's our time to make amends
It's our time to break the rules
Let's begin
...
And I say
Hey, hey hey hey
Living like we're renegades
Hey, hey, hey
Hey, hey, hey
Leaving like we're renegades
Renegades
Renegades"

(É a nossa vez de fazer a mudança
É a nossa vez de fazer reparações
É a nossa vez de quebrar as regras
Vamos começar
...
E eu digo,
hey, hey hey hey
Vivendo como se fôssemos renegados
Hey hey hey
hey hey hey
Vivendo como se fôssemos renegados
Renegados
Renegados)

Janelas abertas, cabelos ao vento, ao lado de pessoas que eu tanto amava, eu nunca tinha me sentido tão viva.

E ali, três jovens loucos que tinham todos os motivos para serem frustados - e de fato eram - com o mundo, riam e gritavam a letra de uma música como se não existisse o amanhã. E a felicidade era tão alta quanto o sonho de ser livre, a vontade de voar.

Éramos uma família. Nós quatro: Eu, Pierre, Yago e o bebê.

Ninguém tiraria essa certeza de nós nunca mais. Estávamos unidos para sempre de uma forma molecular.

Almoçamos em um restaurante e depois fomos para casa. Meu quarto estava mais organizado do que eu poderia me lembrar e havia tantos mimos como ursinhos e chocolate que era impossível não sorrir a cada dez ou vinte segundos com aqueles idiotas ao meu lado. A campainha tocou algumas horas depois quando eu e Yago assistíamos a um filme e Pierre fazia algumas anotações sobre anatomia em seu caderno sentado no sofá.

_Deixa que eu abro a porta - Yago murmurou se levantando logo em seguida. - Deve ser a Melinda.

_Eu já assisti esse filme - Pierre comentou casualmente como quem não quer nada sem desviar os olhos do caderno encima do seu colo. Ele estava sentado ao meu lado sem camisa com os pés encima do sofá. - No final eles descobrem que a irmã dela está morta e que tudo não passou de um delírio.

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