— Você sabe que essa é a sua casa, querida. - Carmen disse com um sorriso amigável nos lábios. - Você sempre será bem vinda._Obrigada Carmen. - eu sorri de volta sem tanta animação.
_Agora descanse. Você está mesmo precisando dormir. - ela disse caminhando em direção a saída do quarto de Pierre com aquele roupão vermelho.
_Boa noite. - sussurrei antes dela fechar a porta.
Respirei aliviada e me joguei de costas na cama de molas.
Encarei as fotografias no teto.
_Ela já foi? Merda! Que alívio. - Pierre saiu debaixo da cama e foi em direção a porta por qual sua mãe adotiva tinha acabado de passar. Trancou com a chave e se virou para me encarar, mas eu nem dei atenção.
_Por que você não pode ser a porra de uma pessoa comum e bater na porta para entrar na sua própria casa ao em vez de invadir seu quarto pela janela? Isso não faz o menor sentido, Pierre. Por que não entrou comigo? - questionei baixinho para que seus pais não escutassem.
Estávamos naquela casa pois eu não me sentia preparada para voltar para o apartamento e dar de cara com aquele cenário de guerra. E Pierre queria cuidar de mim, mesmo que fosse quase impossível.
_Eu não quero que eles pensem que eu preciso deles e nem tampouco quero olhar para o Victor agora. - Pierre disse simplesmente, veio até mim, arrancou sua camisa e se deitou ao meu lado. Olhei para ele e franzi as sobrancelhas. Ele tinha o maxilar travado e a expressão pensativa. Estava certamente tão machucado quanto eu, mas diferente dele, eu não iria ostentar minhas cicatrizes. Elas não eram um trunfo ou troféu, eram apenas marcas que eu queria esconder para sempre.
Respirei fundo e voltei a encarar o teto repleto de fotografias nossas. A luz da lua entrava pela janela e se derramava pelo quarto. O abajur estava ligado e algumas lâmpadas pequenas cobriam a cabeceira da cama. Era muito, muito bonito e de alguma forma assustador. Fazia muito tempo que eu não colocava meus pés ali.
Ele respirou fundo.
O silêncio estava nos matando.
E a dor em nossos peitos gritando.
Por que tinha de ser assim? Por que Yago? Porque justamente ele?
Fechei os olhos momentaneamente jurando a mim mesma que seria forte.
_Eu quero que ele sobreviva. - resmunguei sem olhar para Pierre.
_Ele vai sobreviver. - respondeu secamente. Mordi o lábio.
_Eu estou preocupada.
_Eu também. - Pierre se mexeu na cama e se deitou virado para mim. Sentia seus olhos sobre a minha carne e isso fazia minha alma queimar.
_Ele é a melhor pessoa que eu já conheci e eu não consigo me perdoar por ter deixado ele sozinho. Eu deveria estar lá! Talvez nada disso tivesse acontecido. - falei gesticulando muito com as mãos desesperada.
Olhei para Pierre me sentindo ofegante e ele, diante do meu estado, simplesmente sorriu.
Havia alguma coisa em seus olhos, algo brilhante e mortal. Eu não conseguia enxergar nitidamente o quê.
_Hazel, onde você esteve quando Yago precisou? - sua voz gelada deixou minha alma em chamas.
Molhei os lábios perdida dentro dos seus olhos. Eu não queria ficar naquele assunto, não naquele momento, mas eu simplesmente não poderia fugir disso.
_Com o Damon. - respondi quase em um pigarro. Pierre ficou sério e seus olhos castanhos arderam de raiva.
Pierre ficou me encarando silenciosamente, mas seu olhar dizia tudo. Eu sabia que ele estava possesso de raiva, mas o que eu poderia fazer? Eu não queria fugir ou mentir, apenas dizer a verdade já que nada se sustenta encima de uma mentira.
_Por quê? - Pierre indagou amargamente com uma expressão de dor. - Por que ele, Hazel?
Eu fitei bem no fundo dos seus olhos por trás do infinito, por trás do nada, e então respondi simplesmente:
_Porque ele me lembra você.
O que era raiva se transformou em ódio. Pierre levantou bruscamente ficando sentado na cama e me encarou profundamente de volta.
_Olha aqui, garota, não ouse sequer mais uma única vez me comparar com aquele lixo. Ok? - Pierre grunhiu baixo e ameaçador.
Eu me sentei também tornando a ficar ao seu lado. Estávamos frente a frente, próximos o bastante para voltar a vida ou simplesmente nos matar. Nossas emoções quem iriam decidir.
_Ele faria o mesmo no seu lugar, Pierre. - provoquei e antes que percebesse um pequeno sorriso nasceu no canto dos meus lábios. Pierre desviou o olhar dos meus olhos e os levou até a minha boca.
_Não fale mais nenhuma palavra. - ele avisou.
_Por quê?
_Pare de falar.
_Se não o quê?
_Cale essa maldita boca, Hazel! - praticamente gritou avançando em minha direção,me empurrando em seguida e caindo deitado por cima de mim. Olhei para ele com o coração acelerado. Sentia sua pele negra em contato com a minha, seus lábios próximos aos meus e o olhar tão agressivo.
Franzi as sobrancelhas.
Eu estava entorpecida e não fazia ideia do que saía da minha boca.
_Então vem calar. - eu respondi simplesmente.
_Não. - Pierre rebateu e se jogou para o outro lado da cama. Esfregou as mãos no rosto e respirou fundo. - Sinto muito por isso, Hazel. Eu não deveria me intrometer assim na sua vida. Sei que você não deseja ter nada comigo e isso é absolutamente compreensível. Mas não consigo disfarçar minha raiva por aquele filho da puta principalmente ao descobrir que ele tem você.
_Ele não me tem. Eu não sou uma posse. - corrigi me sentindo ofendida.
_Que se foda! Faz o que quiser. - Pierre resmungou se virando para o lado e dando as costas para mim. - Mas a verdade é que você nunca sentirá por ele o mesmo que sente por mim.
E não disse mais nada.
Franzi as sobrancelhas e encarei o teto repleto de fotos nossas de quando éramos jovens e tínhamos o coração decidido.
Sorri tristemente.
Eu sentia falta de quem éramos e do que sonhávamos ser.
E na verdade, Pierre estava certo, eu nunca sentiria por Damon o mesmo porque por mais parecidos que eles fossem, Pierre sempre seria o meu favorito.
Fechei meus olhos e esperei que o sono viesse me buscar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
FLY
RomanceLIVRO COMPLETO NO HINOVEL, DISPONÍVEL PARA ANDROID E IOS. Hazel Jenner assinou a sua própria sentença de morte ao se apaixonar por Pierre. Ele era problemático. Tudo naquele homem brilhava e queimava. Hazel acreditou que poderia salvá-lo, mas cada...