n o m e s

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Hazel

Ser mãe era tão estranho... Ter algo crescendo dentro de você, alterando toda a estrutura do teu corpo, mudando sua rotina e seus hábitos.

Eu já não sentia tanta vontade de fumar, nem de beber, os meus vícios estavam sendo superados. Isso sim que era libertador.

Eu não tinha mais dúvidas, eu queria aquele bebê com tudo de mim e mesmo que custasse tudo de mim eu ainda assim estaria feliz.

_Elizabeth? - comentei dobrando as roupinhas.

Pierre forçou vômito.

_Jesus, não! - exclamou ofendido.

_Por que não? - cruzei os braços me virando para ele.

_Isso é nome de prostituta. - ele respondeu como se fosse óbvio.

_E o que você sugere? Não tenho mais ideia. - me sentei na cama ao lado das roupinhas da nossa filha e encarei desafiadoramente o moreno tatuado jogado na poltrona de amamentação na minha frente.

Ele tinha uma expressão curiosa e pensativa. Os cabelos cacheados estavam tão bagunçados que chegava a ser incrível a forma como ainda assim estavam bonitos. Pierre era incrível, na verdade, de mil maneiras.

Então ele disse por fim:

_Hannah.

Pisquei os olhos seguidamente sentindo aquele doce nome invadir meu pensamento.

Havíamos descobrindo há semanas que seria uma menina, mas ainda não tínhamos decidido o nome. Tínhamos tido tantas ideias malucas, mas Hannah estava perfeito.

Isso me fez sorrir.

_Hannah Jenner. - eu suspirei olhando boba para Pierre.

_Hannah Jenner Montgomery! - enfatizou o próprio sobrenome fazendo-me rir.

_Sim, Montgomery. - eu revirei os olhos.

_E você, quando terá meu sobrenome? - Pierre perguntou sugestivo do sofá branco.

Coloquei a franja escura atrás da orelha e olhei em volta tentando desviar.

Pierre e Yago haviam me convencido de tirar a tinta vermelha do meu cabelo. De começo me pareceu ser uma imagem estúpida, mas no fim acabei por perceber que o meu castanho escuro quase preto fazia mais sentido do que aquele tom de rebeldia, pois esse já não me representava mais. Meu cabelo estava ainda mais curto que normalmente, uma espécie de chanel repicado e volumoso. Eu nunca tinha me sentido tão bonita tanto quanto naqueles últimos dias. E era bom ter minha autoestima recuperada. Me amar era o primeiro passo para a aceitação.

_Acho que ainda está faltando algumas coisas na decoração do quarto... - fiz bico, por um momento fugindo completamente do assunto atual.

_Esqueça o quarto! Quero falar com você. - Pierre se levantou e veio até mim. Se ajoelhou na minha frente e segurou em minhas mãos. Me olhava com aquelas pupilas de cão, uma feição meiga da qual eu jamais me esqueceria. - Você quer casar comigo?

_Casar? - eu indaguei surpresa quase que me engasgando.

_Sim... Bem, eu acho que sim. Não temos uma casa ainda, eu também não me formei em medicina, mas eu posso conseguir tudo com o tempo: o conforto da nossa filha, o nosso conforto. Só me dê a chance de te fazer feliz, Hazel. - Pierre tinha tanta esperança nos olhos, tantos sonhos, tanta vontade de fazer valer a pena que era difícil não se apaixonar.

Ele era tão diferente de tudo. Estava tão diferente de si mesmo ao mesmo tempo que tão parecido...

Ele era o melhor de mim. Seus olhos castanhos eram a poesia mais linda.

_Pare de me olhar como uma boba e diga logo para mim: você quer se casar comigo?

Eu sorri revirando os olhos, antes de segurar em seu rosto e beijar seus lábios.

_Pierre, você é louco. Nós somos tão jovens...

_E daí? O que nossa idade tem a ver com nossa maturidade? Hazel, nós já somos felizes, mas eu quero ter a certeza de que te terei para sempre. Não quero te perder novamente. - respondeu com ar de desespero.

_Você não vai.

_Jura?

_Sim, querido. Agora me ajude a dobrar essas roupas. - dei alguns tapinhas de motivação em sua costa e ele bufou.

_Você não vai fugir por muito tempo. - afirmou Pierre se levantando em seguida.

_Quem garante?

_A Hannah garante.

_Aposto que ela deve estar preocupada com outras coisas mais importantes do que com o casamento dos pais. - falei bem humorada, ignorando a parte do meu coração que dizia que eu seria muito feliz formando uma família com o homem que eu amava.

Eu não estava fugindo. Na verdade, eu só estava adiando. Eu queria aproveitar cada segundo da minha maternidade, queria sentir aquela sensação de liberdade, queria também aproveitar meu namoro. Não tinha pressa, muito pelo contrário. Eu não iria fugir de Pierre novamente, mas sabia que era melhor ir com calma. Estávamos tão atômicos com a gravidez que o que menos precisávamos era uma decisão precipitada.

Tanto eu quanto ele sabíamos que Hannah seria uma nova versão de Hazel Jenner e Pierre Montgomery. E isso era incrível porque de alguma forma queríamos que nossa filha cometesse seus próprios erros e viesse para apagar os nossos. Queríamos que ela fosse livre, mas caso necessário se prendesse em suas próprias gaiolas. A vida era dela, ela teria suas próprias escolhas e nós estaríamos ali para protegê-la dos males com unhas e dentes.

Eu não poderia pular as fases mais importantes da minha vida simplesmente por um capricho. E eu também não poderia fazer o mesmo com ela.

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